NESTA SEMANA acontecem dois eventos de grande significado. O Workshop Internacional sobre Soluções para o Desmatamento e Emissões de Gases de Efeito Estufa Causadas pela Expansão da Pecuária, promovido pela ONG Amigos da Terra, e o seminário Mudanças Climáticas -Oportunidades para uma Economia de Baixo Carbono, promovido pelo Fórum Amazônia Sustentável, pelo Instituto Ethos e pela empresa Vale.
No primeiro, o desafio é esboçar, em termos tecnológicos, financeiros, de mercado e de políticas públicas, os requerimentos para viabilizar uma produção pecuária sustentável no país, sem desmatamento e sem emissão de gases de efeito estufa. No segundo, 20 entidades e empresas privadas lançam carta aberta ao Brasil, apresentando seus compromissos voluntários para a redução de emissões de gases do efeito estufa.
Dessa forma, fortalecem a visão de que a adoção de compromissos mais fortes, como metas obrigatórias de redução de emissões, ao contrário do que alguns setores apregoam, favorece a competitividade do país, criando um diferencial para produtos e empresas nacionais no mercado global.
Juntem-se essas iniciativas a outras já realizadas ou em processo e constataremos que a economia de baixo carbono não é uma teoria do gueto, como ainda se quer fazer crer. Número crescente de empresas, em vários setores, entenderam que ela é irreversível e que a melhor estratégia é iniciar a transição já, para não serem tragados pela obsolescência num ponto de não retorno.
Estamos na fronteira de uma era.
Compreendê-la e vivê-la plenamente significa ter capacidade de trânsito e habilidade para entender pontos de vista alheios, dialogando com eles. Não sem razão, as iniciativas e eventos de caráter socioambiental são aqueles que naturalmente conseguem juntar empresas de vários setores da economia, órgãos públicos, organizações não governamentais, comunidades, academia, movimentos sociais.
Os grandes atores da economia finalmente percebem que o meio ambiente é parte do business e que não se pode ignorá-lo, sob pena de todos perderem.As mudanças climáticas já chegaram ao mundo real do mercado, que certamente não perdeu a sua lógica, pautada pela realização do lucro. Está apenas reconhecendo, claramente, uma ruptura em curso na história. E, pragmática e inteligentemente, se adapta a ela. A uma velocidade maior do que a do sistema político, que ainda patina na sua cultura pesada, inviável, insustentável.
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