DEU EM O GLOBO
"Cada um de nós é responsável pelo que constrói" - Aécio Neves, ao rejeitar qualquer culpa pelo que acontecer com Serra.
Lula comanda sua sucessão como um virtuose da política. Impôs ao PT um candidato que ele jamais escolheria – já pensou nisso? Meteu-se no processo de escolha do candidato do PSDB reforçando o nome de José Serra. Ao convencer Fernando Pimentel, do PT, a abdicar da disputa ao governo de Minas Gerais, agrada o PMDB e, de quebra, Aécio Neves.
Talento só não basta. Há que ter sorte. Isso vale para todo mundo. Lula teve muita sorte. Faça de conta que não houve o escândalo do mensalão quando rolou a cabeça de José Dirceu, o poderoso chefe da Casa Civil da presidência da República. Ali, uma cabeça de peso rolaria de qualquer forma para que Lula preservasse a dele.
E faça de conta também que não houve o escândalo da quebra do sigilo bancário de Francenildo da Costa, o caseiro da alegre mansão de Brasília freqüentada pelo ministro Antonio Palocci, da Fazenda. Francenildo disse ter visto Palocci na mansão uma dezena de vezes. Palocci negou. Fracenildo perdeu o sigilo e Palocci, o emprego.
A essa altura, Dirceu e Palocci estariam se pegando para ver quem seria o candidato do PT à sucessão de Lula. Dirceu tinha o controle do PT e interlocutores dentro de todos os partidos. A economia com Palocci fora muito bem – e esse seria seu maior trunfo. Dizia-se na época que a dupla mandava mais no governo do que o próprio Lula.
Uma eventual vitória de Dirceu ou de Palocci nas eleições de outubro próximo não acabaria debitada exclusivamente na conta de Lula. A sombra de Lula não pesaria tanto sobre o governo de um ou do outro como pesará sobre um possível governo de Dilma. Ela é uma invenção de Lula – Dirceu e Palocci, não.
Fernando Henrique Cardoso teve dois candidatos à sua vaga em 2002 – José Serra, o oficial, e Lula, o “in pectore”. Era fraternal amigo de ambos. Entregar a faixa presidencial ao primeiro ex-operário eleito garantiria melhor espaço para Fernando Henrique nos livros de História. Se Lula governasse mal, ele até pensaria em voltar.
Lula repetiu a fórmula de Fernando Henrique. Ganha com Dilma. Não perde com Serra. O PT recusou o convite de Itamar Franco para fazer parte do seu governo – mas Lula não se recusou a indicar Serra para ministro da Fazenda. Itamar conversou com Serra duas vezes. Achou-o com mais pinta de presidente do que de ministro.
Antonio Carlos Magalhães ensinou que Presidência da República é destino. Lula ajudou Serra a governar São Paulo abrindo-lhe os cofres da União, apressando o repasse de verbas, comprando-lhe por meio do Banco do Brasil a Nossa Caixa, atendendo, enfim, a maioria dos seus pedidos.
"Cada um de nós é responsável pelo que constrói" - Aécio Neves, ao rejeitar qualquer culpa pelo que acontecer com Serra.
Lula comanda sua sucessão como um virtuose da política. Impôs ao PT um candidato que ele jamais escolheria – já pensou nisso? Meteu-se no processo de escolha do candidato do PSDB reforçando o nome de José Serra. Ao convencer Fernando Pimentel, do PT, a abdicar da disputa ao governo de Minas Gerais, agrada o PMDB e, de quebra, Aécio Neves.
Talento só não basta. Há que ter sorte. Isso vale para todo mundo. Lula teve muita sorte. Faça de conta que não houve o escândalo do mensalão quando rolou a cabeça de José Dirceu, o poderoso chefe da Casa Civil da presidência da República. Ali, uma cabeça de peso rolaria de qualquer forma para que Lula preservasse a dele.
E faça de conta também que não houve o escândalo da quebra do sigilo bancário de Francenildo da Costa, o caseiro da alegre mansão de Brasília freqüentada pelo ministro Antonio Palocci, da Fazenda. Francenildo disse ter visto Palocci na mansão uma dezena de vezes. Palocci negou. Fracenildo perdeu o sigilo e Palocci, o emprego.
