DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Já se disse que Serra tem muito azar como candidato à Presidência. