DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Promessas de candidatos são rotinas das campanhas eleitorais. Há uma questão mais complexa: a projeção dos cenários nos quais o novo governo atuará.FHC afirma que a política econômica atual é igual a sua. Elimina a gestão econômica como diferenciadora. O cenário econômico futuro não afetará o eleitor. FHC afirma que os programas de inclusão social do governo Lula são continuidade dos seus e que os indicadores sociais são projeções das curvas anteriores. Portanto, o social será percebido, também, como de continuidade.
Com isso, outras questões entram na diferenciação das candidaturas. Uma delas é clássica em eleições: o novo x o velho. Não se trata apenas de fazer memória do segundo governo FHC, como tenta o governo. O ponto central é a imagem transmitida pelos candidatos e como personalizam essa disjuntiva.
A oposição pode ser afetada pelo passado. O governo reforçará a ideia de um futuro igual ao presente ou de nenhum novo futuro. O novo fica disponível.
A Federação é outro elemento presente nesses 120 anos de República. Vem desde a frustrada Assembleia Constituinte de 1823. Atravessou o Império. Traumatizou a sucessão de Rodrigues Alves em 1906. Inaugurou a política do café (SP) com leite (MG). Em 1918, Alves, outra vez eleito, morre antes de assumir. Assume seu vice, o mineiro Delfim Moreira.
A insistência de Washington Luís com Júlio Prestes, governador de São Paulo, levou à Revolução de 30.
Na reeleição de Lula, o imaginário popular o transferiu de São Paulo, onde vivia havia 50 anos, para o Nordeste, e a continuidade regional ficou com o adversário. Em 2010, Lula terá uma candidata com domicílio neutro: Brasília. Não se tem foto de fim de semana com a família em Minas ou no Rio Grande do Sul. Essa imagem de candidata sem origem e sem família, além de mãe do PAC, seria fatal nos EUA. Por aqui não se sabe ainda.
Finalmente, há que se projetar o ambiente político-social para o próximo governo. A nível político-parlamentar, não haverá novidade. A base aliada de hoje é a mesma de ontem e será a mesma de amanhã.
Mas o ambiente político-social tende à complexidade. Os sindicatos, associações e ONGs políticas vivem incrustados no Estado. Fora do poder, tenderão à radicalização.
Os "piqueteiros" de Kirchner são exemplos. A paz social "contratada" pelo governo atual poderia ser desestabilizada. A menos que a gestão política para eles demonstre que seus espaços serão mantidos, mas de outra forma. Estes três elementos no ambiente futuro -novo/velho, a Federação e a estabilidade social- devem marcar o imaginário do eleitor em 2010.
Cesar Maia escreve aos sábados nesta coluna.
Promessas de candidatos são rotinas das campanhas eleitorais. Há uma questão mais complexa: a projeção dos cenários nos quais o novo governo atuará.FHC afirma que a política econômica atual é igual a sua. Elimina a gestão econômica como diferenciadora. O cenário econômico futuro não afetará o eleitor. FHC afirma que os programas de inclusão social do governo Lula são continuidade dos seus e que os indicadores sociais são projeções das curvas anteriores. Portanto, o social será percebido, também, como de continuidade.
Com isso, outras questões entram na diferenciação das candidaturas. Uma delas é clássica em eleições: o novo x o velho. Não se trata apenas de fazer memória do segundo governo FHC, como tenta o governo. O ponto central é a imagem transmitida pelos candidatos e como personalizam essa disjuntiva.
A oposição pode ser afetada pelo passado. O governo reforçará a ideia de um futuro igual ao presente ou de nenhum novo futuro. O novo fica disponível.
A Federação é outro elemento presente nesses 120 anos de República. Vem desde a frustrada Assembleia Constituinte de 1823. Atravessou o Império. Traumatizou a sucessão de Rodrigues Alves em 1906. Inaugurou a política do café (SP) com leite (MG). Em 1918, Alves, outra vez eleito, morre antes de assumir. Assume seu vice, o mineiro Delfim Moreira.
A insistência de Washington Luís com Júlio Prestes, governador de São Paulo, levou à Revolução de 30.
Na reeleição de Lula, o imaginário popular o transferiu de São Paulo, onde vivia havia 50 anos, para o Nordeste, e a continuidade regional ficou com o adversário. Em 2010, Lula terá uma candidata com domicílio neutro: Brasília. Não se tem foto de fim de semana com a família em Minas ou no Rio Grande do Sul. Essa imagem de candidata sem origem e sem família, além de mãe do PAC, seria fatal nos EUA. Por aqui não se sabe ainda.
Finalmente, há que se projetar o ambiente político-social para o próximo governo. A nível político-parlamentar, não haverá novidade. A base aliada de hoje é a mesma de ontem e será a mesma de amanhã.
Mas o ambiente político-social tende à complexidade. Os sindicatos, associações e ONGs políticas vivem incrustados no Estado. Fora do poder, tenderão à radicalização.
Os "piqueteiros" de Kirchner são exemplos. A paz social "contratada" pelo governo atual poderia ser desestabilizada. A menos que a gestão política para eles demonstre que seus espaços serão mantidos, mas de outra forma. Estes três elementos no ambiente futuro -novo/velho, a Federação e a estabilidade social- devem marcar o imaginário do eleitor em 2010.
Cesar Maia escreve aos sábados nesta coluna.
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