Cesar Maia
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
A PESQUISA GPP de 16 e 17 de maio no Estado do Rio mostrou níveis de aprovação de Lula que nunca antes no Rio se havia visto.
Quando pesquisas nacionais apontavam níveis superiores a 70% (2008), a avaliação "ótimo-bom" de Lula na capital do Estado não chegava a 50%. Nessa última pesquisa, obteve no Estado 65% -na capital, 59%; na Baixada (popular), 74%; no interior industrial, 72%; no interior, 65%. As avaliações do governador permanecem entre 30% e 35%, apesar de feéricas campanhas publicitárias na TV, colagem em Lula e a boa vontade da imprensa local.
Lá se vão oito meses da crise econômica, com dados graves de desemprego, quebra de empresas e um futuro de incertezas. O Brasil, neste período, ficou entre os países com dados mais acentuados de queda na indústria, no PIB e no comércio exterior. Por que razão a máxima "é a economia, estúpido", de Carville (assessor de Clinton na época), que relaciona a economia à política não atingiu Lula? O indicador mais óbvio seria o desemprego, que afeta alguns diretamente e indiretamente os que temem o desemprego.
A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE pode ajudar. Sendo pesquisa, tem alguma margem de erro. Mas a série de muitos anos sempre foi incorporada como sinal dos fatos nas principais regiões metropolitanas e em seu conjunto. Compare-se a PME de abril, de 2008 e de 2009. Pessoas em idade ativa aumentaram 496 mil, ou 1,2%. Pessoas economicamente ativas (PEA), 148 mil, ou 0,6%.
E não economicamente ativas (Pnae) 348 mil, ou 2%. Em seguida, abram-se os elementos negativos da Pnea. As pessoas que gostariam e estavam dispostas a trabalhar diminuíram de 12,2% para 12%. As marginalmente ligadas às PEA cresceram de 4,6% a 5,2%.
As desalentadas diminuíram de 0,1% a 0%. A taxa de desocupação cresceu de 8,5% para 8,9%, mas, paradoxalmente, o percentual de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas caiu de 3,4% a 3%. Vale dizer: a taxa efetiva de desocupação, somando o desemprego aberto com o emprego precário, ficou estável em 11,9%.
Questionar os números vis a vis da crise é infantil depois de tantos anos. Os trabalhadores metropolitanos irem para o interior? A lógica é o inverso. É provável que o Bolsa Família tenha reduzido a migração, e isso ajudaria a explicar os números. Passando à lógica política, talvez os discursos de Lula o situem como um protetor.
Isso explicaria até números piores e sua avaliação. O mais provável é que os números estejam certos e que os primeiros meses de desemprego estejam protegidos pela indenização, FGTS, seguro-desemprego e a esperança. Mas não explicam a avaliação crescente de Lula no Rio.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
A PESQUISA GPP de 16 e 17 de maio no Estado do Rio mostrou níveis de aprovação de Lula que nunca antes no Rio se havia visto.
Quando pesquisas nacionais apontavam níveis superiores a 70% (2008), a avaliação "ótimo-bom" de Lula na capital do Estado não chegava a 50%. Nessa última pesquisa, obteve no Estado 65% -na capital, 59%; na Baixada (popular), 74%; no interior industrial, 72%; no interior, 65%. As avaliações do governador permanecem entre 30% e 35%, apesar de feéricas campanhas publicitárias na TV, colagem em Lula e a boa vontade da imprensa local.
Lá se vão oito meses da crise econômica, com dados graves de desemprego, quebra de empresas e um futuro de incertezas. O Brasil, neste período, ficou entre os países com dados mais acentuados de queda na indústria, no PIB e no comércio exterior. Por que razão a máxima "é a economia, estúpido", de Carville (assessor de Clinton na época), que relaciona a economia à política não atingiu Lula? O indicador mais óbvio seria o desemprego, que afeta alguns diretamente e indiretamente os que temem o desemprego.
A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE pode ajudar. Sendo pesquisa, tem alguma margem de erro. Mas a série de muitos anos sempre foi incorporada como sinal dos fatos nas principais regiões metropolitanas e em seu conjunto. Compare-se a PME de abril, de 2008 e de 2009. Pessoas em idade ativa aumentaram 496 mil, ou 1,2%. Pessoas economicamente ativas (PEA), 148 mil, ou 0,6%.
E não economicamente ativas (Pnae) 348 mil, ou 2%. Em seguida, abram-se os elementos negativos da Pnea. As pessoas que gostariam e estavam dispostas a trabalhar diminuíram de 12,2% para 12%. As marginalmente ligadas às PEA cresceram de 4,6% a 5,2%.
As desalentadas diminuíram de 0,1% a 0%. A taxa de desocupação cresceu de 8,5% para 8,9%, mas, paradoxalmente, o percentual de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas caiu de 3,4% a 3%. Vale dizer: a taxa efetiva de desocupação, somando o desemprego aberto com o emprego precário, ficou estável em 11,9%.
Questionar os números vis a vis da crise é infantil depois de tantos anos. Os trabalhadores metropolitanos irem para o interior? A lógica é o inverso. É provável que o Bolsa Família tenha reduzido a migração, e isso ajudaria a explicar os números. Passando à lógica política, talvez os discursos de Lula o situem como um protetor.
Isso explicaria até números piores e sua avaliação. O mais provável é que os números estejam certos e que os primeiros meses de desemprego estejam protegidos pela indenização, FGTS, seguro-desemprego e a esperança. Mas não explicam a avaliação crescente de Lula no Rio.
Cesar Maia escreve aos sábados nesta coluna.
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