O Rio não está preparado para as formidáveis chuvas de verão. A cidade se atrapalhou toda de novo com as águas que caíram esta semana. É um problema antigo que não sei que prefeito corrigirá. Já em Machado de Assis encontro várias crônicas onde ele faz uma história dos diversos dilúvios cariocas.
A primeira referência que é um "assombroso" temporal com a "violência mais aterradora que se tem visto. Há cerca de duzentos mil vidros quebrados no Rio de Janeiro" . Isto foi em 1864. Em 28.04.1895 ele descreveria nova tragédia: "Que dilúvio, Deus de Noé!(...) a princípio não tive medo: cuidei que eram dessas chuvas que passam logo. Quando porém os elementos se desencadearam deveras, e as ruas ficaram rios, as praças mares, então supus que realmente era o fim dos tempos. As águas entravam pelas casas, outras desciam dos morros,cor de barro. Carro nem tílburi disponíveis. algum veiculo particular aparecia, ou levava o dono ou esperava por ele. Bondes alagados,sem horário, quase sem cortinas. Entramos em alguns em um, e o bonde começou a não a não andar, mas a boiar; boiou a noite inteira, ainda agora bóia".
Em 02.02.1896 volta ao tema dos vendavais cariocas exclamando: "Avocat, oh passon au déluge!:" Antes que me digas isso, começo por ele. ˜não esperes ouvir de mim senão que foi e vai querendo ser o maior de todos os dilúvios. Sei que o espetáculo do presente tira a memória do passado, e mais dói uma alfinetada agora que um calo há um ano. Mas em verdade a água, depois de ter sido enorme, tornou-se constante, geral e aborrecida"
A seguir refere-se ao fato de que as ruas fizeram-se lagoas e dezenas de casas desabaram. Mas que talvez isso fosse uma medida "sanitária" dos céus, pois curiosamente diminuiram as epidemias na cidade.
Mas refazendo a história das tempestades no Rio, diz: "Podia citar dilúvios anteriores, os dous, pelo menos, que tivemos nos íltimos quinze anos, ambos os quais ( se não me engano) mataram gente com as suas simples águas. Águas passadas. O primeiro desses durou uma noite quase inteira: o segundo começou a uma ou duas da tarde e acabou `as sete. Era domingo, e creio que de Páscoa. Mas um e outro, tiveram um predecessor medonho no de 1964, que antecedeu ou sucedeu, um mês certo, ao dilúvio da praça. O da praça, arrastou consigo todas as casas bancárias, ficando só os prédios e os credores. não perdi nada com um nem com outro. Pude, sim, verificar que os poetas acertam quando comparam os poemas `as águas. Vi muitas vezes as ruas perpendiculares ao mar cheia de água que desciam correndo, Uma dessas vezes foi justamente a do dilúvio de 1864; a sala da redação de um jornal ora morto, estava alagada; desci pela escada, que era uma cachoeira, cheguei às portas de saída, todas fechadas, exceto a metade de uma, onde o guarda-livros, com o olho na rua, espreitava a ocasião de sair logo que as paredes da casa arriassem. Pois as águas que desciam por essas e outras ruas não eram mais nem menos que as multidões de gente que desceram por elas no dia do dilúvio bancário.
"Pior que tudo, porém, se a tradição não mente, foram as 'águas do monte' assim chamadas por terem feito desabar parte do morro do Castelo. Sabe-se que essas águas cairam em 1811 e duraram sete dias desde o mês de fevereiro., Parece que o o nosso século nascido com água, não quer morrer sem ela. não menos parece que o morro do Castelo, cansado d esperar que o arrasem, segundo velhos planos, está resoluto a acabado a obra de 1811. Naquele ano chegaram a andar de canoas pelas ruas; assim se comprou e vendeu, assim fizeram visitas e salvamentos. Também é possível , como ainda viviam náiades, que assim as fossem buscar às fontes.Talvez até se pescassem amores"
"Se remontares ainda uns sessenta anos, terás o dilúvio de 1756, que uniu a cidade ao mar e durou três longos dias de vinte e quatro horas. Mais que em 1811, as canoas serviram aos habitantes, e o perigo ensinou a estes a navegação. Uma das canoas trouxe da Rua da Saúde ( antiga Valongo) até a Igreja do Rosário não menos que sete pessoas. Caíram casas dessa vez; a população refugiou-se ao pé dos altares. Afinal, como a cidade não tinha ainda contados os seus dias, fecharam-se as cataratas do céu; as águas baixaram e os pés voltaram a pisar este nosso chão amado"
Este é o Rio dos temporais que Machado descreveu. Se pensarmos que naquele tempo não havia asfalto, nem velas pelos morros, veremos que o Rio tem uma vocação maritima inequívoca. Talvez a solução fosse transformar logo a cidde numa espécie de Veneza.Construir os prédios sobre palafitas e cada um começar a ter um carro anfíbio na sua porta. Ou,então, com a tecnologia moderna inventarmos uma solução para um problema que é mais velho que o velho Machado.
