O sucesso da convenção antecipada do PMDB – a própria realização e a unidade das duas alas majoritárias em torno da composição da Executiva e do fortalecimento de Michel Temer como pré-candidato a vice na chapa governista de Dilma Rousseff – não deixou espaço no evento para qualquer articulação de nome alternativo ao dele. Nem mesmo o do ministro das Comunicações, Hélio Costa, que – rejeitando manobra de petistas no sentido de sua indicação para a vice-presidência, a fim, também, de deslocá-lo da disputa do governo mineiro – reafirmou a insistência nesta disputa e fez enfática declaração de apoio à escolha de Temer para o cargo nacional. Assim, a convenção consagrou o objetivo do núcleo dirigente do PMDB de vincular uma aliança com o PT, na verdade com o lulismo, ao exercício de um papel político-administrativo e institucional mais importante do partido – com maior peso num governo de Dilma do que aquele que tem no de Lula e maior autonomia (do que a
atual) num Congresso em que mantenha a maioria nas duas Casas.
Mas esse objetivo precisa enfrentar ainda fortes obstáculos para poder afirmar-se - na formalização da aliança, no relacionamento entre os parceiros nas campanhas nacional e estaduais e, depois, numa eventual composição de governo. Pois o presidente Lula, embora reconheça a relevância dos peemedebistas na campanha de Dilma (para grande palanque eletrônico essencial à transferência de sua popularidade para a candidata e em face da forte capilaridade que eles têm em quase todo o país), é outro o papel, bem menor e basicamente de subordinação política, que ele projeta para o aliado. Por isso, a tendência consensual da escolha de Michel Temer como candidato a vice – que refletiu o clima de autonomia da convenção – ao invés de já definitivamente aceita pelo Palácio do Planalto será certamente ainda confrontada por novas tentativas de contraposição, ostensiva ou discretamente apoiadas pelo estado-maior lulista. Com o cálculo de que os riscos delas, inclusive o de inviabilização da aliança, diluam-se e anulem-se num contexto em que uma elevação significativa dos índices de intenção de votos de Dilma reforçaria as pressões de Lula (e as condições favoráveis) pela escolha de um peemedebista bem mais administrável.
O protagonismo de FHC
Têm predominado na imprensa as avaliações de colunistas de que será prejudicial para a campanha do candidato oposicionista José Serra o pratagonismo assumido por FHC no debate político com o artigo publicado domingo ultimo no Estadão e no Globo – “Sem medo do passado” - e em declarações posteriores negando capacidade de liderança de Dilma Rousseff. A maioria dos analistas entende que tal protagonismo facilita uma contraposição plebiscitária bancada pelo presidente Lula entre seus dois mandatos e os do antecessor, sendo negativa para a campanha do candidato tucano. O que inspirou o título de reportagem da Folha de S. Paulo, de ontem: “FHC reitera crítica a Dilma e contraria estratégia de Serra”. Mas há também avaliações contrárias que qualificam de úteis à oposição as iniciativas de FHC.
Seguem trechos de análises de ontem, bem divergentes, sobre o tema. De artigo de Eliane Cantanhede, na Folha, com o título “Gênios incompreendidos”: “Lula jogou a isca e FHC, cansado de engolir sapos, comeu. A vaidade falou mais que o pragmatismo, e o ex-presidente entrou na campanha de 2010 comparando a seu governo ao do sucessor e deflagrando o que Lula mais queria – uma campanha plebiscitária. Só falta saber o que Serra acha disso”. Já o colunista do Globo, Merval Pereira, expressa opinião oposta em seu artigo “Cartas na mesa”: “Transformar Dilma na marionete de Lula, como fez ontem Fernando Henrique, pode ser um bom começo para mostrar que ela não tem condições de substituir o presidente mais popular dos últimos tempos”. “A candidata oficial será colocada em exposição pública e ficará claro para o eleitorado se ela é ou não uma simples boneca do ventríloquo Lula”.
Jarbas de Holanda é jornalista
atual) num Congresso em que mantenha a maioria nas duas Casas.
Mas esse objetivo precisa enfrentar ainda fortes obstáculos para poder afirmar-se - na formalização da aliança, no relacionamento entre os parceiros nas campanhas nacional e estaduais e, depois, numa eventual composição de governo. Pois o presidente Lula, embora reconheça a relevância dos peemedebistas na campanha de Dilma (para grande palanque eletrônico essencial à transferência de sua popularidade para a candidata e em face da forte capilaridade que eles têm em quase todo o país), é outro o papel, bem menor e basicamente de subordinação política, que ele projeta para o aliado. Por isso, a tendência consensual da escolha de Michel Temer como candidato a vice – que refletiu o clima de autonomia da convenção – ao invés de já definitivamente aceita pelo Palácio do Planalto será certamente ainda confrontada por novas tentativas de contraposição, ostensiva ou discretamente apoiadas pelo estado-maior lulista. Com o cálculo de que os riscos delas, inclusive o de inviabilização da aliança, diluam-se e anulem-se num contexto em que uma elevação significativa dos índices de intenção de votos de Dilma reforçaria as pressões de Lula (e as condições favoráveis) pela escolha de um peemedebista bem mais administrável.
O protagonismo de FHC
Têm predominado na imprensa as avaliações de colunistas de que será prejudicial para a campanha do candidato oposicionista José Serra o pratagonismo assumido por FHC no debate político com o artigo publicado domingo ultimo no Estadão e no Globo – “Sem medo do passado” - e em declarações posteriores negando capacidade de liderança de Dilma Rousseff. A maioria dos analistas entende que tal protagonismo facilita uma contraposição plebiscitária bancada pelo presidente Lula entre seus dois mandatos e os do antecessor, sendo negativa para a campanha do candidato tucano. O que inspirou o título de reportagem da Folha de S. Paulo, de ontem: “FHC reitera crítica a Dilma e contraria estratégia de Serra”. Mas há também avaliações contrárias que qualificam de úteis à oposição as iniciativas de FHC.
Seguem trechos de análises de ontem, bem divergentes, sobre o tema. De artigo de Eliane Cantanhede, na Folha, com o título “Gênios incompreendidos”: “Lula jogou a isca e FHC, cansado de engolir sapos, comeu. A vaidade falou mais que o pragmatismo, e o ex-presidente entrou na campanha de 2010 comparando a seu governo ao do sucessor e deflagrando o que Lula mais queria – uma campanha plebiscitária. Só falta saber o que Serra acha disso”. Já o colunista do Globo, Merval Pereira, expressa opinião oposta em seu artigo “Cartas na mesa”: “Transformar Dilma na marionete de Lula, como fez ontem Fernando Henrique, pode ser um bom começo para mostrar que ela não tem condições de substituir o presidente mais popular dos últimos tempos”. “A candidata oficial será colocada em exposição pública e ficará claro para o eleitorado se ela é ou não uma simples boneca do ventríloquo Lula”.
Jarbas de Holanda é jornalista
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