Denise Madueño, Brasília
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
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Partido nega ação contra Múcio, mas quer ter um dos ministros da casa
Na busca por mais espaço no governo, o PMDB elegeu como principal meta conquistar um lugar no núcleo político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ter um peemedebista entre os chamados "ministros da Casa", status hoje concedido a poucos, quase sempre petistas.
O grupo, que forma a coordenação política do presidente, reúne-se semanalmente com ele ou quando há um assunto inesperado e urgente para tratar. Aliado preferencial do PT na eleição em 2010 que escolherá o sucessor de Lula, o PMDB quer avançar nas decisões que darão o rumo das ações do governo neste um ano e meio de mandato que resta e com o calendário eleitoral no meio do percurso.
Os peemedebistas dizem, estrategicamente, que não querem derrubar o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que é do PTB. "O PMDB não postula o cargo do ministro Múcio. O que quer o PMDB é ter assento entre os chamados ministros da Casa, os que formulam a política do governo", afirmou o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS). Parte do partido faz lobby pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e pelo ex-deputado Moreira Franco, hoje vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal.
A ofensiva do PMDB pelo assento no grupo seleto de Lula ocorre no momento em que ele procura reforçar a legenda como principal parceiro no plano de eleger como sua sucessora a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, considerada fragilizada por causa do tratamento de um câncer linfático. Um dos articuladores peemedebistas argumentou que o partido precisa participar da construção e elaboração do que seja o governo.
A base da coordenação política é majoritariamente petista. O grupo tem Dilma (PT), o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), o ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci (PT), o ministro da Secretaria de Comunicação, Franklin Martins (sem filiação partidária), e o petebista Múcio.
INFRAERO
O tamanho da ambição peemedebista foi explicitado por outro articulador da legenda. Segundo ele, o que acontece no governo é decidido na reunião de coordenação e o PMDB não está lá. O partido usa também como cacife nessas articulações as demissões na Infraero realizadas na semana passada. Cientes de que não haverá retorno na decisão do presidente da estatal, brigadeiro Cleonilson Nicácio, peemedebistas jogam como se fosse uma espécie de compensação necessária.
Nicácio, cujo cargo é subordinado ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, do PMDB, está profissionalizando as diretorias da empresa e demitiu afilhados políticos, entre eles, o irmão e a cunhada do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e Mônica Azambuja, ex-mulher do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O PMDB tenta aceitar as demissões sob o argumento de que Jobim, como ministro, tem uma preocupação técnica com a pasta, mesmo que seja eminentemente político.
Jobim foi um dos principais defensores da presença permanente do PMDB no grupo de coordenação política de Lula. O assunto foi discutido no dia 16 de março, em um jantar na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), onde também estava o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e Jobim. O assunto foi levado a Lula. O mesmo tema voltou em um jantar do presidente com Sarney e Temer dias depois. Agora, peemedebistas consideram que o gesto pela entrada do PMDB no núcleo político partiu de Lula.
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