Nas Entrelinhas: Daniel Pereira
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
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Dilma é como seu filho dileto, o Programa de Aceleração do Crescimento. Por enquanto, ela não passa de um projeto, de uma obra em construção, em termos eleitorais
Um ar de euforia tomou conta do Palácio do Planalto nas duas últimas semanas. E, apesar dos efeitos nefastos da crise econômica, como as demissões em massa, reforçou o tom otimista do discurso governista. O motivo é suposto fortalecimento da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma ganhou musculatura e se consolidou no páreo da sucessão. Depois de subir nos trilhos da disputa, estaria em marcha firme rumo a 2010.
“A oposição acusou o golpe e está patinando”, diz um dos ministros mais influentes do governo, citando os recursos de PSDB e DEM ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos quais acusam Dilma de campanha eleitoral antecipada. “Eles estão dando uma mídia gratuita para a ministra. Temos de erguer as mãos para o céu e agradecer pela oposição que enfrentamos”, reforça o ministro. Para ele, esses erros estratégicos dos adversários, somados à aprovação popular recorde do governo e ao fato de a oposição estar sem discurso, já credenciariam Dilma como favorita na corrida sucessória.
Nem Pangloss, o célebre otimista do clássico Candido, de Voltaire, seria capaz de desenhar um cenário tão róseo. Ou irreal. Enquanto os tucanos têm dois pré-candidatos consolidados, os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais), Dilma é como seu filho dileto, o Programa de Aceleração do Crescimento. Por enquanto, ela não passa de um projeto, de uma obra em construção, em termos eleitorais. E, tal qual o PAC, não renderá dividendos nas urnas se não sair do papel até outubro do próximo ano.
E os russos?
Não será fácil para Dilma se viabilizar como candidata. Os obstáculos à sua frente tornam ridícula a quantidade de entraves que a ministra superou, por exemplo, para realizar as licitações de sete lotes de rodovias federais e das hidrelétricas do Rio Madeira, usadas como prova de sua capacidade gerencial. Uma das barreiras no horizonte é a falta de apoio dos partidos políticos. A “mãe do PAC” continua como a preferida de Lula. Mas só dele e, de uns seis meses para cá, do PT, devidamente enquadrado pelo presidente.
Aliadas de Lula, legendas de esquerda, como PSB, PDT e PCdoB, não estão fechadas com Dilma.
Pior: afastam-se dela, ao menos na retórica, em reação à prioridade dispensada ao PMDB como parceiro eleitoral. PSB e PDT têm, inclusive, pré-candidatos, o deputado Ciro Gomes (CE) e o senador Cristovam Buarque (DF), respectivamente. “Ela precisa estreitar laços com os petistas e os demais partidos. Precisa conversar mais, exercitar a boa política, interagir com os políticos”, diz o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Sem isso, ressalta, será uma candidata sem tropa. Ou sem palanque.
Oposição a Lula até 2006, os deputados peemedebistas agora estão de corpo e alma no governo. Mas mantêm, como os senadores da legenda, um pé na canoa de Dilma e outro na barca de Serra, além de flertarem com Aécio. “Ela almoça e janta todo dia. Podia se liberar de vez em quando da agenda do Planalto e receber líderes partidários. Precisa aprender um linguajar mais ameno, mais agradável. Ela ainda é muito dura”, afirma Alves. “Preparo técnico e consistência ela tem. Falta a forma”, arremata o deputado.
O próprio Lula reconhece outra fragilidade da auxiliar. A “mãe do PAC”, a “gerente da máquina”, a “capitã do time”, a mais respeitada ministra, é uma ilustre desconhecida. Em viagens recentes para inaugurar e anunciar obras do PAC, Dilma foi testemunha in loco disso. Depois de festejada nos palanques pelo presidente, foi chamada de “Nilma”, “Vilma” e assemelhados pela plateia. Além disso, não houve quem ousasse mencionar seu sobrenome. É por isso que o Planalto planeja uma extensa lista de aparições públicas para a ministra em 2009. Aposta na superexposição a fim de lhe garantir pelo menos 20% das intenções de voto na virada do ano. Se isso não ocorrer, há o risco de debandada geral da pré-candidatura.
Segundo pesquisa CNT/Sensus, Dilma tem 13,5%, contra 41% de Serra. Enquanto parte dos governistas quer “esticar” o tempo para ter mais chance de reduzir essa desvantagem, outros se mostram preocupados com a distância das eleições. Receiam que a ministra não consiga resistir a mais de um ano de tiroteio pesado da oposição. “Se já estamos tendo esse tipo de problema agora...”, afirma um ministro, referindo-se aos recursos ao TSE. Em café com jornalistas em dezembro, Lula disse que Dilma não é candidata e sequer teria tratado do assunto com ela. Já a ministra declarou recentemente que “nem amarrada” responderia se sonha ser presidente. A resposta era mesmo desnecessária.
No Planalto, a trilha sonora que embala a agenda nestes dias de carnaval é um consagrado samba da Mocidade Independente de Padre Miguel, segundo o qual “sonhar não custa nada, e o meu sonho é tão real”.
Oposição a Lula até 2006, os deputados peemedebistas agora estão de corpo e alma no governo. Mas mantêm, como os senadores da legenda, um pé na canoa de Dilma e outro na barca de Serra, além de flertarem com Aécio. “Ela almoça e janta todo dia. Podia se liberar de vez em quando da agenda do Planalto e receber líderes partidários. Precisa aprender um linguajar mais ameno, mais agradável. Ela ainda é muito dura”, afirma Alves. “Preparo técnico e consistência ela tem. Falta a forma”, arremata o deputado.
O próprio Lula reconhece outra fragilidade da auxiliar. A “mãe do PAC”, a “gerente da máquina”, a “capitã do time”, a mais respeitada ministra, é uma ilustre desconhecida. Em viagens recentes para inaugurar e anunciar obras do PAC, Dilma foi testemunha in loco disso. Depois de festejada nos palanques pelo presidente, foi chamada de “Nilma”, “Vilma” e assemelhados pela plateia. Além disso, não houve quem ousasse mencionar seu sobrenome. É por isso que o Planalto planeja uma extensa lista de aparições públicas para a ministra em 2009. Aposta na superexposição a fim de lhe garantir pelo menos 20% das intenções de voto na virada do ano. Se isso não ocorrer, há o risco de debandada geral da pré-candidatura.
Segundo pesquisa CNT/Sensus, Dilma tem 13,5%, contra 41% de Serra. Enquanto parte dos governistas quer “esticar” o tempo para ter mais chance de reduzir essa desvantagem, outros se mostram preocupados com a distância das eleições. Receiam que a ministra não consiga resistir a mais de um ano de tiroteio pesado da oposição. “Se já estamos tendo esse tipo de problema agora...”, afirma um ministro, referindo-se aos recursos ao TSE. Em café com jornalistas em dezembro, Lula disse que Dilma não é candidata e sequer teria tratado do assunto com ela. Já a ministra declarou recentemente que “nem amarrada” responderia se sonha ser presidente. A resposta era mesmo desnecessária.
No Planalto, a trilha sonora que embala a agenda nestes dias de carnaval é um consagrado samba da Mocidade Independente de Padre Miguel, segundo o qual “sonhar não custa nada, e o meu sonho é tão real”.
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