DEU NO VALOR ECONÔMICO
César Felício e Paola de Moura, de Belo Horizonte e do Rio
É em Minas Gerais e no Rio que o PT terá as disputas mais decisivas do Processo de Eleições Diretas deste domingo. A divisão entre os cerca de 40 mil filiados do PT mineiro aptos a votar é menor do que aparenta a inscrição de cinco candidatos a presidente do diretório estadual e 12 chapas locais. Em maior ou menor grau, todas as alas do partido defendem a candidatura própria ao governo estadual nas eleições do próximo ano e não há dissidência em relação ao apoio à candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A única disputa real é entre as candidaturas ao governo estadual do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Os aliados de Pimentel são os favoritos para vencer as eleições de domingo.
Pimentel já conta com o apoio do deputado federal Reginaldo Lopes, presidente do diretório estadual, e do dirigente Aluisio Marques, presidente do diretório municipal. Lopes deve ser reeleito e o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto de Carvalho, um aliado de Pimentel, deve ganhar a eleição municipal. A vitória dos aliados do ex-prefeito é tão provável que sua estratégia é tentar converter a eleição de domingo em uma prévia da escolha do futuro candidato ao governo.
Em todos os últimos embates internos, ficou nítido que Patrus e seus principais aliados, como o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, contam com mais sustentação na cúpula nacional petista, enquanto Pimentel é hegemônico em Minas.
A eleição direta do PT em Minas não deverá impedir a realização de prévias no próximo ano. Os aliados de Patrus já sinalizaram que o ministro permanecerá candidato independente do resultado da disputa interna. "Os colégios eleitorais da eleição interna e da primária não são idênticos", afirmou o secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, que concorre com o apoio de Patrus à presidência estadual da sigla. Um trunfo do ministro é o maior apoio entre os detentores de cargo eletivos, em movimentos sociais e em partidos aliados.
Patrus e Dulci estão em um grupo que conta ainda com o ex-secretário nacional de Direitos Humanos Nilmário Miranda, dois deputados federais, cinco estaduais e os prefeitos de Betim, Governador Valadares e Teófilo Otoni. Patrus ainda conta com a CUT regional. O ministro participa da mesma chapa nacional dos ex-deputados federais José Dirceu e Marta Suplicy, do secretário particular da Presidência, Gilberto Carvalho, e do deputado federal José Genoino.
O ministro tem a simpatia de lideranças de todos os possíveis aliados em 2010 em Minas, com a exceção do PSB, que prefere Pimentel. Mas o ex-prefeito tem cerca do dobro das intenções de voto a Patrus nas pesquisas. E conta com quatro deputados federais e três estaduais, entre eles Cecília Ferramenta que ao lado do marido Chico, comanda as bases de Ipatinga, cidade com o maior número de petistas.
No Rio, o PED reedita disputas históricas com a direção nacional. Parte do PT do Rio tenta novamente se insurgir e lançar candidatura própria ao governo do Estado. O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, lançou-se como um dos concorrentes do atual governador Sérgio Cabral e é apoiado por Vladimir Palmeira e pelo deputado Carlos Santanna. No entanto, o destino é quase certo: "Se a direção do PT não concordar, acabou", afirma o líder do PT na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (SP), que acrescenta que não existe PT do Rio ou de São Paulo, "só existe o PT nacional".
No PED do domingo, dos cinco candidatos a presidente estadual, dois apoiam a proposta de Lindberg e um a da aliança com Garotinho. O prefeito alega que, para Dilma, uma candidatura independente seria o melhor dos mundos, já que, teoricamente, ela teria três palanques no Estado: PT, PMDB e PR de Garotinho. Com entusiasmo, Lindberg diz já ter o apoio do PDT, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) e do PSC. "O PT está muito submisso, mendigando no pé do PMDB", afirmou o prefeito.
