DEU EM O DIA /RJ
Professor e economista
Rio - Não entendo um Dia Nacional da Consciência Negra. Creio que seria mais correto Dia de Repúdio à Escravidão, ou Dia de Afirmação do Exercício da Liberdade. Porque, senão, seria necessário também um Dia da Consciência Branca, da Consciência Nissei e tantos outros diante dos inúmeros grupos étnicos que formam o País. Não podemos copiar os Estados Unidos, que são uma sociedade toda segmentada.
O Dia Nacional da Consciência Negra limita a importância de Zumbi, que deve ser cultuado como herói nacional da defesa da liberdade, no mesmo patamar de outros exemplos da nacionalidade, como José Bonifácio e Tiradentes, por exemplo.
Afinal, o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, não reproduzia uma estrutura africana e não era refúgio apenas para negros fugindo da escravidão. Era território que abrigava também mestiços, índios e brancos que buscavam a liberdade de viver e trabalhar por conta própria fora de uma estrutura, a colonial, em que trabalhador não tinha direitos.
É claro que a escravidão negra é a dimensão mais trágica da história social e econômica do Brasil, e suas consequências podem ser sentidas ainda hoje. Mas a profundidade das relações sociais no Brasil não pode ser reduzida à condição de raça.
Convivemos, por exemplo, com o ‘complexo de sinhazinha’ em que um segmento da sociedade, mesmo com escolaridade e boa renda, joga lixo no chão, na convicção de que recolhê-lo é obrigação de uma classe mais baixa.
O Dia da Consciência Negra não se justifica. Melhor seria dar a Zumbi o papel que merece na história do Brasil: de herói que trabalhou pela liberdade e que, como líder, acolheu gente de todas as cores, unidos pelo desejo de se libertar dos grilhões impostos por uma estrutura social perversa.
Professor e economista
Rio - Não entendo um Dia Nacional da Consciência Negra. Creio que seria mais correto Dia de Repúdio à Escravidão, ou Dia de Afirmação do Exercício da Liberdade. Porque, senão, seria necessário também um Dia da Consciência Branca, da Consciência Nissei e tantos outros diante dos inúmeros grupos étnicos que formam o País. Não podemos copiar os Estados Unidos, que são uma sociedade toda segmentada.
O Dia Nacional da Consciência Negra limita a importância de Zumbi, que deve ser cultuado como herói nacional da defesa da liberdade, no mesmo patamar de outros exemplos da nacionalidade, como José Bonifácio e Tiradentes, por exemplo.
Afinal, o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, não reproduzia uma estrutura africana e não era refúgio apenas para negros fugindo da escravidão. Era território que abrigava também mestiços, índios e brancos que buscavam a liberdade de viver e trabalhar por conta própria fora de uma estrutura, a colonial, em que trabalhador não tinha direitos.
É claro que a escravidão negra é a dimensão mais trágica da história social e econômica do Brasil, e suas consequências podem ser sentidas ainda hoje. Mas a profundidade das relações sociais no Brasil não pode ser reduzida à condição de raça.
Convivemos, por exemplo, com o ‘complexo de sinhazinha’ em que um segmento da sociedade, mesmo com escolaridade e boa renda, joga lixo no chão, na convicção de que recolhê-lo é obrigação de uma classe mais baixa.
O Dia da Consciência Negra não se justifica. Melhor seria dar a Zumbi o papel que merece na história do Brasil: de herói que trabalhou pela liberdade e que, como líder, acolheu gente de todas as cores, unidos pelo desejo de se libertar dos grilhões impostos por uma estrutura social perversa.
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