Um dia depois da bolsa subir 6,5%, o Brasil ficou sabendo, oficialmente, que teve recessão na produção industrial nos últimos dois trimestres. Mas o comércio de São Paulo cresceu 2,5% em março. A bolsa já subiu 39,5% desde o fundo do poço neste ano, dia 2 de março. As vendas de carros subiram em março e caíram em abril. As bolsas antecipam a recuperação que ainda é incerta na economia real.
O ano será cada vez menos negativo na economia real, mas nas bolsas haverá altos e baixos. A recuperação que houve até agora vai ceder quando aparecerem dados desanimadores.
O mês de abril foi de alta em todas as bolsas. Veja o gráfico.
Maio começou com euforia, que ontem se manteve aqui, mas cedeu em alguns países. É nesta gangorra que o mundo ficará.
Álvaro Bandeira, economistachefe da Ágora Corretora, explica assim o movimento das bolsas.
— Estamos tendo boas notícias.
O PIB americano teve queda de 6,1%, mas, olhando por dentro, se vê que os estoques nas empresas foram reduzidos, os gastos com consumo voltaram. O fim do poço foi até fevereiro, a economia está melhorando, mas ainda teremos dados ruins.
Na sexta-feira sai o dado de desemprego nos Estados Unidos e ainda vem ruim.
Sérgio Vale, da MB Associados, vê com ceticismo alguns dados positivos.
— Não está nada claro que os EUA estejam saindo efetivamente da crise financeira.
Dizer que os sinais de recessão estão diminuindo não quer dizer muita coisa.
Basta lembrar que no Japão da década de 90 também se pensou que o país havia saído da crise, mas para voltar logo em seguida à recessão no fim da década.
Isso porque o ajuste necessário no sistema financeiro não havia se completado.
Como tudo depende da economia americana, é para lá que vão todos os olhos. O governo abriu os cofres para estimular a economia e isso está produzindo efeitos. O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, define como “gritante” a expansão da base monetária nos EUA.
— Ela quase dobrou nos últimos dois, três meses, passando de US$ 900 bilhões para US$ 1,7 trilhão.
Está sustentando a expansão de liquidez pelo mundo e cria a sensação de que o pior já passou.
O problema é que o consumidor americano está mudando.
Ele sempre foi o grande gastador do mundo.
Hoje, ele, que perdeu ativos e a confiança no futuro, está aumentando sua propensão a poupar. O Departamento Econômico do Bradesco soltou um relatório sobre isso.
“Os dados do PIB norte-americano do primeiro trimestre revelaram um desempenho surpreendente do consumo das famílias ao registrarem crescimento de 2,2%. Dizemos surpreendente pois um dos principais determinantes da crise econômica atual é o excesso de consumo das famílias americanas.” Segundo o banco, “o desafio dos cidadãos norte-americanos deverá se concentrar na elevação da taxa de poupança para recompor as perdas patrimoniais.”
Aqui a história é diferente.
O consumo sempre foi reprimido por falta de crédito, que só começou a se expandir no fim do ciclo de crescimento do mundo. No Brasil, a volta do consumo vai depender principalmente do crédito, segundo Leandro Padula, da MCM Consultores.
— O crédito é um fator importante. Ele parou com a crise e está voltando aos poucos, mas muito dependente dos bancos públicos.
Pesquisa da Fecomércio, que a coluna teve acesso com exclusividade, revela que o faturamento do comércio em São Paulo subiu 2,5% em março, para o mesmo mês de 2008, mas fechou o primeiro trimestre com queda de 1,2%.
Quem lidera os percentuais de crescimento são os setores de Farmácias e Perfumaria, com alta de 14,6% em março e de 11,8% no trimestre, e o automotivo, com crescimento de 13,4% no faturamento em março, mas com queda de 3% no trimestre.
O economista Fábio Pina, da Fecomércio, diz que o futuro vai depender das desonerações na linha branca e dos materiais de construção.
Lembrou que se a indústria não recuperar, o desemprego não cai e o comércio volta a piorar.
Apesar das desonerações, a produção industrial teve dois trimestres de queda, o que configura uma recessão, como disse ontem o IBGE para Alvaro Gribel, do blog.
Um dos setores com desempenho positivo foi o de automóveis, que teve o benefício da renúncia fiscal. Mas até quando ela pode durar? E quantos setores mais poderão entrar nesta festa?
O consumo sempre foi reprimido por falta de crédito, que só começou a se expandir no fim do ciclo de crescimento do mundo. No Brasil, a volta do consumo vai depender principalmente do crédito, segundo Leandro Padula, da MCM Consultores.
— O crédito é um fator importante. Ele parou com a crise e está voltando aos poucos, mas muito dependente dos bancos públicos.
Pesquisa da Fecomércio, que a coluna teve acesso com exclusividade, revela que o faturamento do comércio em São Paulo subiu 2,5% em março, para o mesmo mês de 2008, mas fechou o primeiro trimestre com queda de 1,2%.
Quem lidera os percentuais de crescimento são os setores de Farmácias e Perfumaria, com alta de 14,6% em março e de 11,8% no trimestre, e o automotivo, com crescimento de 13,4% no faturamento em março, mas com queda de 3% no trimestre.
O economista Fábio Pina, da Fecomércio, diz que o futuro vai depender das desonerações na linha branca e dos materiais de construção.
Lembrou que se a indústria não recuperar, o desemprego não cai e o comércio volta a piorar.
Apesar das desonerações, a produção industrial teve dois trimestres de queda, o que configura uma recessão, como disse ontem o IBGE para Alvaro Gribel, do blog.
Um dos setores com desempenho positivo foi o de automóveis, que teve o benefício da renúncia fiscal. Mas até quando ela pode durar? E quantos setores mais poderão entrar nesta festa?
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