Lindberg garante que ainda não foi pressionado pela direção nacional. "Lula até hoje não falou nada". Mas admite já ter tido conversas com o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) e com o ex-ministro José Dirceu. "Mas eles não me pressionam porque sabem que não adianta". Aliado do prefeito na luta pela candidatura, Vladimir Palmeira, que, em 1998, após vencer a candidatura regional para governador, teve que abandonar o projeto e engolir uma aliança com o PDT de Brizola e Garotinho, acredita no projeto de Lindberg. "O Cabral não cumpriu nenhuma das cinco promessas que nos fez", reclama Palmeira. Entre elas a de dar acesso ao núcleo do poder e de não fazer indicações na secretaria dada ao partido. Palmeira também acredita que o PT nacional desta vez não vai se intrometer. "Eles vão ter que brigar com o PT de Minas, do Rio Grande do Sul e da Bahia".
Carlos Santanna, deputado federal mais antigo do PT no Rio, com cinco mandatos é mais radical: "O PT do Rio é um partido de cartório, que não participa da luta da sociedade. Temos que ter posição". Santanna está otimista quanto à vitória do grupo que apoia Lindberg. "Nós vencemos duas vezes nas eleições para o tempo de TV", referindo-se às votações na executiva e no diretório que deu ao prefeito direito a 30 das 40 inserções que o PT do Rio terá na programação dos canais abertos de TV a partir de quarta-feira.
Há, no entanto, quem discorde de Lindberg. O deputado federal Antonio Carlos Biscaia é a favor da aliança com o governador Cabral. "Vejo aspectos positivos no governo, mas não gosto do lado impositivo que não negocia a candidatura e diz que a chapa será Cabral, Pesão e Picciani". No entanto, o deputado acredita que a aliança é melhor para o partido. Biscaia ainda levanta dúvidas sobre o projeto de Lindberg. "Mesmo que o grupo dele vença, temos que ver qual a real intenção. Pode ser que depois, queira negociar", questionou. Biscaia, no entanto, afirma que a decisão do PT do Rio deve ser respeitada - "Não admito intervenção nacional".
Vaccarezza, acredita que esta intevenção não vai ser necessária . "É apenas uma vontade do Lindberg. Tenho a sensação de que a aliança com Cabral sairá vitoriosa no domingo", diz o deputado.
César Felício e Paola de Moura, de Belo Horizonte e do Rio
É em Minas Gerais e no Rio que o PT terá as disputas mais decisivas do Processo de Eleições Diretas deste domingo. A divisão entre os cerca de 40 mil filiados do PT mineiro aptos a votar é menor do que aparenta a inscrição de cinco candidatos a presidente do diretório estadual e 12 chapas locais. Em maior ou menor grau, todas as alas do partido defendem a candidatura própria ao governo estadual nas eleições do próximo ano e não há dissidência em relação ao apoio à candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A única disputa real é entre as candidaturas ao governo estadual do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Os aliados de Pimentel são os favoritos para vencer as eleições de domingo.
Pimentel já conta com o apoio do deputado federal Reginaldo Lopes, presidente do diretório estadual, e do dirigente Aluisio Marques, presidente do diretório municipal. Lopes deve ser reeleito e o vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto de Carvalho, um aliado de Pimentel, deve ganhar a eleição municipal. A vitória dos aliados do ex-prefeito é tão provável que sua estratégia é tentar converter a eleição de domingo em uma prévia da escolha do futuro candidato ao governo.
Em todos os últimos embates internos, ficou nítido que Patrus e seus principais aliados, como o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, contam com mais sustentação na cúpula nacional petista, enquanto Pimentel é hegemônico em Minas.
A eleição direta do PT em Minas não deverá impedir a realização de prévias no próximo ano. Os aliados de Patrus já sinalizaram que o ministro permanecerá candidato independente do resultado da disputa interna. "Os colégios eleitorais da eleição interna e da primária não são idênticos", afirmou o secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, que concorre com o apoio de Patrus à presidência estadual da sigla. Um trunfo do ministro é o maior apoio entre os detentores de cargo eletivos, em movimentos sociais e em partidos aliados.
