Stepan Nercessian
Ator, Vereador (PPS) e Vice-Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Max e Moisés formam uma dupla. Espetacular dupla. São dois elementos suspeitos que insistem em manter um negócio de alta periculosidade no Brasil. São donos de teatro.
Andando sempre na contramão do business, resolveram abrir as portas do seu estabelecimento para encontros quase clandestinos durante a ditadura, para que jornalistas, políticos, intelectuais e artistas clamassem por liberdade, justiça, direitos humanos e paz. Por lá transitavam comunistas, socialistas, democratas e até agentes da ditadura incendiando cenários, ameaçando trabalhadores e o público.
A luta insana da dupla deu resultados. Diretas já, eleições, caras pintadas e chegamos ao hoje que todos nós conhecemos. O que instiga é que, desde que os inimigos foram derrotados (será que foram?), o Casa Grande jamais obteve paz para funcionar. Muda governo, "fecha o Casa Grande". Sai Governo, "fecha o Casa Grande". Não tem governo, "fecha o Casa Grande". E assim tem sido. Pelo menos uma vez ao ano há um movimento mobilizando a classe para sair em defesa do Casa Grande. O que preocupa é que os históricos da democracia estão morrendo e a nova geração não sabe bem do que se trata o Casa Grande. O Casa Grande é a senzala da resistência cultural e política de nosso Brasil, em particular, do Rio de Janeiro. Nem a CUT, nem a CGT ou o MST abrigaram tantas assembléias sindicais como o Casa Grande. Creio que nenhuma casa teve tantos espetáculos proibidos pela censura quanto Casa Grande. Nem tanto sucesso de público como o Casa Grande. O Casa Grande, aliás, é vizinho do Scala, que já foi Bingo Scala, qualquer coisa Scala e que, ao contrário do Casa Grande, sofreu menos ameaças de fechamento do que o vizinho intelectual.
Façam seu jogo senhores. Agora, quando tudo parecia estar nos conformes, vem mais um ataque ao agora Centro Cultural Casa Grande. Querem comercializar os andares superiores do teatro para que ali não funcione nada ligado à cultura. Só que essa má idéia não vem de uma imobiliária ou de um síndico intolerante. Ela é do estado. Estado de direito. Presidentes, governadores, prefeitos e asseclas sabem muito bem o que significa o Teatro Casa Grande. Até porque, a maioria deles passou por ali nas campanhas eleitorais, participando de debates promovidos sabem por quem? Pelo Teatro Casa Grande.
Esta peça está com um enredo chato, repetitivo. Alguém aí, do poder, deveria ter logo a coragem de assumir o papel da Calabar. Calabar, o elogio da traição foi um dos proibidores do Casa Grande. Diga logo que essa dupla Max e Moisés perturba muito, que o Rio está com excesso de espaços culturais, que arte e cultura é o cacete e mande às favas nossa história. Pôxa vida. Toda hora tenho que assinar um manifesto contra a destruição daquilo ali. Toda hora tenho que ir ao Palácio Guanabara, da Justiça, centro espírita, sinagoga, igreja, sempre pra pedir que não destruam o Teatro Casa Grande. Isso cansa. E olha, essa turma que vai junto com o Max e o Moisés só não desiste de lutar até o fim porque a maioria foi criada ali, naquele espaço em que aprendíamos a aceitar quase tudo, menos desistir dos nossos ideais.
Ator, Vereador (PPS) e Vice-Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Max e Moisés formam uma dupla. Espetacular dupla. São dois elementos suspeitos que insistem em manter um negócio de alta periculosidade no Brasil. São donos de teatro.
Andando sempre na contramão do business, resolveram abrir as portas do seu estabelecimento para encontros quase clandestinos durante a ditadura, para que jornalistas, políticos, intelectuais e artistas clamassem por liberdade, justiça, direitos humanos e paz. Por lá transitavam comunistas, socialistas, democratas e até agentes da ditadura incendiando cenários, ameaçando trabalhadores e o público.
A luta insana da dupla deu resultados. Diretas já, eleições, caras pintadas e chegamos ao hoje que todos nós conhecemos. O que instiga é que, desde que os inimigos foram derrotados (será que foram?), o Casa Grande jamais obteve paz para funcionar. Muda governo, "fecha o Casa Grande". Sai Governo, "fecha o Casa Grande". Não tem governo, "fecha o Casa Grande". E assim tem sido. Pelo menos uma vez ao ano há um movimento mobilizando a classe para sair em defesa do Casa Grande. O que preocupa é que os históricos da democracia estão morrendo e a nova geração não sabe bem do que se trata o Casa Grande. O Casa Grande é a senzala da resistência cultural e política de nosso Brasil, em particular, do Rio de Janeiro. Nem a CUT, nem a CGT ou o MST abrigaram tantas assembléias sindicais como o Casa Grande. Creio que nenhuma casa teve tantos espetáculos proibidos pela censura quanto Casa Grande. Nem tanto sucesso de público como o Casa Grande. O Casa Grande, aliás, é vizinho do Scala, que já foi Bingo Scala, qualquer coisa Scala e que, ao contrário do Casa Grande, sofreu menos ameaças de fechamento do que o vizinho intelectual.
Façam seu jogo senhores. Agora, quando tudo parecia estar nos conformes, vem mais um ataque ao agora Centro Cultural Casa Grande. Querem comercializar os andares superiores do teatro para que ali não funcione nada ligado à cultura. Só que essa má idéia não vem de uma imobiliária ou de um síndico intolerante. Ela é do estado. Estado de direito. Presidentes, governadores, prefeitos e asseclas sabem muito bem o que significa o Teatro Casa Grande. Até porque, a maioria deles passou por ali nas campanhas eleitorais, participando de debates promovidos sabem por quem? Pelo Teatro Casa Grande.
Esta peça está com um enredo chato, repetitivo. Alguém aí, do poder, deveria ter logo a coragem de assumir o papel da Calabar. Calabar, o elogio da traição foi um dos proibidores do Casa Grande. Diga logo que essa dupla Max e Moisés perturba muito, que o Rio está com excesso de espaços culturais, que arte e cultura é o cacete e mande às favas nossa história. Pôxa vida. Toda hora tenho que assinar um manifesto contra a destruição daquilo ali. Toda hora tenho que ir ao Palácio Guanabara, da Justiça, centro espírita, sinagoga, igreja, sempre pra pedir que não destruam o Teatro Casa Grande. Isso cansa. E olha, essa turma que vai junto com o Max e o Moisés só não desiste de lutar até o fim porque a maioria foi criada ali, naquele espaço em que aprendíamos a aceitar quase tudo, menos desistir dos nossos ideais.
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