DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ideia é fazer o básico, mas mirando alvos onde avalia que petistas deixam a desejar, como capacidade de gestão
Christiane Samarco, Marcelo de Moraes
BRASÍLIA - Na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição prevê que não haverá espaço para fazer "invenções e experimentos" nas propostas a apresentar ao eleitor. Segundo alguns de seus integrantes, a ideia é fazer o básico, mas mirando alvos onde o atual governo teria deixado a desejar na sua atuação. Esses focos serão infraestrutura, saúde, juventude e segurança, a partir de um projeto articulado de desenvolvimento. Outro ponto básico será também o conceito da capacidade de gestão. Na visão da oposição, o PT aparelhou o Estado e descuidou de sua eficiência.
"O PT inchou a máquina, mas ela não funciona. O problema central não é nem o número de funcionários públicos. O que não pode é ter cada vez mais gente e eles não serem eficientes", diz o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).
A primeira transformação imediata que os aliados do governador e candidato tucano à Presidência, José Serra, se propõem a fazer é a "reforma de hábitos e costumes" na relação com o Legislativo e o Judiciário.
"Nosso governo vai primeiro reformar os hábitos, a começar do tratamento que o Executivo dispensa ao Legislativo. A relação não é republicana e isso tem de acabar", afirma o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), ao destacar que, para isso, não precisa de reforma política. "Precisa é de presidente."
O que a oposição não esperava é que a disputa entre os dois lados se transformasse numa espécie de vale-tudo, depois que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), fez críticas ao atual governo numa entrevista à revista Veja, afirmando que o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) não existia e tinha cunho eleitoral. O próprio Lula acabou ajudando a subir o tom da discussão, chamando Guerra de "babaca", durante reunião ministerial na quinta-feira.
"O governo atual não é democrático, a relação entre os Poderes está deteriorada e o Congresso extremamente diminuído. A ministra Dilma Rousseff não aponta para nada de construtivo no País", reforça o presidente do PSDB.
"A mediocridade deste governo vai se fazendo com maus hábitos, a começar da corrupção, que não escandaliza mais ninguém", emenda o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Dissidente do PMDB governista, ele espera de Serra que "avance no que Lula não conseguiu fazer", como a infraestrutura "imprescindível a qualquer programa de desenvolvimento".
Na avaliação do ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), o tipo de discussão aberto entre tucanos e governistas poderá ser uma das tônicas da campanha. Acha que será difícil apresentar aos eleitores temas específicos suficientes para marcar a diferença entre as candidaturas.
"Acho que a eleição não tende a ser temática. Tende a ser decidida num clássico segurança versus insegurança do eleitor em relação ao futuro", diz Cesar Maia. "Vale dizer que as candidaturas tentarão aportar essa dúvida ou insegurança no eleitor. Algo como: "é a chegada do chavismo no Brasil contra a volta do FHC"."
ALVOROÇO
Além de irritar os adversários, Guerra provocou alvoroço no tucanato com sua entrevista, na qual pregou mudanças no câmbio, nos juros e nas metas de inflação. Mas no PSDB e no DEM ninguém tem dúvida de que os pilares da economia - câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e rigor fiscal - estão aí para ficar. A "calibragem" é que ficará por conta do presidente, independentemente de quem vencer as eleições.
"Precisamos de alguém com competência comprovada para impedir que o País trilhe esse caminho de risco de desindustrialização, em função do câmbio sobrevalorizado, dos juros altos e das contas externas em desequilíbrio", diz o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA).
Para confrontar o PT de Dilma, que acusou o PSDB de planejar o fim do PAC em caso de vitória, os tucanos dizem que farão um programa diferente. Afirmam que o PAC que vão realizar não é o do governo federal, mas o de São Paulo.
"Queremos o PAC eficiente do Serra, em que obra começa, termina no prazo e a população ganha. Ele cumpriu 100% do que se comprometeu, fazendo o Rodoanel, escolas técnicas e ampliando o metrô e o serviço de saúde", argumenta Jutahy.
Serrista de primeira hora, ele diz que vê no pós-Lula, com Serra, o fortalecimento das instituições democráticas com respeito à lei, às garantias individuais e políticas públicas universais. Já o modelo que se apresenta na campanha da Dilma, analisa, "é de radicalização, para dividir o País na base do nós contra eles".
DIREITOS HUMANOS
Oposicionistas de todos os partidos avaliam que nada é mais representativo dessa radicalização do que o Programa de Direitos Humanos. Argumentam que o texto revela intolerância religiosa, agressão ao direito de propriedade, interferência abusiva nos meios de comunicação e preconceito contra o agronegócio, só para destacar que tudo foi apresentado "com a chancela" da candidata Dilma.
"A candidatura do PT é o caminho que põe em risco as instituições", diz Sérgio Guerra. Para ele, o candidato da oposição é quem "mostrou competência" para fazer o Brasil crescer, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida das pessoas. "Essa é a marca de Serra, como secretário de Estado, como ministro, parlamentar, prefeito e governador", completa Jutahy, em defesa da tese de que é fundamental "ter alguém que saiba fazer as coisas e pôr para funcionar".
"Não há espaço para invenção porque a estrada hoje não tem mais acostamento. Quem inventar cai no barranco", afirma Paulo Bornhausen. Ele até admite que o próprio Lula andou "na estrada do possível", mas diz que o governo, agora, está patinando no rigor fiscal. "Resolveu afrouxar no final, em nome da eleição, e isso terá consequências para o próximo governo resolver."