Patrus e Dulci estão em um grupo que conta ainda com o ex-secretário nacional de Direitos Humanos Nilmário Miranda, dois deputados federais, cinco estaduais e os prefeitos de Betim, Governador Valadares e Teófilo Otoni. Patrus ainda conta com a CUT regional. O ministro participa da mesma chapa nacional dos ex-deputados federais José Dirceu e Marta Suplicy, do secretário particular da Presidência, Gilberto Carvalho, e do deputado federal José Genoino.
O ministro tem a simpatia de lideranças de todos os possíveis aliados em 2010 em Minas, com a exceção do PSB, que prefere Pimentel. Mas o ex-prefeito tem cerca do dobro das intenções de voto a Patrus nas pesquisas. E conta com quatro deputados federais e três estaduais, entre eles Cecília Ferramenta que ao lado do marido Chico, comanda as bases de Ipatinga, cidade com o maior número de petistas.
No Rio, o PED reedita disputas históricas com a direção nacional. Parte do PT do Rio tenta novamente se insurgir e lançar candidatura própria ao governo do Estado. O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, lançou-se como um dos concorrentes do atual governador Sérgio Cabral e é apoiado por Vladimir Palmeira e pelo deputado Carlos Santanna. No entanto, o destino é quase certo: "Se a direção do PT não concordar, acabou", afirma o líder do PT na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (SP), que acrescenta que não existe PT do Rio ou de São Paulo, "só existe o PT nacional".
No PED do domingo, dos cinco candidatos a presidente estadual, dois apoiam a proposta de Lindberg e um a da aliança com Garotinho. O prefeito alega que, para Dilma, uma candidatura independente seria o melhor dos mundos, já que, teoricamente, ela teria três palanques no Estado: PT, PMDB e PR de Garotinho. Com entusiasmo, Lindberg diz já ter o apoio do PDT, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) e do PSC. "O PT está muito submisso, mendigando no pé do PMDB", afirmou o prefeito.
Lindberg garante que ainda não foi pressionado pela direção nacional. "Lula até hoje não falou nada". Mas admite já ter tido conversas com o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) e com o ex-ministro José Dirceu. "Mas eles não me pressionam porque sabem que não adianta". Aliado do prefeito na luta pela candidatura, Vladimir Palmeira, que, em 1998, após vencer a candidatura regional para governador, teve que abandonar o projeto e engolir uma aliança com o PDT de Brizola e Garotinho, acredita no projeto de Lindberg. "O Cabral não cumpriu nenhuma das cinco promessas que nos fez", reclama Palmeira. Entre elas a de dar acesso ao núcleo do poder e de não fazer indicações na secretaria dada ao partido. Palmeira também acredita que o PT nacional desta vez não vai se intrometer. "Eles vão ter que brigar com o PT de Minas, do Rio Grande do Sul e da Bahia".
Carlos Santanna, deputado federal mais antigo do PT no Rio, com cinco mandatos é mais radical: "O PT do Rio é um partido de cartório, que não participa da luta da sociedade. Temos que ter posição". Santanna está otimista quanto à vitória do grupo que apoia Lindberg. "Nós vencemos duas vezes nas eleições para o tempo de TV", referindo-se às votações na executiva e no diretório que deu ao prefeito direito a 30 das 40 inserções que o PT do Rio terá na programação dos canais abertos de TV a partir de quarta-feira.
Há, no entanto, quem discorde de Lindberg. O deputado federal Antonio Carlos Biscaia é a favor da aliança com o governador Cabral. "Vejo aspectos positivos no governo, mas não gosto do lado impositivo que não negocia a candidatura e diz que a chapa será Cabral, Pesão e Picciani". No entanto, o deputado acredita que a aliança é melhor para o partido. Biscaia ainda levanta dúvidas sobre o projeto de Lindberg. "Mesmo que o grupo dele vença, temos que ver qual a real intenção. Pode ser que depois, queira negociar", questionou. Biscaia, no entanto, afirma que a decisão do PT do Rio deve ser respeitada - "Não admito intervenção nacional".
Vaccarezza, acredita que esta intevenção não vai ser necessária . "É apenas uma vontade do Lindberg. Tenho a sensação de que a aliança com Cabral sairá vitoriosa no domingo", diz o deputado.
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