Adauri Antunes Barbosa
DEU EM O GLOBO
Para evitar desgastar sua imagem com as reiteradas defesas públicas de José Sarney (PMDB-AP), aliado que, segundo afirmou, não pode julgado como pessoa comum, o presidente Lula mudou o tom e tenta manter distância da crise no Senado, pelo menos no discurso. "Não é problema meu. Não votei para eleger o presidente Sarney presidente do Senado", disse Lula ontem. Nos bastidores, o governo continua trabalhando pela permanência de Sarney, tentando enquadrar o PT.
"Não é problema meu", diz Lula sobre Sarney
Presidente muda o tom para evitar desgaste com defesa do aliado, mas nos bastidores continua a articular em seu favor
SÃO PAULO. Depois de afirmar que José Sarney (PMDB-AP) não deveria ser tratado como uma pessoa comum e de defender diversas vezes sua permanência na presidência do Senado, incluindo tentativas de enquadrar o PT no apoio ao senador e de desautorizar decisões da bancada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o tom e afirmou ontem que a crise do Senado não é problema dele.
Semana passada, em reunião do Conselho Político, o presidente foi aconselhado a deixar a linha de frente da defesa de Sarney para evitar desgastar sua imagem. Nos bastidores, porém, o governo trabalha pelo presidente do Senado, com apoio da direção do PT.
Lula negou que tenha marcado uma conversa com o senador para tratar de seu afastamento da presidência do Senado e disse até que não votou para eleger Sarney para o cargo.
Mas em fevereiro, quando Sarney foi eleito, apesar de o PT ter disputado o posto com Tião Viana (AC), o Planalto trabalhou nos bastidores pela vitória do aliado do PMDB.
— Não é um problema meu.
Eu não votei para eleger o presidente Sarney presidente do Senado. Nem votei para ele ser senador pelo Maranhão (na verdade, Sarney foi eleito pelo Amapá), nem votei no Temer, nem votei para o Arthur Virgílio, não votei para ninguém. Votei nos senadores de São Paulo.
Então, quem tem que decidir se o presidente Sarney continua presidente do Senado é o Senado.
Somente o Senado, que o elegeu, é que pode dizer se ele vai ficar ou não; não sou eu — afirmou ontem Lula.
Recesso deve “esfriar cabeça de senadores”, diz Lula Em entrevista ao lado da presidente do Chile, Michelle Bachelet, ontem, na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Lula disse esperar que o recesso parlamentar sirva para “esfriar a cabeça” dos senadores e que, na volta, eles “decidam normalizar a atuação do Senado” porque a paralisação das votações traz problemas para o país.
— Todo mundo sabe que a paralisia do Legislativo pode criar problemas para o país, projetos importantes podem ser retardados. Estou convencido que as pessoas têm compreensão do momento que o Brasil vive, e que tem medidas que nós mandamos para poder combater a crise econômica que ainda estão para serem votadas e que, portanto, nós não podemos perder tempo. Temos que votar essas coisas. Espero que os senadores se acertem e que passem a fazer o debate político que precisa ser feito e a votar as coisas que precisam ser votadas.
Lula afirmou que não recebeu qualquer pedido de Sarney para uma conversa, mas garantiu que está aberto ao diálogo: — Não há pedido de conversa com o presidente Sarney. O presidente Sarney e o presidente da Câmara, à hora que pedirem uma conversa comigo, terão uma conversa comigo, porque é de boa política o presidente da República atender aos presidentes dos poderes.
Mesmo diante da insistência da pergunta, Lula não comentou a articulação de senadores do PT para que Sarney se licencie do cargo.
— Como vocês acham que eu posso falar sobre o destino da bancada do PT se eles estão de férias e só voltam segundafeira? Liguem para os líderes do PT na Câmara e no Congresso. Faz três anos que não participo das reuniões do diretório do partido. Liguem para o Ricardo Berzoini (presidente nacional do PT) na segunda-feira — disse.