A primeira referência que é um "assombroso" temporal com a "violência mais aterradora que se tem visto. Há cerca de duzentos mil vidros quebrados no Rio de Janeiro" . Isto foi em 1864. Em 28.04.1895 ele descreveria nova tragédia: "Que dilúvio, Deus de Noé!(...) a princípio não tive medo: cuidei que eram dessas chuvas que passam logo. Quando porém os elementos se desencadearam deveras, e as ruas ficaram rios, as praças mares, então supus que realmente era o fim dos tempos. As águas entravam pelas casas, outras desciam dos morros,cor de barro. Carro nem tílburi disponíveis. algum veiculo particular aparecia, ou levava o dono ou esperava por ele. Bondes alagados,sem horário, quase sem cortinas. Entramos em alguns em um, e o bonde começou a não a não andar, mas a boiar; boiou a noite inteira, ainda agora bóia".
Em 02.02.1896 volta ao tema dos vendavais cariocas exclamando: "Avocat, oh passon au déluge!:" Antes que me digas isso, começo por ele. ˜não esperes ouvir de mim senão que foi e vai querendo ser o maior de todos os dilúvios. Sei que o espetáculo do presente tira a memória do passado, e mais dói uma alfinetada agora que um calo há um ano. Mas em verdade a água, depois de ter sido enorme, tornou-se constante, geral e aborrecida"
A seguir refere-se ao fato de que as ruas fizeram-se lagoas e dezenas de casas desabaram. Mas que talvez isso fosse uma medida "sanitária" dos céus, pois curiosamente diminuiram as epidemias na cidade.
Mas refazendo a história das tempestades no Rio, diz: "Podia citar dilúvios anteriores, os dous, pelo menos, que tivemos nos íltimos quinze anos, ambos os quais ( se não me engano) mataram gente com as suas simples águas. Águas passadas. O primeiro desses durou uma noite quase inteira: o segundo começou a uma ou duas da tarde e acabou `as sete. Era domingo, e creio que de Páscoa. Mas um e outro, tiveram um predecessor medonho no de 1964, que antecedeu ou sucedeu, um mês certo, ao dilúvio da praça. O da praça, arrastou consigo todas as casas bancárias, ficando só os prédios e os credores. não perdi nada com um nem com outro. Pude, sim, verificar que os poetas acertam quando comparam os poemas `as águas. Vi muitas vezes as ruas perpendiculares ao mar cheia de água que desciam correndo, Uma dessas vezes foi justamente a do dilúvio de 1864; a sala da redação de um jornal ora morto, estava alagada; desci pela escada, que era uma cachoeira, cheguei às portas de saída, todas fechadas, exceto a metade de uma, onde o guarda-livros, com o olho na rua, espreitava a ocasião de sair logo que as paredes da casa arriassem. Pois as águas que desciam por essas e outras ruas não eram mais nem menos que as multidões de gente que desceram por elas no dia do dilúvio bancário.
"Pior que tudo, porém, se a tradição não mente, foram as 'águas do monte' assim chamadas por terem feito desabar parte do morro do Castelo. Sabe-se que essas águas cairam em 1811 e duraram sete dias desde o mês de fevereiro., Parece que o o nosso século nascido com água, não quer morrer sem ela. não menos parece que o morro do Castelo, cansado d esperar que o arrasem, segundo velhos planos, está resoluto a acabado a obra de 1811. Naquele ano chegaram a andar de canoas pelas ruas; assim se comprou e vendeu, assim fizeram visitas e salvamentos. Também é possível , como ainda viviam náiades, que assim as fossem buscar às fontes.Talvez até se pescassem amores"
"Se remontares ainda uns sessenta anos, terás o dilúvio de 1756, que uniu a cidade ao mar e durou três longos dias de vinte e quatro horas. Mais que em 1811, as canoas serviram aos habitantes, e o perigo ensinou a estes a navegação. Uma das canoas trouxe da Rua da Saúde ( antiga Valongo) até a Igreja do Rosário não menos que sete pessoas. Caíram casas dessa vez; a população refugiou-se ao pé dos altares. Afinal, como a cidade não tinha ainda contados os seus dias, fecharam-se as cataratas do céu; as águas baixaram e os pés voltaram a pisar este nosso chão amado"
Este é o Rio dos temporais que Machado descreveu. Se pensarmos que naquele tempo não havia asfalto, nem velas pelos morros, veremos que o Rio tem uma vocação maritima inequívoca. Talvez a solução fosse transformar logo a cidde numa espécie de Veneza.Construir os prédios sobre palafitas e cada um começar a ter um carro anfíbio na sua porta. Ou,então, com a tecnologia moderna inventarmos uma solução para um problema que é mais velho que o velho Machado.
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