DEU EM O GLOBO
Com estagnação ou recessão prevista para o PIB, queda estimada é de 1%
Cássia Almeida
A maior crise financeira mundial desde 1929 fez a economia brasileira ficar estagnada em 2009 e não poupou a renda per capita do brasileiro. Pela primeira vez desde 2003, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) dividido pelo número de habitantes vai diminuir. A queda estimada pelos analistas é de 1%, já que a população, pelas estimativas do IBGE, cresceu 0,98% em 2009, chegando a 191,4 milhões de brasileiros.
Em 2008, o PIB per capita foi de R$15.240, subindo 4%. Mesmo com uma redução que não se via há seis anos, outros sinais positivos amenizaram o clima da crise no bolso dos brasileiro.
- A queda do PIB per capita será momentânea. Este ano, já haverá recuperação - afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.
Recessão foi a mais curta dos últimos 30 anos
Na próxima quinta-feira, o IBGE divulgará o PIB de 2009. Vale prevê uma queda de 0,1%. Ele lembrou que, em geral, as crises anteriores atingiram a todos, sem distinção. Desta vez, alcançou mais intensamente alguns segmentos:
- A crise afetou mais os trabalhadores de renda mais alta. A grande classe média, mais dependente do salário mínimo, não sentiu tanto o peso.
Trabalhadores do setor de serviços, que, pelas estimativas, cresceu mais de 3% em 2009, sofreram menos. Segundo Bráulio Borges, economista-chefe da LCA consultores, pela primeira vez em 30 anos o país tomou medidas para manter a economia funcionando. Em outras crises, diante da necessidade de financiamento externo, era preciso conter o consumo dentro do país, para criar excedente na produção e exportar.
- Não ficamos imunes à crise. Mas sofremos bem menos. A queda do PIB mundial em 2009 é estimada em -1,3%.
O tombo foi forte no fim de 2008 e início de 2009, quando a economia recuou mais de 4%. Mas a recuperação veio também rápida e forte. Borges diz que em crises anteriores, o Brasil levava de oito a dez trimestres para se recuperar - dessa vez, a reação aconteceu em pouco mais de três trimestres.
Regis Bonelli, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) e membro do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos, diz que essa foi a recessão mais curta dos últimos 30 anos:
- Depois da estabilização, as recessões vêm sendo mais rápidas. A recessão de Collor (a provocada pelo confisco em 1990) durou 30 meses.
Ele lembra que "nossos defeitos" ajudaram o Brasil. Como a economia é muito fechada, a contaminação da crise ficou mais restrita à indústria, por meio da exportação:
- E nosso processo inflacionário fez o Banco Central montar um arsenal de medidas de controle do sistema bancário, que continuou sólido.
Assim, com a recuperação rápida, os problemas estruturais do Brasil voltam à cena. A inflação que ameaçava antes de setembro de 2008, voltou a preocupar. E o desemprego baixo traz de volta a dificuldade de achar mão de obra qualificada.
- Aumentamos o consumo e derrubamos o investimento. Não temos PIB para sustentar o aumento no déficit com o resto do mundo, no gasto público, no consumo e no investimento. Alta de 6% é pouco para tudo isso - resumiu o economista-chefe da Convenção Corretora, Fernando Montero.
Com estagnação ou recessão prevista para o PIB, queda estimada é de 1%
Cássia Almeida
A maior crise financeira mundial desde 1929 fez a economia brasileira ficar estagnada em 2009 e não poupou a renda per capita do brasileiro. Pela primeira vez desde 2003, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) dividido pelo número de habitantes vai diminuir. A queda estimada pelos analistas é de 1%, já que a população, pelas estimativas do IBGE, cresceu 0,98% em 2009, chegando a 191,4 milhões de brasileiros.
Em 2008, o PIB per capita foi de R$15.240, subindo 4%. Mesmo com uma redução que não se via há seis anos, outros sinais positivos amenizaram o clima da crise no bolso dos brasileiro.
- A queda do PIB per capita será momentânea. Este ano, já haverá recuperação - afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.
Recessão foi a mais curta dos últimos 30 anos
Na próxima quinta-feira, o IBGE divulgará o PIB de 2009. Vale prevê uma queda de 0,1%. Ele lembrou que, em geral, as crises anteriores atingiram a todos, sem distinção. Desta vez, alcançou mais intensamente alguns segmentos:
- A crise afetou mais os trabalhadores de renda mais alta. A grande classe média, mais dependente do salário mínimo, não sentiu tanto o peso.
Trabalhadores do setor de serviços, que, pelas estimativas, cresceu mais de 3% em 2009, sofreram menos. Segundo Bráulio Borges, economista-chefe da LCA consultores, pela primeira vez em 30 anos o país tomou medidas para manter a economia funcionando. Em outras crises, diante da necessidade de financiamento externo, era preciso conter o consumo dentro do país, para criar excedente na produção e exportar.
- Não ficamos imunes à crise. Mas sofremos bem menos. A queda do PIB mundial em 2009 é estimada em -1,3%.
O tombo foi forte no fim de 2008 e início de 2009, quando a economia recuou mais de 4%. Mas a recuperação veio também rápida e forte. Borges diz que em crises anteriores, o Brasil levava de oito a dez trimestres para se recuperar - dessa vez, a reação aconteceu em pouco mais de três trimestres.
Regis Bonelli, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) e membro do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos, diz que essa foi a recessão mais curta dos últimos 30 anos:
- Depois da estabilização, as recessões vêm sendo mais rápidas. A recessão de Collor (a provocada pelo confisco em 1990) durou 30 meses.
Ele lembra que "nossos defeitos" ajudaram o Brasil. Como a economia é muito fechada, a contaminação da crise ficou mais restrita à indústria, por meio da exportação:
- E nosso processo inflacionário fez o Banco Central montar um arsenal de medidas de controle do sistema bancário, que continuou sólido.
Assim, com a recuperação rápida, os problemas estruturais do Brasil voltam à cena. A inflação que ameaçava antes de setembro de 2008, voltou a preocupar. E o desemprego baixo traz de volta a dificuldade de achar mão de obra qualificada.
- Aumentamos o consumo e derrubamos o investimento. Não temos PIB para sustentar o aumento no déficit com o resto do mundo, no gasto público, no consumo e no investimento. Alta de 6% é pouco para tudo isso - resumiu o economista-chefe da Convenção Corretora, Fernando Montero.
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