DEU EM O GLOBO
Para evitar desgastar sua imagem com as reiteradas defesas públicas de José Sarney (PMDB-AP), aliado que, segundo afirmou, não pode julgado como pessoa comum, o presidente Lula mudou o tom e tenta manter distância da crise no Senado, pelo menos no discurso. "Não é problema meu. Não votei para eleger o presidente Sarney presidente do Senado", disse Lula ontem. Nos bastidores, o governo continua trabalhando pela permanência de Sarney, tentando enquadrar o PT.
"Não é problema meu", diz Lula sobre Sarney
Presidente muda o tom para evitar desgaste com defesa do aliado, mas nos bastidores continua a articular em seu favor
SÃO PAULO. Depois de afirmar que José Sarney (PMDB-AP) não deveria ser tratado como uma pessoa comum e de defender diversas vezes sua permanência na presidência do Senado, incluindo tentativas de enquadrar o PT no apoio ao senador e de desautorizar decisões da bancada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o tom e afirmou ontem que a crise do Senado não é problema dele.
Semana passada, em reunião do Conselho Político, o presidente foi aconselhado a deixar a linha de frente da defesa de Sarney para evitar desgastar sua imagem. Nos bastidores, porém, o governo trabalha pelo presidente do Senado, com apoio da direção do PT.
Lula negou que tenha marcado uma conversa com o senador para tratar de seu afastamento da presidência do Senado e disse até que não votou para eleger Sarney para o cargo.
Mas em fevereiro, quando Sarney foi eleito, apesar de o PT ter disputado o posto com Tião Viana (AC), o Planalto trabalhou nos bastidores pela vitória do aliado do PMDB.
— Não é um problema meu.
Eu não votei para eleger o presidente Sarney presidente do Senado. Nem votei para ele ser senador pelo Maranhão (na verdade, Sarney foi eleito pelo Amapá), nem votei no Temer, nem votei para o Arthur Virgílio, não votei para ninguém. Votei nos senadores de São Paulo.
Então, quem tem que decidir se o presidente Sarney continua presidente do Senado é o Senado.
Somente o Senado, que o elegeu, é que pode dizer se ele vai ficar ou não; não sou eu — afirmou ontem Lula.
Recesso deve “esfriar cabeça de senadores”, diz Lula Em entrevista ao lado da presidente do Chile, Michelle Bachelet, ontem, na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Lula disse esperar que o recesso parlamentar sirva para “esfriar a cabeça” dos senadores e que, na volta, eles “decidam normalizar a atuação do Senado” porque a paralisação das votações traz problemas para o país.
— Todo mundo sabe que a paralisia do Legislativo pode criar problemas para o país, projetos importantes podem ser retardados. Estou convencido que as pessoas têm compreensão do momento que o Brasil vive, e que tem medidas que nós mandamos para poder combater a crise econômica que ainda estão para serem votadas e que, portanto, nós não podemos perder tempo. Temos que votar essas coisas. Espero que os senadores se acertem e que passem a fazer o debate político que precisa ser feito e a votar as coisas que precisam ser votadas.
Lula afirmou que não recebeu qualquer pedido de Sarney para uma conversa, mas garantiu que está aberto ao diálogo: — Não há pedido de conversa com o presidente Sarney. O presidente Sarney e o presidente da Câmara, à hora que pedirem uma conversa comigo, terão uma conversa comigo, porque é de boa política o presidente da República atender aos presidentes dos poderes.
Mesmo diante da insistência da pergunta, Lula não comentou a articulação de senadores do PT para que Sarney se licencie do cargo.
— Como vocês acham que eu posso falar sobre o destino da bancada do PT se eles estão de férias e só voltam segundafeira? Liguem para os líderes do PT na Câmara e no Congresso. Faz três anos que não participo das reuniões do diretório do partido. Liguem para o Ricardo Berzoini (presidente nacional do PT) na segunda-feira — disse.
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