Janaína Figueiredo
DEU EM O GLOBO
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A antecipação das eleições legislativas na Argentina, aprovada em março, numa manobra do governo para ganhar o pleito, acabou se transformando na maior derrota já sofrida pelo casal Kirchner desde que chegou ao poder, em 2003. Numa eleição fundamental para a sucessão presidencial de 2011, sete de cada dez eleitores votaram contra os candidatos kirchneristas, enfraquecendo a liderança de Néstor e Cristina pelos próximos dois anos. Depois de ter governado o país durante seis anos com maioria na Câmara e no Senado, o casal K ficou sem o controle do Congresso, perdendo 17 deputados e pelo menos quatro senadores. Embora eleito deputado, Néstor Kirchner foi o maior derrotado e renunciou à presidência do Partido Justicialista. Cristina admitiu que seu governo será forçado a negociar com a oposição.
Derrota abala os planos dos Kirchner
Governo argentino perde a maioria no Congresso e presidente Cristina é forçada a buscar aliados na oposição
Aantecipação das eleições legislativas, aprovada em março passado pelo Congresso argentino por iniciativa da Casa Rosada, não impediu o pior revés eleitoral já sofrido pelo casal Kirchner desde que chegou ao poder, em maio de 2003. A primeira vítima da derrota foi o próprio ex-presidente Néstor Kirchner que, apesar da agressiva campanha contra seus adversários, da qual participou a presidente, Cristina Kirchner, teve sua lista derrotada na eleição para deputados da província de Buenos Aires (o ex-presidente foi eleito, mas sua lista ficou em segundo lugar). Ontem, ele renunciou à presidência do Partido Justicialista (PJ), e seu projeto de retornar à chefia do governo nas eleições presidenciais de 2011 ficou enfraquecido.
Segundo analistas locais, a crise em que está mergulhado o governo argentino nasceu em março do ano passado, quando começou o conflito entre a Casa Rosada e os produtores rurais do país, que durante quase meses paralisou a Argentina. De acordo com dados oficiais, numa eleição considerada decisiva pelo governo e pela oposição, sete de cada dez eleitores votaram contra os candidatos kirchneristas.
- Os argentinos votaram contra uma forma de fazer política, contra um estilo autoritário que ficou muito claro na crise com o campo - disse o deputado eleito Francisco de Narváez, líder do peronismo dissidente, cuja lista ficou em primeiro na província de Buenos Aires, com 34,58% dos votos.
Embora a presidente tenha tentado minimizar o impacto da derrota eleitoral, afirmando que em termos do número total de votos do país o governo ficou em primeiro lugar, os candidatos kirchneristas perderam na capital, na província de Buenos Aires e nos principais distritos eleitorais argentinos, entre eles as províncias de Córdoba, Santa Fé, Entre Rios e Mendoza. Depois de ter governado o país durante seis anos com maioria em ambas as Câmaras do Congresso, o casal presidencial perdeu 17 deputados e pelo menos quatro senadores (o número poderia chegar a cinco), passando a ser minoria na Câmara e no Senado. Apesar de tentar transmitir uma mensagem de vitória, Cristina admitiu que a partir de dezembro, quando assumirão os novos congressistas, seu governo deverá negociar com a oposição.
- (O resultado) Vai exigir exercícios de consenso, de acordos para obter governabilidade. Deveremos negociar, acordar, alcançar consensos - declarou a presidente.
Oposição critica reação de Cristina
Cristina se mostrou de bom humor e afastou mudanças no Gabinete. Perguntada sobre as razões da derrota, disse que "foi a vontade do povo".
- Essa vontade é irrefutável, se perde ou se ganha por um voto. Certamente cometemos erros e eles serão analisados - limitou-se a dizer a presidente, que também descartou mudanças no polêmico Indec (o IBGE argentino), acusado pela oposição de manipular as estatísticas oficiais do país.
A atitude de Cristina foi questionada pela oposição, que a acusou de "viver numa realidade paralela".
- Temos de dar uma semana à presidente, foi um golpe muito duro, ela está em estado de choque - disse a ex-candidata presidencial e líder do Acordo Cívico e Social Elisa Carrió, que elegeu-se deputada pela capital.
Para Carrió, "ao negar a realidade, a derrota nas principais cidades do país, Cristina está aprofundando os problemas da Argentina".
- Quem coloca em risco a governabilidade é a presidente e não a oposição - alfinetou a deputada eleita, respondendo à Cristina, que ontem pediu à oposição que ajude a manter a governabilidade no país.
A presidente destacou o bom desempenho do cineasta Fernando "Pino" Solanas na eleição para deputado na capital do país (a lista de Solanas ficou em segundo lugar, com 24% dos votos) e disse que seu partido (Proyecto Sur), que elegeu três deputados, poderia ser um futuro aliado do governo no Congresso.
