DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
O deputado Ciro Gomes já morreu eleitoralmente pela boca algumas vezes. Fez autocrítica, atribuiu os erros do passado à falta de maturidade para se desviar das "armadilhas", anunciou adesão à serenidade e, desde então, só fez se desmentir, cedendo aos apelos do temperamento.
Se não é isso, se Ciro sabe o que faz e apenas cumpre com racionalidade um roteiro previamente traçado, então está propositadamente caminhando para fora dos limites do campo do jogo eleitoral, embora não se possa perceber qual seria o real objetivo.
Não satisfeito em desqualificar sua candidatura ao governo de São Paulo, que considera "artificial", desqualifica o partido que seria a principal legenda da coligação, dizendo que faltam nomes de qualidade ao PT no Estado.
Quanto à candidatura presidencial, bate em Dilma Rousseff e bate no PMDB, ataca a política econômica, distribui tabefes como se não houvesse amanhã. Não que Ciro não tenha razão em suas diatribes.
Detecta com propriedade os equívocos e as fragilidades morais e conceituais das forças em disputa. De governo e de oposição.
Analisa com especial precisão o resultado das atuais pesquisas que, para ele, refletem a notoriedade dos pretendentes, não necessariamente a intenção firme de voto do eleitor. Fala sobre a política cambial o que a oposição pensa, mas manifesta com covarde discrição.
Ocorre que a atividade de Ciro Gomes não é a análise política. É político e pretende continuar nesse ofício como candidato a presidente.
Poderia até ter construído para si um nicho de atuação que levasse o eleitorado a reconhecê-lo como crítico arguto da cena, credenciado a promover mudanças se eleito.
Ocorre que passou oito anos como aliado do governo Lula, um aliado fiel e silencioso ante episódios de frouxidão moral tão ou mais graves que os fundamentos da aliança PT-PMDB que tanto o irritam.
Apresentou-se à eleição presidencial na condição de linha auxiliar do governo, alegando que para Lula seria estrategicamente muito mais interessante apoiar dois candidatos.
Cedeu ao apelo do presidente e deu as costas ao eleitorado que o elegeu prefeito, governador e deputado no Ceará, transferindo seu domicílio eleitoral para São Paulo.
Um ato de artificialismo político, segundo critério do próprio Ciro, mas entendido como um ato tático de quem joga em determinado time.
Quando passa a atacar seus correligionários, tratá-los como seres indignos, despreparados, partícipes de um "desastre", incompetentes para levar adiante o País, inviabiliza qualquer tipo de sustentação partidária ao seu projeto e não transmite ao eleitorado uma mensagem com sentido.
É governo? É oposição? É alternativo?
Não se sabe. Não porque se cale, mas porque quanto mais fala menos se entende qual é o rumo.
Vírus da paz.
O termo usado em Israel pelo presidente Lula tem dois sentidos, literal e figurado. A definição da medicina para vírus é "substância orgânica capaz de transmitir doença".
No sentido figurado, "mal moral de conotação patológica ou contagiosa".
A intenção foi benigna. Maligno é o desdém para com o significado das palavras do idioma pátrio.
Dureza.
O presidente Lula está vendo lá fora como a vida é mais difícil na convivência com países e sociedades acostumados a levar a sério o que dizem governantes e a cobrá-los por suas posições.
A submissa reverência ao poder e a cínica condescendência aos tidos como oprimidos é um comportamento considerado adequado apenas em países de vigor democrático ainda incipiente.
Lula está acumulando um passivo de cobranças ao qual não poderá dar o tratamento que reserva internamente às críticas que recebe no Brasil. Se resolver brigar com o mundo como briga com quem o contraria por aqui, arrisca-se a trocar a admiração conquistada por explícita decepção generalizada.
Ou pior, pela estrita irrelevância.
O deputado Ciro Gomes já morreu eleitoralmente pela boca algumas vezes. Fez autocrítica, atribuiu os erros do passado à falta de maturidade para se desviar das "armadilhas", anunciou adesão à serenidade e, desde então, só fez se desmentir, cedendo aos apelos do temperamento.
Se não é isso, se Ciro sabe o que faz e apenas cumpre com racionalidade um roteiro previamente traçado, então está propositadamente caminhando para fora dos limites do campo do jogo eleitoral, embora não se possa perceber qual seria o real objetivo.
Não satisfeito em desqualificar sua candidatura ao governo de São Paulo, que considera "artificial", desqualifica o partido que seria a principal legenda da coligação, dizendo que faltam nomes de qualidade ao PT no Estado.
Quanto à candidatura presidencial, bate em Dilma Rousseff e bate no PMDB, ataca a política econômica, distribui tabefes como se não houvesse amanhã. Não que Ciro não tenha razão em suas diatribes.
Detecta com propriedade os equívocos e as fragilidades morais e conceituais das forças em disputa. De governo e de oposição.
Analisa com especial precisão o resultado das atuais pesquisas que, para ele, refletem a notoriedade dos pretendentes, não necessariamente a intenção firme de voto do eleitor. Fala sobre a política cambial o que a oposição pensa, mas manifesta com covarde discrição.
Ocorre que a atividade de Ciro Gomes não é a análise política. É político e pretende continuar nesse ofício como candidato a presidente.
Poderia até ter construído para si um nicho de atuação que levasse o eleitorado a reconhecê-lo como crítico arguto da cena, credenciado a promover mudanças se eleito.
Ocorre que passou oito anos como aliado do governo Lula, um aliado fiel e silencioso ante episódios de frouxidão moral tão ou mais graves que os fundamentos da aliança PT-PMDB que tanto o irritam.
Apresentou-se à eleição presidencial na condição de linha auxiliar do governo, alegando que para Lula seria estrategicamente muito mais interessante apoiar dois candidatos.
Cedeu ao apelo do presidente e deu as costas ao eleitorado que o elegeu prefeito, governador e deputado no Ceará, transferindo seu domicílio eleitoral para São Paulo.
Um ato de artificialismo político, segundo critério do próprio Ciro, mas entendido como um ato tático de quem joga em determinado time.
Quando passa a atacar seus correligionários, tratá-los como seres indignos, despreparados, partícipes de um "desastre", incompetentes para levar adiante o País, inviabiliza qualquer tipo de sustentação partidária ao seu projeto e não transmite ao eleitorado uma mensagem com sentido.
É governo? É oposição? É alternativo?
Não se sabe. Não porque se cale, mas porque quanto mais fala menos se entende qual é o rumo.
Vírus da paz.
O termo usado em Israel pelo presidente Lula tem dois sentidos, literal e figurado. A definição da medicina para vírus é "substância orgânica capaz de transmitir doença".
No sentido figurado, "mal moral de conotação patológica ou contagiosa".
A intenção foi benigna. Maligno é o desdém para com o significado das palavras do idioma pátrio.
Dureza.
O presidente Lula está vendo lá fora como a vida é mais difícil na convivência com países e sociedades acostumados a levar a sério o que dizem governantes e a cobrá-los por suas posições.
A submissa reverência ao poder e a cínica condescendência aos tidos como oprimidos é um comportamento considerado adequado apenas em países de vigor democrático ainda incipiente.
Lula está acumulando um passivo de cobranças ao qual não poderá dar o tratamento que reserva internamente às críticas que recebe no Brasil. Se resolver brigar com o mundo como briga com quem o contraria por aqui, arrisca-se a trocar a admiração conquistada por explícita decepção generalizada.
Ou pior, pela estrita irrelevância.
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