A crise no Senado pode caminhar para uma solução com a saída do senador José Sarney da presidência, mas ele tem a seu favor, além do peso indiscutível junto a seus pares, uma intrincada armação política que leva em conta problemas pessoais e até mesmo a campanha eleitoral que começa no ano que vem. O vice de Sarney é o senador tucano Marconi Perillo, e a última coisa que o Palácio do Planalto quer é que o PSDB assuma o Senado no ano eleitoral. Além do mais, há um problema específico com Perillo, de quem o presidente Lula definitivamente não gosta.
Quando governador de Goiás, na época do mensalão, Marconi Perillo disse que havia alertado cerca de um ano antes o presidente Lula de que estava havendo “mesada” a deputados no seu governo. A revelação trouxe problemas para Lula, que dizia que nada sabia.
Para complicar mais a situação política, Marconi Perillo está em oposição a Henrique Meirelles, que pretende concorrer ao governo do estado ou ao Senado.
Há problemas mais delicados ainda, envolvendo a saúde do vice-presidente José Alencar. No ano que vem, o presidente da Câmara, Michel Temer, será candidato a algum posto — ou à reeleição, ou a vice em alguma chapa, seja do governo, seja da oposição — e não poderá assumir a Presidência caso o vice Alencar não esteja em condições.
O substituto imediato é o presidente do Senado, e Lula quer contar com Sarney nesse papel, para que possa viajar ao exterior sem preocupações com a campanha eleitoral.
Mais ainda, Sarney é o principal apoio ao projeto de Lula dentro do PMDB, e, enfraquecido, já estaria perdendo poder político dentro do partido.
O receio é que essa crise enfraqueça tanto Sarney que o PMDB se volte para o apoio ao candidato do PSDB, o que seria desastroso para a campanha de Dilma Rousseff, que perderia, sobretudo, o tempo de televisão.
Nessa disputa paralela, a reunião da próxima terçafeira da direção nacional do DEM pode enfraquecer ainda mais Sarney.
Embora seja improvável que o partido assuma oficialmente a tese do “fora Sarney”, que já foi encampada pelo senador Demóstenes Torres, é possível que a nota a ser divulgada já não apresente uma defesa tão irrestrita a Sarney, exigindo apurações sobre as negociações que rolam no Senado, inclusive o crédito consignado em que seu neto atua.
O primeiro-secretário Heráclito Fortes pretende, a partir de amanhã, começar a desmontar o esquema de Agaciel Maia, e os gestores dos contratos de compras e terceirizações do Senado serão trocados. Ele tem dito que a crise administrativa será resolvida, mas ele nada pode fazer quanto à crise política.
Outro elemento desestabilizador desse processo é a ação do PSOL, que, embora com apenas um senador, José Nery, do Pará, já ameaçou pedir uma CPI sobre o Senado e, sentindo que não teria receptividade no momento dentro da Casa, resolveu partir para a mobilização nas ruas.
A mobilização começou na sexta-feira no Rio, na Praça Mário Lago (antigo Buraco do Lume), no Centro do Rio, quando foi lançado o abaixo-assinado, em Porto Alegre, em São Luís, e amanhã o partido levará o movimento a São Paulo.
A ideia é “jogar a crise na rua”, na esperança de que, nas palavras do deputado federal Chico Alencar, “a massa popular se interesse, se agite, reverbere”.
Sabedores de que nem a proposta de CPI para a máfia do Senado nem a representação contra Sarney têm chances de prosperar, diz Chico Alencar, “combinamos a ação institucional coerente com a presença nas ruas: a velha ‘agitação e propaganda’ de causas que interessem à sociedade brasileira”.
Na análise do PSOL, “nossas elites são experimentadas em acordos pelo alto, e só aceitam perder, no limite, alguns anéis para manter os dedos. A nós, por concepção política, cabe horizontalizar a cidadania, fazer política no espaço aberto das ruas”.
Ele lamenta que partidos de gênese de esquerd a , com o PT e PC d o B , “têm progressivamente abandonado esta ação militante, burocratizando-se nos confortáveis nichos de poder que a Era Lula oferece com fartura”.
O PSOL, para sobreviver, acha que não tem outro caminho se não o da mobilização, e está acrescentando um dado novo à crise do Senado: ela está sendo levada organizadamente às ruas, com o mote “CPI da Máfia do Senado e Sarney afastado”.
Chico Alencar considera “impressionante” a adesão popular, embora admita que é sublinhada com o travo da descrença, com algumas pessoas dizendo: “Vou assinar, mas essa política não tem mais jeito...
Tira um , vem outro da mesma laia!”.
O PSOL acha que, “com argumentação política, o povo se põe em movimento, a indignação se organiza.
E ninguém aceita a postura do Lula, mesmo aqueles que gostam do cara”, analisa Chico Alencar.
A questão é saber até que ponto a população está realmente mobilizada com essa crise no Senado que parece não ter fim.
Há quem considere que a mobilização política atual é feita muito mais pela internet e pelos novos meios de comunicação, como o twitter e os sites de relacionamento, do que em manifestações de rua.
De qualquer maneira, seja de que jeito for, os senadores que este fim de semana estão em seus redutos eleitorais poderão sentir de perto a reação. Na crise anterior, que culminou com a saída do senador Renan Calheiros da presidência do Senado, ela sempre recrudescia depois do fim de semana.
