DEU EM O GLOBO
“Presidente, eu penso igual ao senhor”.
(Dilma Rousseff em diálogo ensaiado com Lula no programa do PT na televisão)
Jamais Lula foi tão franco e direto a respeito do assunto quanto na última quinta-feira em São Luís do Maranhão, reduto político de quem já foi chamado por ele de ladrão: “Não se trata de ter amigos ou não ter amigos. Não se trata de ter afinidade ideológica ou não ter afinidade ideológica. Se trata do pragmatismo da governança”. Perfeito!
Lula poderia ter admitido que existe limite para tudo.
Paulo Maluf estabeleceu o dele em casos onde aflorem os instintos mais primitivos: “Estupra, mas não mata”. Vai ver que não existem limites para Lula. Vai ver que seu índice de popularidade serve antes de tudo para justificar transgressões.
Em 2006, durante comício em Belém, Lula agradeceu o apoio de Jader Barbalho (PMDB) beijando sua mão.
As mãos de Jader — logo aquelas mãos! — haviam sido algemadas anos antes sob a suspeita de ter manuseado dinheiro público desviado irregularmente. Tem voto? Vem para meu jardim você também, vem...
Jader é hoje mais uma flor exuberante no quintal do jardineiro feliz onde estão reunidos Fernando Collor, José Sarney, Romero Jucá, Romeu Tuma, Sandro Mabel, Severino Cavalcanti, e por aí vai. Sem esquecer os mensaleiros. E a maior fatia do PMDB. Se colhidos formariam um belo ramalhete a ser depositado no altar da governança.
Esse não foi o Lula eleito presidente da República em 2002 pela maioria dos brasileiros.
O Lula escolhido batia duro na corrupção e prometia manter segura distância de corruptos.
Mas é fato que sempre existiu o Lula para quem vale tudo quando o poder está em jogo. Apenas havia sido disfarçado por artes da propaganda e do marketing.
A poucos meses de ser eleito presidente pela primeira vez, por exemplo, Lula testemunhou em um apartamento de Brasília a compra do apoio do PL à sua candidatura.
Custou pouco mais de R$ 6 milhões. Foi fechada por José Dirceu, Delúbio Soares e o deputado Valdemar Costa Neto, presidente do partido.
Apontado mais tarde pela CPI dos Correios como um baita mensaleiro, Valdemar renunciou ao mandato para escapar de ser cassado.
Dirceu foi demitido da chefia da Casa Civil — afinal, como Lula não sabia do mensalão, alguém tinha que saber. Cassaram-lhe o mandato de deputado. Delúbio está de volta como aspirante a deputado.
Com o escândalo do mensalão Lula extraiu uma lição perversa: para conservar o poder deveria ceder a todas as exigências dele. No primeiro mandato, por birra ou erro de cálculo, resistira a sentar no colo do PMDB — ou a pô-lo no colo.
No segundo escancarou as porteiras para o PMDB e mais 13 partidos. Sem essa de perder o poder.
Perdera Dirceu, que poderia sucedê-lo. E Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, pobre vítima do então presidente da Caixa Econômica Federal que, à sua revelia, quebrou o sigilo bancário de Francenildo da Costa, o caseiro que disse ter visto Palocci dezenas de vezes em uma mansão alegre de Brasília.
Não foi esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal? Não se trata, por todos os méritos, da mais alta corte de homens sábios, justos e coerentes do país? E então? Puna-se o ex-presidente da Caixa porque Palocci já foi injustamente punido no rastro do escândalo turbinado pela mídia golpista.
Uma vez mandados às favas todos os escrúpulos, Lula olhou para Dilma Rousseff e disse: eis alguém que poderá me suceder para depois ser sucedido por mim. Nem Dilma se julgava tão capaz.
E Lula deve ter pensado: como filho do Brasil e um de muitos de Deus, estou certo.
Se não estivesse, Ele me daria algum sinal.
E Lula viu a oposição. Retificando: Lula não viu porque ela não existe. Viu uma gente medrosa, desarticulada, sem discurso e ao que parece conformada com o desastre que se avizinha. E Lula finalmente concluiu: Vai dar! Anote aí: Lula vencerá em 2010. Salvo se Dilma perder.
Charada? Não. Em 2002, Ciro Gomes perdeu para ele mesmo tantos foram os erros que cometeu. Dilma não está livre disso.
