sábado, 22 de agosto de 2009

FHC diz que candidatura de Marina é um "avanço"

DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Ex-presidente expressa dúvidas sobre o êxito da senadora na eleição de 2010

Tucano considera porém que sua presença obrigará os candidatos a "discutir com mais seriedade" os problemas ambientais

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que considera um "avanço" a possível candidatura da senadora Marina Silva (sem partido-AC) ao Planalto por abrir "debate sobre as questões do desenvolvimento sustentável".

Apesar de classificar a ex-petista como uma "mulher séria", o tucano manifestou dúvidas sobre os resultados eleitorais da provável candidata do PV.

Para ele, o sucesso dela não dependerá de "apoio ou dinheiro": "[Marina] vai ser capaz de falar com o país, com vocês, com essas máquinas [filmadoras e fotográficas] que assustam a gente? Transmitir uma mensagem que o povo capte? Se for capaz, ganha voto. Se não, [mesmo] com todo apoio do mundo, não ganha voto".

Mas afirmou que a presença dela impõe a discussão de temas como aquecimento global: "Não acho que seja fácil para ela em termos de resultados eleitorais, mas todos os candidatos vão ter que discutir com mais seriedade a questão do aquecimento global, do desenvolvimento sustentável".

Incógnita

Na última pesquisa Datafolha, Marina atingiu 3% das intenções de voto. O governador José Serra (PSDB) lidera com percentuais que variam entre 32% e 44%, de acordo com o cenário. A ministra Dilma Rousseff (PT) obtém entre 16% e 24%; o deputado federal Ciro Gomes (PSB), entre 14% e 23%; e a vereadora Heloísa Helena (PSOL), entre 12% e 24%.

Para FHC, ainda é cedo para mensurar o impacto da candidatura da ex-ministra do Meio Ambiente. Questionado se isso ajudaria o candidato do PSDB, afirmou: "Não sei. Tomara".
Já o comando do PSDB avalia o lançamento da candidatura de Marina como positivo.

Associada à de Ciro Gomes (PSB-CE), a candidatura do PV quebrará a polarização que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentava imprimir à campanha já no primeiro turno. A avaliação é que tanto Marina como Ciro vão expor críticas ao governo federal, impondo obstáculos à candidatura de Dilma.

O tucanato também avalia que a aproximação com o ex-presidente Fernando Collor de Mello e o esforço para consolidação da aliança com o PMDB produziram desgastes na imagem do PT. O PSDB está disposto a vincular a imagem de Dilma à de Sarney e explorar a saída de Marina como uma demonstração de insatisfação com os rumos do PT.

A candidatura de Marina, que saiu esta semana do PT criticando a política ambiental do governo Lula, foi o único assunto político que FHC aceitou tratar após participar de reunião da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia.

Ele afirmou que, durante seu governo (1995-2002), Marina, na oposição, fazia "crítica que podia compartilhar": "Conheço a Marina há muitos anos, foi oposição ao meu governo. Mas isso não a limitava a enviar cartas muito boas, que tenho guardadas até hoje", declarou.

FHC afirmou que manteve contato com a senadora mesmo quando ela esteve no Ministério do Meio Ambiente. "Quando ela tinha dificuldades, em momentos de votação, e precisava de apoio da oposição, ela me ligava. Quando podia eu ajudava, porque é uma mulher séria", afirmou o ex-presidente.

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