DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Christiane Samarco / BRASÍLIA
Christiane Samarco / BRASÍLIA
Ao fazer alianças, o político "anda no fio da navalha", mas ele não pode "nem trair seus princípios nem se isolar". A receita é de José Serra e foi enunciada em rápida entrevista ao Estado, na madrugada de sábado, por volta da 1 hora, a caminho do aeroporto de São Paulo. Nas palavras do próprio Serra, fazia "um mau tempo de meter medo" e ele se preparava para a viagem até Brasília, onde ontem oficializou a pré-candidatura. Serra disse que não é na condição de economista que vai disputar a Presidência da República. Espera que o eleitor enxergue nele o político experiente, bom formador de equipes de governo.
Por que topar o desafio de disputar novamente o Planalto?
Tudo o que faço na vida, faço com garra. Já enfrentei muitos desafios, inclusive de uma candidatura presidencial. Mas se tem duas eleições radicalmente diferentes, as de 2002 e 2010 são isso. A situação hoje é totalmente diferente.
O que o eleitor vai enxergar de diferente no senhor?
Nunca tive perfil só de economista. Meu perfil sempre foi muito além disso. A experiência que acumulei foi grande. Eu já havia sido ministro, já havia ajudado a montar o governo Montoro, em São Paulo (1983). Mas, pela primeira vez, agora, fui o chefe do Executivo. Isso faz toda a diferença pela oportunidade de montar e de testar uma boa equipe.
O que teve de diferente neste seu governo de São Paulo?
Foram quase cinco anos de experiência executiva na maior cidade e no maior Estado do Brasil. Já tinha bastante experiência para lidar com orçamentos e finanças, depois de passar por secretarias e pelo Ministério do Planejamento. Mas, no governo, eu tive de formar uma equipe com gente boa, dando liberdade, cobrando, mas não centralizando. Dando oportunidade para cada um aparecer. Não aceitando nem entrando no troca-troca de cargos com a Assembleia.
Como fazer alianças e tratar aliados?
O grande desafio é fazer uma política decente e eficaz. Isso não é fácil, mas eu passei a vida sempre negociando. Construir alianças é andar no fio da navalha. Sempre tem o fio para andar, e você fica ali, no limite. De um lado pode ficar a traição aos princípios e de outro, o isolamento. É algo difícil porque a meta é você nem trair seus princípios nem se isolar.
O sr. conseguiu fazer as duas coisas?
Não posso dizer que nunca errei. Mas não foi só no governo de São Paulo que eu aprendi a fazer alianças. O ensinamento vem de uma vida inteira. A forma de construir alianças vem da experiência de São Paulo, vem da época de estudante. Estou acostumado a fazer alianças. Na constituinte, entre os que apresentaram mais emendas, eu fui um dos que mais aprovou proporcionalmente. Eu apresentei umas 200 e tive 140 aprovadas. As alianças e as negociações ajudaram a ter bons resultados.
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