Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
DEU NO JORNAL DO BRASIL
Calma, devagar com o andor que a imagem é de louça e pode espatifar-se com o tombo.
Primeiro, aos fatos. Só na excelente coluna de Ricardo Noblat encontrei o registro da primeira pesquisa de opinião pública que incluiu o ilustre nome da ministra Dilma Rousseff entre os candidatos presidenciais na sucessão de Lula, no não tão distante 2010. Antes, as restrições: a pesquisa foi encomendada pelo governador Eduardo Campos e restrita aos eleitores de Pernambuco.
E, como que por força do hábito, começa por acariciar a vaidade presidencial com 82% dos eleitores avaliando como ótimo e bom o seu desempenho.
Logo, o tropicão de arrancar a unha do dedão do pé, nos índices de escolha do futuro presidente. O governador paulista José Serra (PSDB), embalado pela vitória de Gilberto Kassab, reeleito prefeito da capital por mais quatro anos, lidera a preferência dos pernambucanos com 41%, seguido de Ciro Gomes com 18%, Heloisa Helena com 12% e a ministra-candidata Dilma Rousseff com apenas 4%.
Com todos os descontos de uma longa lista, soou o alarme. Não se pode alegar que a ministra não é candidata carimbada pelo PT. Desculpa tão esfarrapada como lençol de pobre. Pois, em mais de um pronunciamento, o presidente avançou o sinal e reafirmou que a ministra Dilma, chefe do gabinete civil do Palácio do Planalto é não apenas a sua candidata, como tem pronto o seu programa, já em execução, obviamente o PAC da aceleração do crescimento.
A candidatura da ministra foi lançada em manobra esperta e de risco de Lula. Ela bloqueia no nascedouro a caudal de pretendentes, não apenas do PT, mas de aliados com cacife para bancar a parada. Entre os mais afoitos aspirantes a carregar o fardo de espuma da candidatura e que assobiam para mudar de assunto podem ser identificadas as verônicas do ministro Nelson Jobim, da Defesa, do senador Aloísio Mercadante (PT/SP), de Marta Suplicy (PT) – murcha com a derrota na eleição para prefeita de São Paulo – além do bloco dos aliados do PSDB, como o vitorioso governador Aécio Neves, de Minas ou, dependendo do peso do PMDB, o seu futuro presidente, deputado Michel Temer, em plena ascensão com os sucessos eleitorais da legenda.
Qualquer mexida no esquema lulista denunciará uma crise, com as suas implicações. Desde a confissão implícita de um erro de planejamento ao de imprevistos embaraços. Pois Lula sorri, com a ligeireza com que diz e desdiz, na moldura que enquadra a crise financeira mundial: em saltos acrobáticos inchou da previsão de que "se chegar aqui, passará quase desapercebida", para a marola que rola na areia úmida sem molhar o calção e se agiganta na onda em mar de tempestade, que explode nas pedras.
É proibido especular nas rodas palacianas com o pior cenário, exigindo cortes na gastança oficial, seja na criação de milhares de empregos públicos para acomodar os que ainda estão ao sol e ao sereno ou no emagrecimento do monstrengo do maior ministério de todos os tempos.
Cortes para valer no Programa de Aceleração do Crescimento serão tão dramáticos quanto as suas conseqüências, ao arrastar a candidatura da sua executora para a abertura das especulações. Com a inevitável rotina da recaída no terceiro mandato.
Nada detém água de morro abaixo nem fogaréu de morro acima. A ministra Dilma Rousseff pode comemorar a sua inscrição automática em todas as listas de presidenciáveis. E que ganharão velocidade no próximo ano para disparar em 2010. Nenhuma lista será levada a sério sem o nome da candidata do presidente Lula, dono do PT, feitor dos aliados e o grande puxador de votos.
Quem viver, verá.
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