Raymundo Costa, de Brasília
DEU NO VALOR ECONÔMICO
O PMDB do Senado deixou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a tarefa de articular o apoio do PMDB da Câmara à candidatura da ministra Dilma Roussef (Casa Civil). Os senadores acreditam que Lula permitiu o avanço dos deputados no partido e no governo, portanto, cabe agora a ele reverter a tendência pró-candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), detectada na Câmara.
Como ocorreu nas últimas eleições desde que concorreu com um candidato próprio, em 1994 (Orestes Quércia), o PMDB não deve disputar a Presidência da República, no próximo ano, mas apoiar o nome do PT ou do PSDB ou ainda dividir-se entre os dois, o que é mais provável. Com seis ministros no governo e cargos no primeiro escalão, atualmente tende por se aliar ao PT.
Essa aliança, por enquanto, não tem o apoio dos principais colégios eleitorais, a maioria dividida entre o apoio a José Serra e a Dilma Rousseff, quando não se inclina inteiramente em favor de Serra, como em São Paulo. Neste caso, o ex-ministro José Dirceu, que ajuda Dilma nas articulações com os aliados, está convocando o PT a pelo menos disputar as bases do PMDB em todo o Estado.
Em São Paulo é delicada a situação do presidente da Câmara, Michel Temer, especialmente se for Serra o candidato do PSDB: o deputado teria dificuldade para se colocar contra o governador de seu Estado, onde, aliás, já teve uma eleição muito difícil em 2006 - entrou na última vaga. Temer às vezes sonha com a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff, mas não tem o comando do partido em São Paulo, ainda hoje controlado por Quércia.
Quércia, a propósito, tem uma aliança firme com os tucanos que parece ir além dos acordos que fez com Serra em São Paulo, na eleição para a prefeitura da capital: recentemente ele esteve em Brasília e circulou pelo Congresso, em conversas com líderes pemedebistas, articulando o apoio do PMDB ao PSDB em 2010. Falou não só em nome de Serra, mas também do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que é a outra opção tucana.
No Rio de Janeiro, o terceiro maior colégio eleitoral, o PMDB também está dividido, e a situação pode piorar para o lado do governo. O governador Sérgio Cabral é aliado de Lula, inclusive tem a preferência do presidente para a vice de Dilma. Mas o PT não está conseguindo conter o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), que quer se candidatar ao governo do Estado e tirar o lugar de Cabral.
Cabral é candidato à reeleição, não se saiu muito bem nas últimas pesquisas de popularidade, mas tem tempo para se recuperar e boas condições para se reeleger, de acordo com as enquetes analisadas pelos partidos. A insistência de Lindberg pode tirá-lo do palanque de Lula.
Já Serra, que terá o apoio provável de Fernando Gabeira (PV), deve contar ainda, no Rio, com as forças do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB).
Depois do Rio, a situação que mais preocupa o PT em relação ao PMDB é Minas Gerais, porque o líder das pesquisas de opinião é o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que não quer abrir mão da disputa pelo governo estadual. E o PT está rachado entre as candidaturas do ex-prefeito Fernando Pimentel e a do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento e Combate à Fome).
A situação é também majoritariamente pró-Serra no Rio Grande do Sul, onde o PMDB deve concorrer ao governo tendo como candidato o atual prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, com o apoio do PSDB da governadora Yeda Crusius. Esse quadro somente mudará na hipótese de uma recuperação espetacular de Yeda, hipótese que não é descartada por pemedebistas como o deputado Eliseu Padilha, por exemplo.
Arrumadas as contas estaduais, Padilha acredita que Yeda tem condições de se recuperar e disputar com chances a reeleição, em 2010. Quem polariza com o PT no Sul não é o PSDB, mas o PMDB. Yeda foi o ponto fora da curva, em 2006. O Rio Grande do Sul foi território hostil a Lula nas últimas eleições, mas Dilma, embora mineira de nascimento, fez carreira política no Estado gaúcho.
