Felipe Frisch e Gilberto Scofield Jr.*
Rio, Washington, Londres, Brasília e São Paulo
DEU EM O GLOBO
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Bird piora projeção para economia brasileira e faz Bolsa despencar 3,66%. Dólar passa de R$ 2
O Banco Mundial (Bird) divulgou ontem relatório em que piora suas projeções para o Brasil: em março, esperava que o país crescesse 0,5% este ano.
Agora, prevê que a economia vai encolher 1,1%. Para o mundo, a estimativa é de retração de 2,9%, enquanto antes esperava recuo de 1,7%. Em um dia de poucos indicadores econômicos como ontem, a notícia caiu como uma bomba no mercado financeiro. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Índice Bovespa (Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas) caiu 3,66%, para 49.494 pontos, perdendo a marca dos 50 mil pontos superada em 18 de maio. O dólar acompanhou o pessimismo e voltou a ser cotado acima de R$ 2, pela primeira vez desde 28 de maio: subiu 2,58%, para R$ 2,025.
Foi a maior queda da Bolsa e a maior alta do dólar desde 2 de março.
O principal motivo para a queda da Bolsa ontem foi o recuo dos preços das commodities (matérias-primas, como petróleo e aço) no mercado internacional, que têm peso de 50% no índice. Com a piora do humor dos investidores e o movimento de venda de ações para embolsar ganhos recentes, o saldo de investimentos (compras menos vendas) estrangeiros na Bovespa em junho está negativo em R$ 1,495 bilhão até dia 18. Se encerrar assim, será o primeiro mês negativo desde fevereiro.
Pelas previsões divulgadas ontem pelo Bird, a melhora para o Brasil só vem em 2010, com um crescimento de 2,5% (e de 4,1% em 2011). Segundo a instituição, a produção industrial brasileira vai cair 1,1% em 2009 e voltará a crescer — 2,5% — somente ano que vem. O banco destaca em seu relatório sobre a América Latina — cuja economia deverá encolher 2,2% este ano e crescer 2% em 2010 — que o Brasil é o país mais resistente na região a choques de demanda vindos do exterior por causa do peso menor das exportações em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de bens e serviços produzidos no país) e pelo espaço ainda grande do Banco Central (BC) para cortes adicionais de juros em sua política monetária.
Analistas também preveem recuo maior
Ainda assim, diz o Bird, com a queda de 48% no fluxo de capitais privados para os países emergentes este ano — de US$ 707 bilhões em 2008 para US$ 363 bilhões em 2009 —, as economias da América Latina, incluindo o Brasil, não reagirão a ponto de fazer suas economias voltarem a crescer. Rogério Studart, diretor-executivo representante do Brasil no Bird, diz que a análise do banco é profunda, mas num quadro de mudanças econômicas muito rápidas, as conclusões do estudo já estão defasadas: — O banco trabalha num ritmo mais lento e usa indicadores mais antigos para fazer suas previsões. Os resultados que estão sendo divulgados agora já mostram uma inversão das expectativas que o estudo não incluiu.
O governo brasileiro mantém estimativa mais otimista este ano e espera crescimento de 1%. Mas os analistas no Brasil também pioraram suas previsões. Segundo a pesquisa semanal Focus, elaborada pelo BC, os economistas estimam retração de 0,57% para o PIB em 2009, 0,02 ponto percentual maior que na semana anterior. Para 2010, a previsão permaneceu em 3,5%.
A consultoria Tendências também piorou sua estimativa: de expansão de 0,3% para este ano, para recuo de 0,6%.
Já o Itaú Unibanco melhorou e agora calcula contração de 1% este ano, contra previsão anterior de -2%.
O ritmo do PIB foi um dos principais temas da reunião fechada do BC com economistas no Rio, coordenada pelos diretores de Política Econômica, Mario Mesquita, e de Política Monetária, Mario Torós, e acompanhado pelo presidente da instituição, Henrique Meirelles, por videoconferência, de Paris.
Segundo um economista presente ao encontro, a principal preocupação do BC é o crescimento do país e não a inflação, que pode ser negativa ou próxima de zero em 2009.
Também ontem o diretor da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, disse que as maiores economias do mundo vão recuar em 2009 e o problema do desemprego vai se prolongar.
A organização prevê declínio de 4,3% para os 30 países do bloco este ano e queda de 0,1% em 2010.
— Quando a economia voltar a crescer, o emprego ainda estará diminuindo.
Quando você tem uma queda muito forte e profunda do emprego, são necessários anos para que ele se recupere — disse ele à TV Reuters.
Com as operações domésticas duramente afetadas justamente por pesadas perdas nos EUA e na Europa, o Citigroup tem hoje mais da metade dos seus resultados globais obtidos em países em desenvolvimento, que, nas atividades de banco comercial de varejo, têm fatia de 75% do total.
A informação foi dada ontem pelo presidente executivo do banco, Vikram Pandit, que faz sua segunda visita ao país. Na primeira vez que esteve no Brasil, em novembro, ele afirmara que os emergentes respondiam por 35% dos ganhos globais do grupo. Segundo ele, os países emergentes vão se “descolar” dos graves problemas que atingem as economias desenvolvidas, o que os torna estratégicos para a recuperação financeira do grupo.
— O Brasil é parte-chave desse processo — afirmou.
No Brasil, o bom desempenho das vendas ao exterior possibilitou o superávit de US$ 1,131 bilhão na balança comercial na terceira semana de junho, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
As exportações somaram US$ 3,435 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 2,304 bilhões. Nas três primeiras semanas do mês, o saldo positivo (US$ 3,076 bilhões) já é maior do que o registrado em todo o mês de maio (US$ 2,651 bilhões).
