Carta do diretor de redação Helio Gurovitz
DEU NA REVISTA ÉPOCA
A palavra Neda significa voz, ou chamado, em persa – a língua falada no Irã. Ao longo da semana passada, uma mulher de nome Neda Agha- -Soltan se tornou o mais novo símbolo na luta iraniana pela democracia. Sua voz se fez ouvir por meio de um vídeo, visto por milhões de pessoas, em que o corpo ensanguentado de Neda perde a vida, depois de levar um tiro no peito durante protestos nas ruas de Teerã. O assassinato de Neda, brutal e chocante, trouxe à cena a importância das mulheres nesse combate. Uma das líderes da revolta em Teerã é Zahra Rahnavard, mulher do candidato oposicionista Mir Hossein Mousavi. Por seu perfil político destacado, Zahra chegou a ser comparada a Michelle Obama, a carismática primeira-dama americana.
O século passado foi crucial para as conquistas femininas no mundo todo. É comum, entre mulheres da geração que chegou à idade adulta nos anos 60 e 70, um sentimento de orgulho pela ascensão no mercado de trabalho e até um sentido de rivalidade com os homens pela disputa de espaço na sociedade. Quando olhamos a situação das mulheres em um país como o Irã, onde elas protestam contra, entre tantas coisas, o papel secundário que a lei e os costumes lhes reservam, sentimentos como esses se tornam perfeitamente compreensíveis.
É importante, nessas horas, também reconhecer como o mundo e o Brasil evoluíram na inclusão das mulheres. Quando eu era criança, minha mãe era uma exceção. Ela sempre trabalhou, ganhava mais que meu pai e cuidava das contas da casa. E não havia entre os dois, num casamento que durou 43 anos até a morte do meu pai, nenhum outro sentimento além de amor. Talvez, por isso, eu sempre tenha visto com um grão de ceticismo a revolta militante de algumas mulheres contra o que chamam de “tirania masculina”.
Hoje, homens e mulheres são, felizmente, vistos como iguais na sociedade e na maioria das profissões, mesmo naquelas antes tidas como redutos masculinos. Pego com cada vez mais frequência táxis dirigidos por mulheres. Na semana passada, voei de Brasília a São Paulo num avião comandado por uma mulher. E uma das candidaturas à Presidência da República é da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil. Se ela conseguir vencer o câncer linfático e a extenuante corrida eleitoral, o Brasil poderá ter a primeira presidenta de sua história. A forma como a sociedade encara essa possibilidade é a maior prova de como o Brasil conseguiu superar os estereótipos machistas.
No jornalismo, as mulheres têm há muito tempo papel de destaque. Tivemos uma prova recente disso em ÉPOCA, com o êxito do blog Mulher 7x7, escrito por sete jornalistas mulheres. Desde a estreia, o blog, que trata de temas de interesse feminino, se tornou o segundo na lista de nossos blogs mais acessados. O Mulher 7x7 é feito por três paulistanas, três cariocas e uma limeirense, que ficam em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Com idades de 26 a 54 anos, casadas e solteiras, com filho e sem filho. A diversidade que representam são uma amostra do fascinante universo feminino, e seu sucesso um reflexo das conquistas femininas na sociedade brasileira – conquistas de que um país como o Irã ainda parece distante, como revela o triste exemplo de Neda.
DEU NA REVISTA ÉPOCA
A palavra Neda significa voz, ou chamado, em persa – a língua falada no Irã. Ao longo da semana passada, uma mulher de nome Neda Agha- -Soltan se tornou o mais novo símbolo na luta iraniana pela democracia. Sua voz se fez ouvir por meio de um vídeo, visto por milhões de pessoas, em que o corpo ensanguentado de Neda perde a vida, depois de levar um tiro no peito durante protestos nas ruas de Teerã. O assassinato de Neda, brutal e chocante, trouxe à cena a importância das mulheres nesse combate. Uma das líderes da revolta em Teerã é Zahra Rahnavard, mulher do candidato oposicionista Mir Hossein Mousavi. Por seu perfil político destacado, Zahra chegou a ser comparada a Michelle Obama, a carismática primeira-dama americana.
O século passado foi crucial para as conquistas femininas no mundo todo. É comum, entre mulheres da geração que chegou à idade adulta nos anos 60 e 70, um sentimento de orgulho pela ascensão no mercado de trabalho e até um sentido de rivalidade com os homens pela disputa de espaço na sociedade. Quando olhamos a situação das mulheres em um país como o Irã, onde elas protestam contra, entre tantas coisas, o papel secundário que a lei e os costumes lhes reservam, sentimentos como esses se tornam perfeitamente compreensíveis.
É importante, nessas horas, também reconhecer como o mundo e o Brasil evoluíram na inclusão das mulheres. Quando eu era criança, minha mãe era uma exceção. Ela sempre trabalhou, ganhava mais que meu pai e cuidava das contas da casa. E não havia entre os dois, num casamento que durou 43 anos até a morte do meu pai, nenhum outro sentimento além de amor. Talvez, por isso, eu sempre tenha visto com um grão de ceticismo a revolta militante de algumas mulheres contra o que chamam de “tirania masculina”.
Hoje, homens e mulheres são, felizmente, vistos como iguais na sociedade e na maioria das profissões, mesmo naquelas antes tidas como redutos masculinos. Pego com cada vez mais frequência táxis dirigidos por mulheres. Na semana passada, voei de Brasília a São Paulo num avião comandado por uma mulher. E uma das candidaturas à Presidência da República é da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil. Se ela conseguir vencer o câncer linfático e a extenuante corrida eleitoral, o Brasil poderá ter a primeira presidenta de sua história. A forma como a sociedade encara essa possibilidade é a maior prova de como o Brasil conseguiu superar os estereótipos machistas.
No jornalismo, as mulheres têm há muito tempo papel de destaque. Tivemos uma prova recente disso em ÉPOCA, com o êxito do blog Mulher 7x7, escrito por sete jornalistas mulheres. Desde a estreia, o blog, que trata de temas de interesse feminino, se tornou o segundo na lista de nossos blogs mais acessados. O Mulher 7x7 é feito por três paulistanas, três cariocas e uma limeirense, que ficam em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Com idades de 26 a 54 anos, casadas e solteiras, com filho e sem filho. A diversidade que representam são uma amostra do fascinante universo feminino, e seu sucesso um reflexo das conquistas femininas na sociedade brasileira – conquistas de que um país como o Irã ainda parece distante, como revela o triste exemplo de Neda.
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