domingo, 11 de abril de 2010

Quero ser o presidente da união

DEU EM O GLOBO

Serra lança sua candidatura pelo PSDB acusando indiretamente o PT de tentar dividir o país

Adriana Vasconcelos e Flávio Freire* BRASÍLIA

Numa festa que reuniu cerca de seis mil líderes e militantes de partidos de oposição, o ex-governador José Serra lançou ontem sua candidatura à Presidência pelo PSDB, defendendo a união do país e prometendo ser o presidente de todos os brasileiros, sem divisão entre ricos e pobres, companheiros e não companheiros. Acusando indiretamente o PT por tentar dividir o país, disse ser deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o nosso Brasil e afirmou não aceitar o raciocínio do nós contra eles, em alusão a uma frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Eleição é uma escolha sobre o futuro.

Olhando para a frente, sem picuinhas, sem mesquinharias. Eu me coloco diante do Brasil hoje como minha biografia, minha história política. Quero ser o presidente da união disse.

Sem citar o PT, Lula ou a pré-candidata petista, Dilma Rousseff, o tucano apontou falhas que vê no atual governo e pregou o fim da impunidade para os poderosos, o cumprimento das leis por todos, inclusive o presidente da República, e a defesa incondicional dos direitos humanos como pré-requisito de qualquer democracia.

Serra chegou à festa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, num sinal de que nem ele nem o PSDB pretendem renegar o legado do governo FH. O ex-governador Aécio Neves dividiu as atenções com ele. Ao chegar, atrasado, foi recebido aos gritos de vice, vice, vice e ganhou um beijo no rosto do candidato tucano, após sinalizar que pode ceder à pressão do partido, do próprio Serra e de seus aliados para que componha a chapa.

Serra fez histórico dos últimos 25 anos para mostrar que o Brasil não começou em 2003, com o governo Lula.

E ressaltou que, nessa trajetória, os tucanos foram protagonistas mesmo, citando pelo menos três vezes a gestão de FH na versão original do discurso, havia uma citação apenas.

Contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso país. Podemos nos orgulhar disso.

Não temos problema com o nosso passado, não temos mal entendido com o nosso passado. Mas, se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E, se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é inevitável: o Brasil pode ser muito mais do que é hoje afirmou.

O Brasil não tem dono, diz Serra

Para Serra, o PIB brasileiro pode crescer 50% mais do que cresce hoje.

Mas isso, disse, se o país conseguir superar uma combinação perversa de falta de infraestrutura, inadequações de política macroeconômica, carga tributária sideral, aumento da rigidez fiscal e vertiginoso crescimento do déficit da balança de pagamentos.

Assim como em sua despedida do governo de São Paulo, ressaltou que o governo deve servir ao povo, não a partidos ou corporações.

Quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles.

O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham, que estudam, que querem subir na vida, aos brasileiros que não se deixam corromper, que não toleram os malfeitos, que não dispõem de uma boquinha, que exigem ética na vida pública porque são decentes, aos que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida.

Reconhecendo que terá uma dura campanha pela frente, Serra levantou a militância dos partidos de oposição ao pregar, várias vezes, o bordão O Brasil pode mais. Os cinco oradores que lhe antecederam, entre eles Fernando Henrique e Aécio, fizeram um paralelo entre a inexperiência de Dilma e a trajetória de Serra, dizendo que ele é um político testado e aprovado

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