- Pino nos critica porque fizemos poucas mudanças. Bom, poderia ser um futuro aliado - disse Cristina.
Longe do otimismo da presidente, governadores peronistas e dirigentes do PJ já falam no início de uma era pós-kirchnerista no país.
- A presidente e o ex-presidente deixaram de ouvir o povo - afirmou o ex-chefe de Gabinete, Alberto Fernández, que renunciou em meados do ano passado, em meio à crise entre a Casa Rosada e os produtores rurais do país.
Derrota abala os planos dos Kirchner
Governo argentino perde a maioria no Congresso e presidente Cristina é forçada a buscar aliados na oposição
Aantecipação das eleições legislativas, aprovada em março passado pelo Congresso argentino por iniciativa da Casa Rosada, não impediu o pior revés eleitoral já sofrido pelo casal Kirchner desde que chegou ao poder, em maio de 2003. A primeira vítima da derrota foi o próprio ex-presidente Néstor Kirchner que, apesar da agressiva campanha contra seus adversários, da qual participou a presidente, Cristina Kirchner, teve sua lista derrotada na eleição para deputados da província de Buenos Aires (o ex-presidente foi eleito, mas sua lista ficou em segundo lugar). Ontem, ele renunciou à presidência do Partido Justicialista (PJ), e seu projeto de retornar à chefia do governo nas eleições presidenciais de 2011 ficou enfraquecido.
Segundo analistas locais, a crise em que está mergulhado o governo argentino nasceu em março do ano passado, quando começou o conflito entre a Casa Rosada e os produtores rurais do país, que durante quase meses paralisou a Argentina. De acordo com dados oficiais, numa eleição considerada decisiva pelo governo e pela oposição, sete de cada dez eleitores votaram contra os candidatos kirchneristas.
- Os argentinos votaram contra uma forma de fazer política, contra um estilo autoritário que ficou muito claro na crise com o campo - disse o deputado eleito Francisco de Narváez, líder do peronismo dissidente, cuja lista ficou em primeiro na província de Buenos Aires, com 34,58% dos votos.
Embora a presidente tenha tentado minimizar o impacto da derrota eleitoral, afirmando que em termos do número total de votos do país o governo ficou em primeiro lugar, os candidatos kirchneristas perderam na capital, na província de Buenos Aires e nos principais distritos eleitorais argentinos, entre eles as províncias de Córdoba, Santa Fé, Entre Rios e Mendoza. Depois de ter governado o país durante seis anos com maioria em ambas as Câmaras do Congresso, o casal presidencial perdeu 17 deputados e pelo menos quatro senadores (o número poderia chegar a cinco), passando a ser minoria na Câmara e no Senado. Apesar de tentar transmitir uma mensagem de vitória, Cristina admitiu que a partir de dezembro, quando assumirão os novos congressistas, seu governo deverá negociar com a oposição.
- (O resultado) Vai exigir exercícios de consenso, de acordos para obter governabilidade. Deveremos negociar, acordar, alcançar consensos - declarou a presidente.
Oposição critica reação de Cristina
Cristina se mostrou de bom humor e afastou mudanças no Gabinete. Perguntada sobre as razões da derrota, disse que "foi a vontade do povo".
- Essa vontade é irrefutável, se perde ou se ganha por um voto. Certamente cometemos erros e eles serão analisados - limitou-se a dizer a presidente, que também descartou mudanças no polêmico Indec (o IBGE argentino), acusado pela oposição de manipular as estatísticas oficiais do país.
A atitude de Cristina foi questionada pela oposição, que a acusou de "viver numa realidade paralela".
- Temos de dar uma semana à presidente, foi um golpe muito duro, ela está em estado de choque - disse a ex-candidata presidencial e líder do Acordo Cívico e Social Elisa Carrió, que elegeu-se deputada pela capital.
Para Carrió, "ao negar a realidade, a derrota nas principais cidades do país, Cristina está aprofundando os problemas da Argentina".
- Quem coloca em risco a governabilidade é a presidente e não a oposição - alfinetou a deputada eleita, respondendo à Cristina, que ontem pediu à oposição que ajude a manter a governabilidade no país.
A presidente destacou o bom desempenho do cineasta Fernando "Pino" Solanas na eleição para deputado na capital do país (a lista de Solanas ficou em segundo lugar, com 24% dos votos) e disse que seu partido (Proyecto Sur), que elegeu três deputados, poderia ser um futuro aliado do governo no Congresso.
- Pino nos critica porque fizemos poucas mudanças. Bom, poderia ser um futuro aliado - disse Cristina.
Longe do otimismo da presidente, governadores peronistas e dirigentes do PJ já falam no início de uma era pós-kirchnerista no país.
- A presidente e o ex-presidente deixaram de ouvir o povo - afirmou o ex-chefe de Gabinete, Alberto Fernández, que renunciou em meados do ano passado, em meio à crise entre a Casa Rosada e os produtores rurais do país.
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