DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Estudo de economistas do BNDES diz que investimento, embora baixo em relação ao PIB, torna-se mais produtivo
O investimento de empresas e governos é baixo no Brasil.
Estudo de economistas do BNDES diz que investimento, embora baixo em relação ao PIB, torna-se mais produtivo
O investimento de empresas e governos é baixo no Brasil.
Tornou-se um lugar-comum dizê-lo. Jamais tivemos uma taxa de investimento parecida com a da China, nem nos anos do "milagre econômico", quando a "formação bruta de capital fixo" não passou de 24% do PIB (a do milagre chinês flutua entre 40% e 50% do PIB). Mas quão baixa é essa taxa? Três economistas do BNDES compararam o investimento no Brasil com o de outros países no ano de 2006, último para o qual há dados mundiais. Sob certo aspecto, o da despesa em máquinas e equipamentos, a taxa de investimento do Brasil está acima da média mundial. O trabalho, da série "Visão do Desenvolvimento", é de Fernando Puga, Gilberto Borça Junior e Marcelo Nascimento. Está no site do BNDES, grátis, e é curtinho.
Os componentes principais da formação bruta de capital fixo são investimentos em máquinas e equipamentos, construção e outros. Em 2006, a taxa de investimento total do Brasil era de 16,4% do PIB. A média mundial foi de 21,6%. Mas, quanto a máquinas etc., a taxa era de 8,5% do PIB, ante 7,6% na média mundial, e 9,9% na China.
A diferença do Brasil para a média mundial está no investimento em habitações, em infraestrutura etc.: na construção. Na média mundial, o investimento em construção era 11,9% do PIB. No Brasil, de 6,6%. Por que se investe tão pouco no setor?
Segundo os autores, porque o crédito para moradias é caro, porque os governos investem pouco em infraestrutura e leis ruins dificultam o investimento público e privado.Apesar das restrições ao investimento em moradias e em infraestrutura, os autores adotam um tom positivo em seu texto. Vem crescendo muito a participação do investimento em máquinas e equipamentos.
Esse item era 39% da formação bruta de capital fixo em 1999; em 2008, subira para 55%.
Segundo Puga, Borça e Nascimento, baseados também em outras estimativas de produtividade do capital, tal fato fez com que o investimento se tornasse mais "rentável", digamos, em termos de PIB. Isto é, dada uma quantidade de investimento, o PIB pode crescer mais se a fatia despendida em "máquinas etc." for maior (ou, em outros termos, o mesmo PIB potencial pode ser atingido com um investimento menor quanto maior for a fatia da despesa em máquinas).
Tais estimativas de produtividade do capital, algumas baseadas em médias mundiais, são lá algo imprecisas, como qualquer estimativa de produtividade na economia (qual a contribuição da produtividade do trabalho? E de outros fatores? Como isolá-las?). Mas o avanço da participação de "máquinas e equipamentos" na FBCF no período de fato chama a atenção.
Porém, observando o lado "meio vazio" dos dados, nota-se o dano causado pelo nível miserável de investimento em construção, em grande parte devido à incapacidade do Estado de investir ou incentivar o investimento em infraestrutura, em outra devido ao ainda absurdo custo do capital no país (juros). Enfim, é difícil elevar a produtividade geral com gente doente (sem esgoto, com casas ruins etc.), com estradas e portos precários, com transportes urbanos que tiram horas preciosas de empresas e de cidadãos.
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