A essa altura, Dirceu e Palocci estariam se pegando para ver quem seria o candidato do PT à sucessão de Lula. Dirceu tinha o controle do PT e interlocutores dentro de todos os partidos. A economia com Palocci fora muito bem – e esse seria seu maior trunfo. Dizia-se na época que a dupla mandava mais no governo do que o próprio Lula.
Uma eventual vitória de Dirceu ou de Palocci nas eleições de outubro próximo não acabaria debitada exclusivamente na conta de Lula. A sombra de Lula não pesaria tanto sobre o governo de um ou do outro como pesará sobre um possível governo de Dilma. Ela é uma invenção de Lula – Dirceu e Palocci, não.
Fernando Henrique Cardoso teve dois candidatos à sua vaga em 2002 – José Serra, o oficial, e Lula, o “in pectore”. Era fraternal amigo de ambos. Entregar a faixa presidencial ao primeiro ex-operário eleito garantiria melhor espaço para Fernando Henrique nos livros de História. Se Lula governasse mal, ele até pensaria em voltar.
Lula repetiu a fórmula de Fernando Henrique. Ganha com Dilma. Não perde com Serra. O PT recusou o convite de Itamar Franco para fazer parte do seu governo – mas Lula não se recusou a indicar Serra para ministro da Fazenda. Itamar conversou com Serra duas vezes. Achou-o com mais pinta de presidente do que de ministro.
Antonio Carlos Magalhães ensinou que Presidência da República é destino. Lula ajudou Serra a governar São Paulo abrindo-lhe os cofres da União, apressando o repasse de verbas, comprando-lhe por meio do Banco do Brasil a Nossa Caixa, atendendo, enfim, a maioria dos seus pedidos.
Adversário não se trata assim.
Caso Serra seja eleito, Lula dormirá em paz. Sabe que ele não promoverá nenhuma devassa em seu governo. Nem caçará petistas pelo simples prazer de caçá-los. Serra foi o ministro do governo Fernando Henrique que mais se cercou de petistas. O ministério da Saúde abrigou muitos deles.
Na última terça-feira, em São Paulo, Lula garantiu que o próximo presidente, seja quem for, não estragará “o que já foi feito”. A palavra dele: “Não acredito e não aceito mais a idéia imbecil que se falava no Brasil de que se ganhar fulano vai estragar tudo, se ganhar beltrano vai estragar tudo. Não existe essa hipótese”.
A quem beneficia Lula ao renunciar ao “terrorismo eleitoral” usado contra ele em eleições passadas? A Serra, ora. Lula quis dizer: vença Dilma ou Serra, o que foi feito de bom nos últimos oito anos será preservado. Assim como ele preservou a política econômica de Fernando Henrique e seus programas sociais, expandindo-os.
Nenhum governador da oposição foi mais cúmplice de Lula do que Aécio, agora empenhado em ser sucedido por seu vice. Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, poderia se eleger. Para selar o apoio do PMDB a Dilma, Lula apoiará Hélio Costa para governar Minas. Facilitou a vida de Aécio. Espera que Aécio facilite a vida de Dilma.
Caso Serra seja eleito, Lula dormirá em paz. Sabe que ele não promoverá nenhuma devassa em seu governo. Nem caçará petistas pelo simples prazer de caçá-los. Serra foi o ministro do governo Fernando Henrique que mais se cercou de petistas. O ministério da Saúde abrigou muitos deles.
Na última terça-feira, em São Paulo, Lula garantiu que o próximo presidente, seja quem for, não estragará “o que já foi feito”. A palavra dele: “Não acredito e não aceito mais a idéia imbecil que se falava no Brasil de que se ganhar fulano vai estragar tudo, se ganhar beltrano vai estragar tudo. Não existe essa hipótese”.
A quem beneficia Lula ao renunciar ao “terrorismo eleitoral” usado contra ele em eleições passadas? A Serra, ora. Lula quis dizer: vença Dilma ou Serra, o que foi feito de bom nos últimos oito anos será preservado. Assim como ele preservou a política econômica de Fernando Henrique e seus programas sociais, expandindo-os.
Nenhum governador da oposição foi mais cúmplice de Lula do que Aécio, agora empenhado em ser sucedido por seu vice. Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, poderia se eleger. Para selar o apoio do PMDB a Dilma, Lula apoiará Hélio Costa para governar Minas. Facilitou a vida de Aécio. Espera que Aécio facilite a vida de Dilma.
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