quinta-feira, 15 de abril de 2010

A herança maldita:: Luiz Aurélio Leite


A herança maldita a ser deixada por Lula ainda é difícil de ser avaliada. No contexto da cultura do brasileiro, sem nenhuma dúvida, ela será gigantesca em função da valorização da malandragem, da esperteza, do vale-tudo político, da tentativa de consolidação da impunidade, da desvalorização do esforço e da educação como instrumentos de conquista da cidadania etc.

Do ponto de vista econômico ... só a atuação do BNDES já dá medo. Ontem mais uma face desta realidade foi revelada pelo governo Lula. Como inexistem parceiros no mundo dispostos à tarefa, o Brasil, ou o BNDES, vai financiar o Irã. Lula levará esta alternativa pelega de furar o bloqueio internacional ao companheiro Ahmadinejad, se é que vale alguma analogia com o sindicalismo pós-moderno brasileiro.

É o banco, mais uma vez, atuando sem nenhum freio ou desconforto em quatro pontas. A que transforma a Amazônia em pasto, a que beneficia grandes conglomerados já ilegitimamente beneficiados, nos últimos 7 anos, a que permite o escoamento da carne de boi para o Irã e a que apóia a absurda e irresponsável política externa dos irresponsáveis Lula, Amorim e Garcia.

Além da questão econômica, da replicação da maldição de exportarmos produtos sem nenhum valor agregado, a comercialização de carne para o Irã ainda atende a alguns requisitos no mínimo esquisitos. Alguns até mesmo duvidosos em relação à legislação brasileira.

Os frigoríficos envolvidos na estória precisam dispor de fiscais e veterinários mulçumanos, o que é bastante razoável já que só a eles é dado o supremo privilégio de compreender a diferença do boi estar ou não com o peito apontado para Meca na hora em que é sacrificado, já que, neste caso, não cabe a expressão abatido. Algumas mudanças também precisam ser processadas de modo a incorporar tecnologias de ponta na hora em que se dá a matança: o animal deve ser sangrado nas traquéias e nas jugulares até a morte.

A explicação é tão óbvia que nem caberia aqui expô-la: elimina-se toxinas existentes no sangue e outras impurezas não especificadas. O resultado, segundo o diretor executivo da Federação das Associações Mulçumanas do Brasil, Mohamed Hussein El Zoghbi, responsável pela fiscalização dos frigoríficos que exportam carne para as nações mulçumanas, "é uma carne muito mais tenra, saborosa e de qualidade superior". Para quem enforca seres humanos apenas por padecerem de descontentamento político, isto soa até normal.

Também devem achar normal o BNDES ser usado nessa mixórdia. Em relação a essas “operações lucrativas”, espera-se que as taxas de juros aplicadas não engordem o conjunto dos dados sigilosos administrados pelo banco. Todos devidamente apartados da possibilidade de atender à “desnecessária” curiosidade alheia.

De nada vale, mas declaro aqui que não gostaria de ver o imposto que pago ser transformado em moeda de troca entre governos que funcionam a partir de concepções equivocadas.

Luiz Aurélio Leite é ambientalista e consultor empresarial

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