Pernambuco é outra seção do PMDB definida em favor de Serra, conforme reiteradas declarações do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Ele inclusive pode ser o candidato a vice na chapa tucana. O ponto de interrogação hoje, entre os pemedebistas, é a Bahia, onde o ministro pemedebista Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) tanto pode renovar sua aliança com o governador Jaques Wagner (PT), e concorrer ao Senado, como pode ser levado a disputar a vaga de governador contra Wagner.
Há outras situações delicadas, como a aliança no Pará entre a governadora Ana Júlia Carepa (PT) e o deputado Jader Barbalho (PMDB), que se encontram à beira de um rompimento político.
Jader tem um ótimo relacionamento com Lula, mas acredita que o diálogo com Ana Júlia é praticamente impossível, devido ao fato de seu governo ter sido tomado pela Democracia Socialista (DS), tendência do PT.
A agenda regional, fonte do poder do partido, é a agenda do PMDB nas discussões com o PT. Um entrave no andamento das negociações é o PT estar em processo de escolha de seu novo presidente, provavelmente o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, o que está previsto para o mês de novembro.
Atualmente o PMDB comanda oito Estados, seis em que elegeu governador (Amazonas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro), nas eleições de 2006, um que trocou de partido (Tocantins) e um que ganhou o cargo na Justiça Eleitoral - Roseana Sarney (MA). Controla ainda seis ministérios e detém o controle do Legislativo, com as presidências da Câmara e do Senado.
Tanto poder bastaria para o partido negociar em condições vantajosas sua participação na chapa de Dilma ou do PSDB. O problema é a divisão. Para se ter uma ideia, quem lançou Michel Temer como candidato a vice na chapa de Dilma foi Renan Calheiros (AL), líder da bancada no Senado. Por um único motivo: provocar Geddel, também apontado como hipótese para o cargo.
Lula certamente teria considerado "abominável", se tivesse ouvido uma conversa franca entre pemedebistas governistas, a propósito do cargo de vice. Conversa vai, conversa vem, os caciques do PMDB constataram que o partido esteve nominalmente duas vezes na Presidência da República, desde a redemocratização. A primeira com José Sarney, e a segunda com Itamar Franco. Os dois eram vice-presidentes. Respectivamente, de Tancredo Neves e de Fernando Collor de Mello.
DEU NO VALOR ECONÔMICO
O PMDB do Senado deixou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a tarefa de articular o apoio do PMDB da Câmara à candidatura da ministra Dilma Roussef (Casa Civil). Os senadores acreditam que Lula permitiu o avanço dos deputados no partido e no governo, portanto, cabe agora a ele reverter a tendência pró-candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), detectada na Câmara.
Como ocorreu nas últimas eleições desde que concorreu com um candidato próprio, em 1994 (Orestes Quércia), o PMDB não deve disputar a Presidência da República, no próximo ano, mas apoiar o nome do PT ou do PSDB ou ainda dividir-se entre os dois, o que é mais provável. Com seis ministros no governo e cargos no primeiro escalão, atualmente tende por se aliar ao PT.
Essa aliança, por enquanto, não tem o apoio dos principais colégios eleitorais, a maioria dividida entre o apoio a José Serra e a Dilma Rousseff, quando não se inclina inteiramente em favor de Serra, como em São Paulo. Neste caso, o ex-ministro José Dirceu, que ajuda Dilma nas articulações com os aliados, está convocando o PT a pelo menos disputar as bases do PMDB em todo o Estado.
Em São Paulo é delicada a situação do presidente da Câmara, Michel Temer, especialmente se for Serra o candidato do PSDB: o deputado teria dificuldade para se colocar contra o governador de seu Estado, onde, aliás, já teve uma eleição muito difícil em 2006 - entrou na última vaga. Temer às vezes sonha com a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff, mas não tem o comando do partido em São Paulo, ainda hoje controlado por Quércia.
Quércia, a propósito, tem uma aliança firme com os tucanos que parece ir além dos acordos que fez com Serra em São Paulo, na eleição para a prefeitura da capital: recentemente ele esteve em Brasília e circulou pelo Congresso, em conversas com líderes pemedebistas, articulando o apoio do PMDB ao PSDB em 2010. Falou não só em nome de Serra, mas também do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que é a outra opção tucana.
