Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Os adeptos do modelo hegemônico vigente, caracterizado pelo predomínio da "Pátria Financeira", usavam a seguinte muleta retórica: "É, há uma baita crise, mas convém não esquecer que, nos cinco anos anteriores a ela, o mundo conheceu um ciclo inédito de crescimento".
Inédito não foi, conforme Vinicius Torres Freire já demonstrou nesta mesma Folha. O pior é que crescimento tampouco era, conforme se deduz do seguinte trecho de coluna de Paul Krugman no "New York Times" (a coluna anterior, não a que foi reproduzida ontem pela Folha):
"Na semana passada, o Federal Reserve [o BC norte-americano] publicava os resultados da mais recente pesquisa sobre finanças dos consumidores, informe trienal sobre os ativos e as dívidas das famílias norte-americanas. A conclusão é que, basicamente, não se criou nenhuma riqueza desde o começo do novo milênio: a riqueza líquida da família norte-americana média, descontada a inflação, é agora menor do que em 2001".
Fica, portanto, claríssimo que a farra financeira só criou ilusão. A muleta retórica dos fundamentalistas das finanças tinha (ou tem) um subtexto, mais ou menos assim:
"Não vamos regulamentar demais o jogo financeiro porque seria limitar as possibilidades de crescimento inerentes às inovações". Bom, se é falsa a muleta, o subtexto é igualmente falso. Mas os governos do mundo todo ainda hesitam em apertar devidamente esse cassino, que continua fazendo terrorismo em meio à retração.
Ou alguém acha que há fatos novos que justifiquem o recuo da Bolsa de Nova York ao nível de 12 anos atrás? Ou o recuo em Tóquio a 26 anos atrás? Não, é só reação à ameaça de o governo assumir algum controle (nem o controle total, diga-se) de bancos como o Citi.
Insistem em socializar o risco e privatizar o prejuízo.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Os adeptos do modelo hegemônico vigente, caracterizado pelo predomínio da "Pátria Financeira", usavam a seguinte muleta retórica: "É, há uma baita crise, mas convém não esquecer que, nos cinco anos anteriores a ela, o mundo conheceu um ciclo inédito de crescimento".
Inédito não foi, conforme Vinicius Torres Freire já demonstrou nesta mesma Folha. O pior é que crescimento tampouco era, conforme se deduz do seguinte trecho de coluna de Paul Krugman no "New York Times" (a coluna anterior, não a que foi reproduzida ontem pela Folha):
"Na semana passada, o Federal Reserve [o BC norte-americano] publicava os resultados da mais recente pesquisa sobre finanças dos consumidores, informe trienal sobre os ativos e as dívidas das famílias norte-americanas. A conclusão é que, basicamente, não se criou nenhuma riqueza desde o começo do novo milênio: a riqueza líquida da família norte-americana média, descontada a inflação, é agora menor do que em 2001".
Fica, portanto, claríssimo que a farra financeira só criou ilusão. A muleta retórica dos fundamentalistas das finanças tinha (ou tem) um subtexto, mais ou menos assim:
"Não vamos regulamentar demais o jogo financeiro porque seria limitar as possibilidades de crescimento inerentes às inovações". Bom, se é falsa a muleta, o subtexto é igualmente falso. Mas os governos do mundo todo ainda hesitam em apertar devidamente esse cassino, que continua fazendo terrorismo em meio à retração.
Ou alguém acha que há fatos novos que justifiquem o recuo da Bolsa de Nova York ao nível de 12 anos atrás? Ou o recuo em Tóquio a 26 anos atrás? Não, é só reação à ameaça de o governo assumir algum controle (nem o controle total, diga-se) de bancos como o Citi.
Insistem em socializar o risco e privatizar o prejuízo.
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