quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

As emergências continuam mal

Paulo Pinheiro
Vereador pelo PPS
DEU NO JORNAL DO BRASIL


Nos últimos dois anos, as autoridades do Estado do Rio de Janeiro, através de um maciço ataque de marketing, tentam convencer a opinião pública de que as recém-criadas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) chegaram para resolver os problemas das emergências dos hospitais das nossas cidades.

Com a simpatia de muitos políticos que perderam o comando de vários hospitais, o governo do estado inaugurou – até as vésperas das últimas eleições municipais – diversas UPAs na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo as autoridades, esta estratégia repercutiria imediatamente na melhoria do atendimento dos nossos superlotados hospitais de emergência.

Entretanto, basta uma visita às emergências federais, estaduais e municipais, ou mesmo acompanhar a cobertura feita pela imprensa, para entendermos que a situação continua insuportável. Nem as mudanças nas direções das unidades hospitalares estaduais, quase tão constantes quanto as alterações de técnicos no mundo do futebol, conseguem modificar o quadro geral de péssimo atendimento que continua no setor da saúde.

O que assistimos é a incapacidade do setor público em atacar alguns dos gravíssimos problemas que continuam a imperar em vários municípios fluminenses. A rede básica, por exemplo, é insuficiente e pouco ou nada resolutiva para atender aos usuários que a procuram. Além disso, vigora na área de saúde pública uma política de recursos humanos que não valoriza os próprios técnicos.

Podemos verificar o resultado deste quadro nas emergências dos hospitais: sempre com grandes filas, compostas por pacientes que não tiveram acesso ao Programa de Saúde da Família (PSF) nem ao posto de saúde do seu bairro. Sem este atendimento primário fundamental, tais pacientes são obrigados a procurar os hospitais de emergência, onde – equivocadamente – serão recebidos por despreparados vigilantes que terão a "nobre" missão de fazer a triagem do atendimento.

Os hospitais de emergência enfrentam enorme carência de clínicos, ortopedistas, neurocirurgiões, cirurgiões vasculares, dentre outros. Isso se dá em consequência do abandono dos empregos por parte dos profissionais que já não aceitam mais trabalhar para cooperativas como mão de obra barata.

Mesmo sabendo da crise nas unidades de saúde, da ineficiência do atual PSF e da falta de resolutividade da rede de postos de saúde – herdadas das gestões anteriores – o atual prefeito, durante sua campanha, prometeu inaugurar mais 40 UPAs na cidade. Apelamos para que o bom senso prevaleça na priorização das soluções dos problemas já diagnosticados pelos técnicos da área. Medidas como, por exemplo, a contratação e fixação de médicos em hospitais e postos de saúde, através de concurso público; a implantação de um plano de cargos, carreiras e salários; a efetiva implementação do PSF; a adoção de medidas que incentivem a gestão por metas alcançadas. Estas são algumas propostas já sugeridas por especialistas, que certamente melhorariam as condições de atendimento da população.

O respeito ao controle social, tão alardeado nos períodos eleitorais, tem importância fundamental neste processo. Assim, os secretários de saúde recém-empossados, que são, constitucionalmente, os gestores plenos e presidentes dos Conselhos de Saúde, deveriam ajudar a ampliar o diálogo e trabalhar em consonância com as propostas exaustivamente estudadas pela sociedade.

Espera-se, portanto, menos marketing e uma ação mais conectada com o controle social.

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