E os políticos sabem ouvir “ a voz rouca das ruas”, como o ex-deputado Ulysses Guimarães definia a opinião pública.
Quando governador de Goiás, na época do mensalão, Marconi Perillo disse que havia alertado cerca de um ano antes o presidente Lula de que estava havendo “mesada” a deputados no seu governo. A revelação trouxe problemas para Lula, que dizia que nada sabia.
Para complicar mais a situação política, Marconi Perillo está em oposição a Henrique Meirelles, que pretende concorrer ao governo do estado ou ao Senado.
Há problemas mais delicados ainda, envolvendo a saúde do vice-presidente José Alencar. No ano que vem, o presidente da Câmara, Michel Temer, será candidato a algum posto — ou à reeleição, ou a vice em alguma chapa, seja do governo, seja da oposição — e não poderá assumir a Presidência caso o vice Alencar não esteja em condições.
O substituto imediato é o presidente do Senado, e Lula quer contar com Sarney nesse papel, para que possa viajar ao exterior sem preocupações com a campanha eleitoral.
Mais ainda, Sarney é o principal apoio ao projeto de Lula dentro do PMDB, e, enfraquecido, já estaria perdendo poder político dentro do partido.
O receio é que essa crise enfraqueça tanto Sarney que o PMDB se volte para o apoio ao candidato do PSDB, o que seria desastroso para a campanha de Dilma Rousseff, que perderia, sobretudo, o tempo de televisão.
Nessa disputa paralela, a reunião da próxima terçafeira da direção nacional do DEM pode enfraquecer ainda mais Sarney.
Embora seja improvável que o partido assuma oficialmente a tese do “fora Sarney”, que já foi encampada pelo senador Demóstenes Torres, é possível que a nota a ser divulgada já não apresente uma defesa tão irrestrita a Sarney, exigindo apurações sobre as negociações que rolam no Senado, inclusive o crédito consignado em que seu neto atua.
O primeiro-secretário Heráclito Fortes pretende, a partir de amanhã, começar a desmontar o esquema de Agaciel Maia, e os gestores dos contratos de compras e terceirizações do Senado serão trocados. Ele tem dito que a crise administrativa será resolvida, mas ele nada pode fazer quanto à crise política.
Outro elemento desestabilizador desse processo é a ação do PSOL, que, embora com apenas um senador, José Nery, do Pará, já ameaçou pedir uma CPI sobre o Senado e, sentindo que não teria receptividade no momento dentro da Casa, resolveu partir para a mobilização nas ruas.
A mobilização começou na sexta-feira no Rio, na Praça Mário Lago (antigo Buraco do Lume), no Centro do Rio, quando foi lançado o abaixo-assinado, em Porto Alegre, em São Luís, e amanhã o partido levará o movimento a São Paulo.
A ideia é “jogar a crise na rua”, na esperança de que, nas palavras do deputado federal Chico Alencar, “a massa popular se interesse, se agite, reverbere”.
Sabedores de que nem a proposta de CPI para a máfia do Senado nem a representação contra Sarney têm chances de prosperar, diz Chico Alencar, “combinamos a ação institucional coerente com a presença nas ruas: a velha ‘agitação e propaganda’ de causas que interessem à sociedade brasileira”.
Na análise do PSOL, “nossas elites são experimentadas em acordos pelo alto, e só aceitam perder, no limite, alguns anéis para manter os dedos. A nós, por concepção política, cabe horizontalizar a cidadania, fazer política no espaço aberto das ruas”.
Ele lamenta que partidos de gênese de esquerd a , com o PT e PC d o B , “têm progressivamente abandonado esta ação militante, burocratizando-se nos confortáveis nichos de poder que a Era Lula oferece com fartura”.
O PSOL, para sobreviver, acha que não tem outro caminho se não o da mobilização, e está acrescentando um dado novo à crise do Senado: ela está sendo levada organizadamente às ruas, com o mote “CPI da Máfia do Senado e Sarney afastado”.
Chico Alencar considera “impressionante” a adesão popular, embora admita que é sublinhada com o travo da descrença, com algumas pessoas dizendo: “Vou assinar, mas essa política não tem mais jeito...
Tira um , vem outro da mesma laia!”.
O PSOL acha que, “com argumentação política, o povo se põe em movimento, a indignação se organiza.
E ninguém aceita a postura do Lula, mesmo aqueles que gostam do cara”, analisa Chico Alencar.
A questão é saber até que ponto a população está realmente mobilizada com essa crise no Senado que parece não ter fim.
Há quem considere que a mobilização política atual é feita muito mais pela internet e pelos novos meios de comunicação, como o twitter e os sites de relacionamento, do que em manifestações de rua.
De qualquer maneira, seja de que jeito for, os senadores que este fim de semana estão em seus redutos eleitorais poderão sentir de perto a reação. Na crise anterior, que culminou com a saída do senador Renan Calheiros da presidência do Senado, ela sempre recrudescia depois do fim de semana.
E os políticos sabem ouvir “ a voz rouca das ruas”, como o ex-deputado Ulysses Guimarães definia a opinião pública.
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