“Presidente, eu penso igual ao senhor”.
(Dilma Rousseff em diálogo ensaiado com Lula no programa do PT na televisão)
Jamais Lula foi tão franco e direto a respeito do assunto quanto na última quinta-feira em São Luís do Maranhão, reduto político de quem já foi chamado por ele de ladrão: “Não se trata de ter amigos ou não ter amigos. Não se trata de ter afinidade ideológica ou não ter afinidade ideológica. Se trata do pragmatismo da governança”. Perfeito!
Lula poderia ter admitido que existe limite para tudo.
Paulo Maluf estabeleceu o dele em casos onde aflorem os instintos mais primitivos: “Estupra, mas não mata”. Vai ver que não existem limites para Lula. Vai ver que seu índice de popularidade serve antes de tudo para justificar transgressões.
Em 2006, durante comício em Belém, Lula agradeceu o apoio de Jader Barbalho (PMDB) beijando sua mão.
As mãos de Jader — logo aquelas mãos! — haviam sido algemadas anos antes sob a suspeita de ter manuseado dinheiro público desviado irregularmente. Tem voto? Vem para meu jardim você também, vem...
Jader é hoje mais uma flor exuberante no quintal do jardineiro feliz onde estão reunidos Fernando Collor, José Sarney, Romero Jucá, Romeu Tuma, Sandro Mabel, Severino Cavalcanti, e por aí vai. Sem esquecer os mensaleiros. E a maior fatia do PMDB. Se colhidos formariam um belo ramalhete a ser depositado no altar da governança.
Esse não foi o Lula eleito presidente da República em 2002 pela maioria dos brasileiros.
O Lula escolhido batia duro na corrupção e prometia manter segura distância de corruptos.
Mas é fato que sempre existiu o Lula para quem vale tudo quando o poder está em jogo. Apenas havia sido disfarçado por artes da propaganda e do marketing.
A poucos meses de ser eleito presidente pela primeira vez, por exemplo, Lula testemunhou em um apartamento de Brasília a compra do apoio do PL à sua candidatura.
Custou pouco mais de R$ 6 milhões. Foi fechada por José Dirceu, Delúbio Soares e o deputado Valdemar Costa Neto, presidente do partido.
Apontado mais tarde pela CPI dos Correios como um baita mensaleiro, Valdemar renunciou ao mandato para escapar de ser cassado.
Dirceu foi demitido da chefia da Casa Civil — afinal, como Lula não sabia do mensalão, alguém tinha que saber. Cassaram-lhe o mandato de deputado. Delúbio está de volta como aspirante a deputado.
Com o escândalo do mensalão Lula extraiu uma lição perversa: para conservar o poder deveria ceder a todas as exigências dele. No primeiro mandato, por birra ou erro de cálculo, resistira a sentar no colo do PMDB — ou a pô-lo no colo.
No segundo escancarou as porteiras para o PMDB e mais 13 partidos. Sem essa de perder o poder.
Perdera Dirceu, que poderia sucedê-lo. E Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, pobre vítima do então presidente da Caixa Econômica Federal que, à sua revelia, quebrou o sigilo bancário de Francenildo da Costa, o caseiro que disse ter visto Palocci dezenas de vezes em uma mansão alegre de Brasília.
Não foi esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal? Não se trata, por todos os méritos, da mais alta corte de homens sábios, justos e coerentes do país? E então? Puna-se o ex-presidente da Caixa porque Palocci já foi injustamente punido no rastro do escândalo turbinado pela mídia golpista.
Uma vez mandados às favas todos os escrúpulos, Lula olhou para Dilma Rousseff e disse: eis alguém que poderá me suceder para depois ser sucedido por mim. Nem Dilma se julgava tão capaz.
E Lula deve ter pensado: como filho do Brasil e um de muitos de Deus, estou certo.
Se não estivesse, Ele me daria algum sinal.
E Lula viu a oposição. Retificando: Lula não viu porque ela não existe. Viu uma gente medrosa, desarticulada, sem discurso e ao que parece conformada com o desastre que se avizinha. E Lula finalmente concluiu: Vai dar! Anote aí: Lula vencerá em 2010. Salvo se Dilma perder.
Charada? Não. Em 2002, Ciro Gomes perdeu para ele mesmo tantos foram os erros que cometeu. Dilma não está livre disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário