terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Fórum: faltou diagnóstico da crise

Cássia Almeida e Camila Nóbrega
DEU EM O GLOBO

Para analistas, isso dificultou proposta de soluções em Davos

Ao fim do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no último domingo, o esperado diagnóstico da crise e as possíveis soluções não apareceram, na opinião de economistas. Para Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), a falta de uma ideia clara da dimensão da crise impediu o que se esperava do Fórum. A unanimidade na adoção de políticas expansionistas pelos governos não foi suficiente para implementar uma ação coordenada pelos Estados, diz Langoni.

- Curiosamente, isso só tem sido feito por alguns países emergentes. Reconheço que ação conjunta em torno do salvamento dos bancos é mais fácil. Porém, Davos mostrou que, num mundo globalizado, uma ação coordenada na área fiscal está longe de acontecer.

Reinaldo Gonçalves, professor da UFRJ, sentiu falta de autocrítica pelos participantes do Fórum, em Davos. Para ele, são cúmplices da crise.

- Limitou-se a um patético choramingo, uma ausência de diagnóstico consistente e de propostas simples.

Gonçalves lembra que o Fórum sempre foi o encontro dos liberais, inclusive do setor financeiro. E os que defendiam mais regulação, como foi defendido nesta última edição, eram minoria e não tinham espaço. O protecionismo, para Gonçalves, vai voltar com força, para blindar as economias domésticas:

- Em tempo de crise, é assim.

Para o sociólogo Cândido Grzybowski, um dos organizadores do Fórum Social Mundial (FSM), a descrença com Davos pode levar a discussões que já fazem parte do FSM, como a da sustentabilidade. Para ele, as bases seguidas por grandes economias caíram por terra:

- Davos já era. A realidade superou líderes que representam um modelo econômico falido e que só se reuniram para celebrar suas mágoas.

Considerado idealizador do FSM, Oded Grajew descreve Davos como "apenas um bom lugar para praticar esqui e comer bem", referindo-se ao vazio das proposições.

- O FSM tem vida própria, mas o contraponto com Davos é importante. Eles defenderam esse modelo que gerou a crise. Nosso objetivo é que o dinheiro gere empregos por meio do desenvolvimento social e não pela salvação de empresas.

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