O Banco Mundial (Bird) divulgou ontem relatório em que piora suas projeções para o Brasil: em março, esperava que o país crescesse 0,5% este ano.
Agora, prevê que a economia vai encolher 1,1%. Para o mundo, a estimativa é de retração de 2,9%, enquanto antes esperava recuo de 1,7%. Em um dia de poucos indicadores econômicos como ontem, a notícia caiu como uma bomba no mercado financeiro. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Índice Bovespa (Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas) caiu 3,66%, para 49.494 pontos, perdendo a marca dos 50 mil pontos superada em 18 de maio. O dólar acompanhou o pessimismo e voltou a ser cotado acima de R$ 2, pela primeira vez desde 28 de maio: subiu 2,58%, para R$ 2,025.
Foi a maior queda da Bolsa e a maior alta do dólar desde 2 de março.
O principal motivo para a queda da Bolsa ontem foi o recuo dos preços das commodities (matérias-primas, como petróleo e aço) no mercado internacional, que têm peso de 50% no índice. Com a piora do humor dos investidores e o movimento de venda de ações para embolsar ganhos recentes, o saldo de investimentos (compras menos vendas) estrangeiros na Bovespa em junho está negativo em R$ 1,495 bilhão até dia 18. Se encerrar assim, será o primeiro mês negativo desde fevereiro.
Pelas previsões divulgadas ontem pelo Bird, a melhora para o Brasil só vem em 2010, com um crescimento de 2,5% (e de 4,1% em 2011). Segundo a instituição, a produção industrial brasileira vai cair 1,1% em 2009 e voltará a crescer — 2,5% — somente ano que vem. O banco destaca em seu relatório sobre a América Latina — cuja economia deverá encolher 2,2% este ano e crescer 2% em 2010 — que o Brasil é o país mais resistente na região a choques de demanda vindos do exterior por causa do peso menor das exportações em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de bens e serviços produzidos no país) e pelo espaço ainda grande do Banco Central (BC) para cortes adicionais de juros em sua política monetária.
Analistas também preveem recuo maior
Ainda assim, diz o Bird, com a queda de 48% no fluxo de capitais privados para os países emergentes este ano — de US$ 707 bilhões em 2008 para US$ 363 bilhões em 2009 —, as economias da América Latina, incluindo o Brasil, não reagirão a ponto de fazer suas economias voltarem a crescer. Rogério Studart, diretor-executivo representante do Brasil no Bird, diz que a análise do banco é profunda, mas num quadro de mudanças econômicas muito rápidas, as conclusões do estudo já estão defasadas: — O banco trabalha num ritmo mais lento e usa indicadores mais antigos para fazer suas previsões. Os resultados que estão sendo divulgados agora já mostram uma inversão das expectativas que o estudo não incluiu.
O governo brasileiro mantém estimativa mais otimista este ano e espera crescimento de 1%. Mas os analistas no Brasil também pioraram suas previsões. Segundo a pesquisa semanal Focus, elaborada pelo BC, os economistas estimam retração de 0,57% para o PIB em 2009, 0,02 ponto percentual maior que na semana anterior. Para 2010, a previsão permaneceu em 3,5%.
A consultoria Tendências também piorou sua estimativa: de expansão de 0,3% para este ano, para recuo de 0,6%.
Já o Itaú Unibanco melhorou e agora calcula contração de 1% este ano, contra previsão anterior de -2%.
O ritmo do PIB foi um dos principais temas da reunião fechada do BC com economistas no Rio, coordenada pelos diretores de Política Econômica, Mario Mesquita, e de Política Monetária, Mario Torós, e acompanhado pelo presidente da instituição, Henrique Meirelles, por videoconferência, de Paris.
Segundo um economista presente ao encontro, a principal preocupação do BC é o crescimento do país e não a inflação, que pode ser negativa ou próxima de zero em 2009.
Também ontem o diretor da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, disse que as maiores economias do mundo vão recuar em 2009 e o problema do desemprego vai se prolongar.
A organização prevê declínio de 4,3% para os 30 países do bloco este ano e queda de 0,1% em 2010.
— Quando a economia voltar a crescer, o emprego ainda estará diminuindo.
Quando você tem uma queda muito forte e profunda do emprego, são necessários anos para que ele se recupere — disse ele à TV Reuters.
Com as operações domésticas duramente afetadas justamente por pesadas perdas nos EUA e na Europa, o Citigroup tem hoje mais da metade dos seus resultados globais obtidos em países em desenvolvimento, que, nas atividades de banco comercial de varejo, têm fatia de 75% do total.
A informação foi dada ontem pelo presidente executivo do banco, Vikram Pandit, que faz sua segunda visita ao país. Na primeira vez que esteve no Brasil, em novembro, ele afirmara que os emergentes respondiam por 35% dos ganhos globais do grupo. Segundo ele, os países emergentes vão se “descolar” dos graves problemas que atingem as economias desenvolvidas, o que os torna estratégicos para a recuperação financeira do grupo.
— O Brasil é parte-chave desse processo — afirmou.
No Brasil, o bom desempenho das vendas ao exterior possibilitou o superávit de US$ 1,131 bilhão na balança comercial na terceira semana de junho, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
As exportações somaram US$ 3,435 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 2,304 bilhões. Nas três primeiras semanas do mês, o saldo positivo (US$ 3,076 bilhões) já é maior do que o registrado em todo o mês de maio (US$ 2,651 bilhões).
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