O ex-presidente FHC exigiu ontem que o Tribunal Superior Eleitoral decida sobre ação movida contra o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff, acusados de usar eleitoralmente um evento oficial. "Tem de coibir os abusos em marcha já, para evitar anulação da votação", disse FHC. (págs. 1 e A6)
FHC mira em Dilma e diz que TSE deve punir rapidamente
Ex-presidente lembra que já há denúncia de abuso de poder relativa a 2010
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou ontem uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a ação movida pelo DEM e PSDB contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os partidos acusam o governo de usar um encontro com prefeitos custeado pelo Palácio do Planalto para promover a pré-candidatura de Dilma à Presidência.
"Tem de coibir durante o processo, como agora, em que já há reclamações de eleições que vão ser daqui a um ano e meio, de que estão usando o poder público", afirmou. "Acho que tem de coibir os abusos em marcha já para evitar que haja anulação de votação", prosseguiu.
Fernando Henrique fez as considerações quando comentou as duas cassações de governadores determinadas pelo tribunal - Cássio Cunha Lima (Paraíba) e Jackson Lago (Maranhão). A referência ao episódio da ministra foi de forma indireta, sem citá-la nominalmente.
A discussão se o governo Lula está ou não antecipando a disputa eleitoral, promovendo sua candidata fora do período permitido pela legislação, começou em fevereiro, quando chegou ao TSE representação do DEM e do PSDB. Na semana passada, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou a defesa de Lula e Dilma, acusando o governador paulista, José Serra (PSDB), favorito na corrida presidencial segundo as pesquisas, de também ter feito não um, mas dois encontros com prefeitos.
Voltando aos casos de Cunha Lima e Lago, Fernando Henrique disse que a decisão do tribunal não se questiona, mas fez um alerta sobre o risco da banalização dessa medida. "O tribunal analisou, disse que houve abuso do poder econômico. Está bem", avaliou. "Agora, a legitimidade do processo fica tênue. Não tem sentido quem perdeu ganhar", emendou. Para ele, em casos de cassação, devem ser feitas novas eleições. "Tem de fazer nova eleição."
PAC AFOGADO
O ex-presidente comandou ontem um evento na capital paulista ao lado de outros ex-chefes de Estado latino-americanos para debater crescimento econômico e redução da pobreza em tempos de crise. Em entrevista, Fernando Henrique criticou a condução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vitrine do governo Lula. "O PAC não está sendo afogado por falta de recursos, mas por incompetência, falta de projetos", disse.
O tucano classificou o anúncio do governo Lula de construir 1 milhão de casas populares até 2010 de "propaganda de otimismo". "Na época da bonança não fizemos os investimentos efetivos em infraestrutura, não fizemos as reformas. E agora faz a simulação de que vai fazer tudo de uma vez", afirmou. "Um projeto grandioso de fazer 1 milhão de casas. Mas com que recursos? Quem paga? É muito mais efeito de propaganda de otimismo do que ação concreta."
Por outro lado, ele elogiou a ação do governo para estimular o crédito durante a crise. "O governo tomou medidas bastante rápidas."
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