Alexandre Rodrigues e Felipe Werneck, Rio
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ao lembrar que passará o cargo em 2010 ?para outra pessoa?, ele motivou plateia a clamar por Dilma, a seu lado
Numa retomada da ofensiva para popularizar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como pré-candidata a sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu tom eleitoral ontem à inauguração das primeiras obras de urbanização do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em duas favelas da zona norte do Rio. Em Manguinhos, ao lembrar que passará o cargo em 2010 "para outra pessoa", Lula motivou a plateia a clamar por Dilma, a seu lado, como a substituta. No entanto, algumas pessoas também gritaram o nome do presidente e o apelo "fica, fica".
"Quero pedir o seguinte... Depois vão dizer aqui que o Lula não falou em campanha política. Vocês é que se meteram a cantar, a gritar o nome aí", reagiu Lula ao coro, que aclamava Dilma, apesar das restrições legais ao uso eleitoral de inaugurações. "Espero que a profecia que diz que a voz do povo é a voz de Deus esteja correta", disse o presidente, encerrando o discurso. Ao ouvir seu nome cantado pelas cerca de 300 pessoas, Dilma apenas sorriu.
Em fevereiro, o DEM e o PSDB acusaram Lula e Dilma de fazer propaganda eleitoral antecipada em inaugurações e recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra suposto uso político da reunião de prefeitos realizada naquele mês em Brasília. O TSE, contudo, concluiu que faltaram evidências para caracterizá-la.
Em discurso no Complexo do Alemão, Lula repetiu que não podia falar de sucessão, mas não deixou de se manifestar. "Todo mundo sabe que vamos ganhar as eleições de 2010", afirmou. Em seguida, entregou uma flor, retirada de um vaso no palco, para Dilma. "Quando chegar a hora certa vamos para a disputa", declarou. " Vocês vão ver aquele (candidato) que promete o céu e aquele que está junto de vocês." Em Manguinhos, ele também conclamou a população a qualificar seu voto e disse que, para transformar o País, é preciso evitar a eleição de "vigaristas".
"O que a gente está mostrando é que este país pode ser diferente se a gente aprender a não eleger mais vigaristas, se a gente aprender a eleger pessoas que tenham compromisso com o povo, que não tenham medo de pegar na mão de um doente, abraçar um pobre, abraçar um negro", afirmou.
Lula se referiu à própria sucessão ao dizer, em tom de brincadeira, que pretende se esconder do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), até 2010, pois ele sempre pede mais verbas federais para obras no Estado. Só no PAC de favelas, que atinge cinco comunidades do Rio, o governo federal entra com mais de 70% dos recursos de quase R$ 1 bilhão. Como o Estado mostrou ontem, o governo de Cabral, candidato à reeleição e cabo eleitoral de Dilma, acelerou as obras este ano nas principais comunidades do projeto (Manguinhos, Complexo do Alemão e Rocinha) para inaugurar todas até setembro de 2010, um mês antes da eleição.
Em sua terceira visita a favelas em dois anos, Lula desafiou a população a apontar outros presidentes que "tiveram coragem" desse gesto. O presidente pegou criança no colo, acompanhou uma demonstração de natação e jogou futebol com Cabral na inauguração de instalações esportivas. Em Manguinhos, também abriu um centro profissionalizante e uma unidade de saúde. No Alemão, entregou 56 apartamentos.
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