No Rio de Janeiro, o terceiro maior colégio eleitoral, o PMDB também está dividido, e a situação pode piorar para o lado do governo. O governador Sérgio Cabral é aliado de Lula, inclusive tem a preferência do presidente para a vice de Dilma. Mas o PT não está conseguindo conter o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), que quer se candidatar ao governo do Estado e tirar o lugar de Cabral.
Cabral é candidato à reeleição, não se saiu muito bem nas últimas pesquisas de popularidade, mas tem tempo para se recuperar e boas condições para se reeleger, de acordo com as enquetes analisadas pelos partidos. A insistência de Lindberg pode tirá-lo do palanque de Lula.
Já Serra, que terá o apoio provável de Fernando Gabeira (PV), deve contar ainda, no Rio, com as forças do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB).
Depois do Rio, a situação que mais preocupa o PT em relação ao PMDB é Minas Gerais, porque o líder das pesquisas de opinião é o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que não quer abrir mão da disputa pelo governo estadual. E o PT está rachado entre as candidaturas do ex-prefeito Fernando Pimentel e a do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento e Combate à Fome).
A situação é também majoritariamente pró-Serra no Rio Grande do Sul, onde o PMDB deve concorrer ao governo tendo como candidato o atual prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, com o apoio do PSDB da governadora Yeda Crusius. Esse quadro somente mudará na hipótese de uma recuperação espetacular de Yeda, hipótese que não é descartada por pemedebistas como o deputado Eliseu Padilha, por exemplo.
Arrumadas as contas estaduais, Padilha acredita que Yeda tem condições de se recuperar e disputar com chances a reeleição, em 2010. Quem polariza com o PT no Sul não é o PSDB, mas o PMDB. Yeda foi o ponto fora da curva, em 2006. O Rio Grande do Sul foi território hostil a Lula nas últimas eleições, mas Dilma, embora mineira de nascimento, fez carreira política no Estado gaúcho.
Pernambuco é outra seção do PMDB definida em favor de Serra, conforme reiteradas declarações do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Ele inclusive pode ser o candidato a vice na chapa tucana. O ponto de interrogação hoje, entre os pemedebistas, é a Bahia, onde o ministro pemedebista Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) tanto pode renovar sua aliança com o governador Jaques Wagner (PT), e concorrer ao Senado, como pode ser levado a disputar a vaga de governador contra Wagner.
Há outras situações delicadas, como a aliança no Pará entre a governadora Ana Júlia Carepa (PT) e o deputado Jader Barbalho (PMDB), que se encontram à beira de um rompimento político.
Jader tem um ótimo relacionamento com Lula, mas acredita que o diálogo com Ana Júlia é praticamente impossível, devido ao fato de seu governo ter sido tomado pela Democracia Socialista (DS), tendência do PT.
A agenda regional, fonte do poder do partido, é a agenda do PMDB nas discussões com o PT. Um entrave no andamento das negociações é o PT estar em processo de escolha de seu novo presidente, provavelmente o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, o que está previsto para o mês de novembro.
Atualmente o PMDB comanda oito Estados, seis em que elegeu governador (Amazonas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro), nas eleições de 2006, um que trocou de partido (Tocantins) e um que ganhou o cargo na Justiça Eleitoral - Roseana Sarney (MA). Controla ainda seis ministérios e detém o controle do Legislativo, com as presidências da Câmara e do Senado.
Tanto poder bastaria para o partido negociar em condições vantajosas sua participação na chapa de Dilma ou do PSDB. O problema é a divisão. Para se ter uma ideia, quem lançou Michel Temer como candidato a vice na chapa de Dilma foi Renan Calheiros (AL), líder da bancada no Senado. Por um único motivo: provocar Geddel, também apontado como hipótese para o cargo.
Lula certamente teria considerado "abominável", se tivesse ouvido uma conversa franca entre pemedebistas governistas, a propósito do cargo de vice. Conversa vai, conversa vem, os caciques do PMDB constataram que o partido esteve nominalmente duas vezes na Presidência da República, desde a redemocratização. A primeira com José Sarney, e a segunda com Itamar Franco. Os dois eram vice-presidentes. Respectivamente, de Tancredo Neves e de Fernando Collor de Mello.
Nenhum comentário:
Postar um comentário