Adauri Antunes Barbosa
DEU EM O GLOBO
DEU EM O GLOBO
Efeito em 2010 é certo, dizem especialistas
SÃO PAULO. O historiador e sociólogo Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), considerou assustadora a informação de que o Bolsa Família deve atingir um em cada três brasileiros a partir do ano que vem, conforme reportagem de ontem do GLOBO. Segundo ele, a consequência desse número é a influência nas eleições de 2010.
- É um número assustador. Isso vai ter uma influência decisiva em qualquer processo eleitoral, e, como nós temos eleições a cada dois anos, a gente vai poder constatar isso tanto na esfera municipal como nas esferas estadual e federal - disse.
Fazendo coro à oposição, Villa lembra que os candidatos do governo vão se beneficiar dos efeitos do programa federal, especialmente os que concorrerem à reeleição. Segundo ele, o fantasma do candidato que quer acabar com o Bolsa Família vai perseguir os oposicionistas.
- Vai se construir um fantasma sobre o candidato opositor. Vai se construir o fantasma que o candidato opositor quer extinguir o Bolsa Família. É uma espécie de versão modernizada do "voto do marmiteiro", da eleição de 1945, quando foi imputado ao brigadeiro Eduardo Gomes, que supostamente não queria voto de quem era operário, cuja refeição era feita com marmita - lembra.
Consultor da Organização das Nações Unidas (ONU), o economista Ladislau Dowbor, professor titular no Departamento de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo nas áreas de economia e administração, questiona o argumento de que as políticas sociais são eleitoreiras ou demagógicas por terem como alvo os pobres, que são a maioria da população.
- Os pobres são muitos, e votam. O que se fizer pelos pobres rende votos. Logo, qualquer medida que favoreça os pobres constitui demagogia, autêntica compra de votos. Ah, se os pobres não pudessem votar, seria ideal, pois poderíamos fazer políticas para os pobres sem que isso deformasse a vontade popular e pesasse nas eleições. Mas votam, e, como há eleições a cada dois anos, pode-se fazer política para os pobres uma vez a cada dois anos.
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