Isabel Braga e Cristiane Jungblut
DEU EM O GLOBO
DEU EM O GLOBO
Para PSDB e DEM, falta de porta de saída enfraquece governo; aliados dizem que programa ajuda a enfrentar crise
BRASÍLIA. Líderes da oposição tentaram minimizar os dividendos eleitorais da ampliação do Bolsa Família, maior programa social do governo federal. Reportagem do GLOBO mostrou que o programa deve atingir um em cada três brasileiros em 2010. Ao mesmo tempo em que acusam o Planalto de uso político do projeto, os oposicionistas dizem que é preciso melhorar o Bolsa Família. Para PSDB e DEM, o programa é necessário, mas hoje carece de políticas que permitam o fim da dependência das famílias carentes dos recursos do governo. A base aliada, por sua vez, rechaça o rótulo de programa eleitoreiro e assistencialista, defende sua ampliação e afirma que o Bolsa Família é um dos pilares que permitiram ao país tranquilidade para enfrentar a crise internacional.
- O brasileiro está muito informado e não vai querer que Lula quebre o governo para eleger seu sucessor. A sociedade está atenta. É um programa (a ser mantido), mas vamos acrescentar condições de saída, oferecer ensino técnico e tecnológico - disse o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), completando: - A família quer se emancipar, quer um trabalho, qualificação. O governo Lula é lerdo, joga no benefício e ponto. É um governo conservador.
O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), acrescenta que a solução é investir numa política social focada na família:
- Foi uma política que implementamos no governo passado, o Lula teve a inteligência e a capacidade, que não tivemos, de propor a unificação. Tenho certeza de que as famílias beneficiárias saberão distinguir em 2010 a melhor política para o futuro de seus filhos e netos. Se a gente mostrar isso, o eleitorado será sensível a uma proposta que entenda o problema de cada um como específico e dê solução, e não mera transferência de renda.
Para José Aníbal, programa tem viés político-eleitoral
José Aníbal voltou a enfatizar que o Bolsa Família é fruto de programas iniciados no governo anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso. Ele considera que o governo Lula, ao unificar os programas, acabou com as exigências que conectavam a transferência de renda a políticas de saída.
- Claro que é necessário atender à população com insuficiência de renda, mas o governo faz hoje com viés político-eleitoral. Passou a ser uma coisa dissociada de qualquer programa de saída, de emancipação, de formação profissional.
O DEM vem divulgando sua proposta de focar a saída, terceira etapa do programa, nas necessidades da família em várias capitais do país. Maia defende que a prioridade é trabalhar para que futuras gerações sejam menos dependentes da renda.
- O custo do Estado brasileiro é muito alto e este programa custa R$11 bilhões, R$12 bilhões. É uma fatia justa que temos que pagar. Mas a mera transferência de renda vai gerar nas futuras gerações a mesma dependência que gera nas famílias atuais.
O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), rebateu as acusações da oposição, negando o caráter eleitoreiro e afirmando que o Bolsa Família é um programa de desenvolvimento econômico da população.
- O Bolsa Família não é um programa eleitoreiro, e sim de ajuda aos mais pobres, de desenvolvimento econômico. O povo precisa, e o Estado tem condições de sustentar. O aspecto mais importante é a ampliação do mercado interno.
Para o líder do PT, o aumento dos beneficiários ao longo dos anos é uma evolução natural e o programa ajudou inclusive neste momento de crise econômica mundial:
- É uma das medidas que criaram condições para o Brasil não mergulhar na crise. O Brasil está nadando na superfície da crise e não nos afogamos.
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