Ideia é fazer o básico, mas mirando alvos onde avalia que petistas deixam a desejar, como capacidade de gestão
Christiane Samarco, Marcelo de Moraes
BRASÍLIA - Na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição prevê que não haverá espaço para fazer "invenções e experimentos" nas propostas a apresentar ao eleitor. Segundo alguns de seus integrantes, a ideia é fazer o básico, mas mirando alvos onde o atual governo teria deixado a desejar na sua atuação. Esses focos serão infraestrutura, saúde, juventude e segurança, a partir de um projeto articulado de desenvolvimento. Outro ponto básico será também o conceito da capacidade de gestão. Na visão da oposição, o PT aparelhou o Estado e descuidou de sua eficiência.
"O PT inchou a máquina, mas ela não funciona. O problema central não é nem o número de funcionários públicos. O que não pode é ter cada vez mais gente e eles não serem eficientes", diz o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).
A primeira transformação imediata que os aliados do governador e candidato tucano à Presidência, José Serra, se propõem a fazer é a "reforma de hábitos e costumes" na relação com o Legislativo e o Judiciário.
"Nosso governo vai primeiro reformar os hábitos, a começar do tratamento que o Executivo dispensa ao Legislativo. A relação não é republicana e isso tem de acabar", afirma o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), ao destacar que, para isso, não precisa de reforma política. "Precisa é de presidente."
O que a oposição não esperava é que a disputa entre os dois lados se transformasse numa espécie de vale-tudo, depois que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), fez críticas ao atual governo numa entrevista à revista Veja, afirmando que o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) não existia e tinha cunho eleitoral. O próprio Lula acabou ajudando a subir o tom da discussão, chamando Guerra de "babaca", durante reunião ministerial na quinta-feira.
"O governo atual não é democrático, a relação entre os Poderes está deteriorada e o Congresso extremamente diminuído. A ministra Dilma Rousseff não aponta para nada de construtivo no País", reforça o presidente do PSDB.
"A mediocridade deste governo vai se fazendo com maus hábitos, a começar da corrupção, que não escandaliza mais ninguém", emenda o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Dissidente do PMDB governista, ele espera de Serra que "avance no que Lula não conseguiu fazer", como a infraestrutura "imprescindível a qualquer programa de desenvolvimento".
Na avaliação do ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), o tipo de discussão aberto entre tucanos e governistas poderá ser uma das tônicas da campanha. Acha que será difícil apresentar aos eleitores temas específicos suficientes para marcar a diferença entre as candidaturas.
"Acho que a eleição não tende a ser temática. Tende a ser decidida num clássico segurança versus insegurança do eleitor em relação ao futuro", diz Cesar Maia. "Vale dizer que as candidaturas tentarão aportar essa dúvida ou insegurança no eleitor. Algo como: "é a chegada do chavismo no Brasil contra a volta do FHC"."
ALVOROÇO
Além de irritar os adversários, Guerra provocou alvoroço no tucanato com sua entrevista, na qual pregou mudanças no câmbio, nos juros e nas metas de inflação. Mas no PSDB e no DEM ninguém tem dúvida de que os pilares da economia - câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e rigor fiscal - estão aí para ficar. A "calibragem" é que ficará por conta do presidente, independentemente de quem vencer as eleições.
"Precisamos de alguém com competência comprovada para impedir que o País trilhe esse caminho de risco de desindustrialização, em função do câmbio sobrevalorizado, dos juros altos e das contas externas em desequilíbrio", diz o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA).
Para confrontar o PT de Dilma, que acusou o PSDB de planejar o fim do PAC em caso de vitória, os tucanos dizem que farão um programa diferente. Afirmam que o PAC que vão realizar não é o do governo federal, mas o de São Paulo.
"Queremos o PAC eficiente do Serra, em que obra começa, termina no prazo e a população ganha. Ele cumpriu 100% do que se comprometeu, fazendo o Rodoanel, escolas técnicas e ampliando o metrô e o serviço de saúde", argumenta Jutahy.
Serrista de primeira hora, ele diz que vê no pós-Lula, com Serra, o fortalecimento das instituições democráticas com respeito à lei, às garantias individuais e políticas públicas universais. Já o modelo que se apresenta na campanha da Dilma, analisa, "é de radicalização, para dividir o País na base do nós contra eles".
DIREITOS HUMANOS
Oposicionistas de todos os partidos avaliam que nada é mais representativo dessa radicalização do que o Programa de Direitos Humanos. Argumentam que o texto revela intolerância religiosa, agressão ao direito de propriedade, interferência abusiva nos meios de comunicação e preconceito contra o agronegócio, só para destacar que tudo foi apresentado "com a chancela" da candidata Dilma.
"A candidatura do PT é o caminho que põe em risco as instituições", diz Sérgio Guerra. Para ele, o candidato da oposição é quem "mostrou competência" para fazer o Brasil crescer, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida das pessoas. "Essa é a marca de Serra, como secretário de Estado, como ministro, parlamentar, prefeito e governador", completa Jutahy, em defesa da tese de que é fundamental "ter alguém que saiba fazer as coisas e pôr para funcionar".
"Não há espaço para invenção porque a estrada hoje não tem mais acostamento. Quem inventar cai no barranco", afirma Paulo Bornhausen. Ele até admite que o próprio Lula andou "na estrada do possível", mas diz que o governo, agora, está patinando no rigor fiscal. "Resolveu afrouxar no final, em nome da eleição, e isso terá consequências para o próximo governo resolver."
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