O anúncio no finalzinho de 2009 do Programa Nacional de Direitos Humanos e o decreto presidencial instituindo as medidas nele previstas inserem-se numa sequência de mani festações e atos indicativos de um maior grau de esquerdização do governo e de reforço do voluntarismo personalista do presidente Lula que se chocam, sobretudo o primeiro, com o
pragmatismo e o realismo político imprimidos por ele na condução da máquina administrativa, nas relações com o Congresso (após o mensalão) e no projeto para viabilizar a eleição de sua candidata Dilma Rousseff centrado na parceria com o PMDB. Tal sequencia inclui desde ações do Itamaraty, como a operação de abrigo a Zelaya na embaixada brasileira em Honduras, a recepção a Ahmadinejad em Brasília e a recente proposta de relação com os terroristas do grupo Hamas, até fatos e episódios de alcance interno, estes com maiores implicações políticas e sociais no país. Como a declaração do próprio Lula de que o PMDB deve indicar uma lista
tríplice de pré-candidatos a vice na chapa de Dilma. E, agora, o lançamento de um programa (de direitos humanos) que suscita fortes críticas de amplos segmentos da mídia, do em
pragmatismo e o realismo político imprimidos por ele na condução da máquina administrativa, nas relações com o Congresso (após o mensalão) e no projeto para viabilizar a eleição de sua candidata Dilma Rousseff centrado na parceria com o PMDB. Tal sequencia inclui desde ações do Itamaraty, como a operação de abrigo a Zelaya na embaixada brasileira em Honduras, a recepção a Ahmadinejad em Brasília e a recente proposta de relação com os terroristas do grupo Hamas, até fatos e episódios de alcance interno, estes com maiores implicações políticas e sociais no país. Como a declaração do próprio Lula de que o PMDB deve indicar uma lista
tríplice de pré-candidatos a vice na chapa de Dilma. E, agora, o lançamento de um programa (de direitos humanos) que suscita fortes críticas de amplos segmentos da mídia, do em
presariado, da CNBB – e que divide o governo, gerando protestos dos ministros da Defesa e da Agricultura e dos comandantes militares, que o qualificam de “insultuoso, agressivo e
revanchista”.
Por trás da maior abertura do Palácio do Planalto a ações e propostas esquerdistas, bem como do desrespeito pelo presidente à autonomia da direção do PMDB, estão certamente os dados relativos aos cenários econômico, social e político, que se configuraram já desde o início do segundo semestre de 2009. Dos quais se destacam a retomada do crescimento e o horizonte de expressiva expansão do PIB em 2010 (combinada com as perspectivas que foram abertas pelo lançamento do pré-sal), de par com a continuidade do controle inflacionário, um salto na geração de empregos e grande reforço dos programas assistencialistas; o amplo reconhecimento internacional favorável da figura de Lula, decorrente sobretudo do desempenho de nossa economia mas facilitado pela identificação dele como contraponto ao radicalismo chavista e reavivado pela escolha do Rio para sede das Olimpíadas de 2016; e os efeitos disso tudo nos níveis recordes da popularidade dele – pessoal e como chefe do governo.
Com esses cenários, de um lado, o presidente passou a vincular a campanha de sua candidata – a formação da aliança e o sucesso eleitoral – basicamente à força do lulismo, a um plebiscito em torno do lulismo. Daí o uso do salto alto no ensaio de interferência numa decisão interna do comando do PMDB. De outro lado, o PT tratou de explorar tais cenários no sentido de alargamento das influências dos quadros partidários e sobretudo nas estatais, bem como nas definições de programas oficiais como o de direitos humanos, com a introdução de vários itens de agressivo conteúdo estatizante, restritivo da iniciativa privada e autoritário. Até como troca pelo acolhimento da imposição da candidatura de Dilma Rousseff e pela subordinação a ela dos interesses e projetos do partido em vários estados.
Mas a escalada de esquerdização do governo está sendo posta em xeque pela amplitude das repercussões negativas desse programa nos meios políticos, econômicos e sociais (inclusive nas áreas militares e na Igreja Católica). O presidente Lula, por avaliação própria e provavelmente de conselheiros especiais como Antonio Palocci e José Dirceu, deve estar dando-se conta de que, ademais de lesivas para as relações e a imagem do governo no conjunto da sociedade, essa escalada e as propostas esquerdistas do referido programa, se mantidas, afetarão também a campanha de sua candidata.
E os mesmos conselheiros, pelo realismo econômico de um e pela sagacidade política do outro, devem tê-lo advertido da inconveniência da proposta da lista tríplice de pré-candidatos a vice, mostrando-lhe os riscos do uso do salto alto nas negociações com a pragmática federação constituída pelo PMDB.
Jarbas de Holanda é jornalista
revanchista”.
Por trás da maior abertura do Palácio do Planalto a ações e propostas esquerdistas, bem como do desrespeito pelo presidente à autonomia da direção do PMDB, estão certamente os dados relativos aos cenários econômico, social e político, que se configuraram já desde o início do segundo semestre de 2009. Dos quais se destacam a retomada do crescimento e o horizonte de expressiva expansão do PIB em 2010 (combinada com as perspectivas que foram abertas pelo lançamento do pré-sal), de par com a continuidade do controle inflacionário, um salto na geração de empregos e grande reforço dos programas assistencialistas; o amplo reconhecimento internacional favorável da figura de Lula, decorrente sobretudo do desempenho de nossa economia mas facilitado pela identificação dele como contraponto ao radicalismo chavista e reavivado pela escolha do Rio para sede das Olimpíadas de 2016; e os efeitos disso tudo nos níveis recordes da popularidade dele – pessoal e como chefe do governo.
Com esses cenários, de um lado, o presidente passou a vincular a campanha de sua candidata – a formação da aliança e o sucesso eleitoral – basicamente à força do lulismo, a um plebiscito em torno do lulismo. Daí o uso do salto alto no ensaio de interferência numa decisão interna do comando do PMDB. De outro lado, o PT tratou de explorar tais cenários no sentido de alargamento das influências dos quadros partidários e sobretudo nas estatais, bem como nas definições de programas oficiais como o de direitos humanos, com a introdução de vários itens de agressivo conteúdo estatizante, restritivo da iniciativa privada e autoritário. Até como troca pelo acolhimento da imposição da candidatura de Dilma Rousseff e pela subordinação a ela dos interesses e projetos do partido em vários estados.
Mas a escalada de esquerdização do governo está sendo posta em xeque pela amplitude das repercussões negativas desse programa nos meios políticos, econômicos e sociais (inclusive nas áreas militares e na Igreja Católica). O presidente Lula, por avaliação própria e provavelmente de conselheiros especiais como Antonio Palocci e José Dirceu, deve estar dando-se conta de que, ademais de lesivas para as relações e a imagem do governo no conjunto da sociedade, essa escalada e as propostas esquerdistas do referido programa, se mantidas, afetarão também a campanha de sua candidata.
E os mesmos conselheiros, pelo realismo econômico de um e pela sagacidade política do outro, devem tê-lo advertido da inconveniência da proposta da lista tríplice de pré-candidatos a vice, mostrando-lhe os riscos do uso do salto alto nas negociações com a pragmática federação constituída pelo PMDB.
Jarbas de Holanda é jornalista
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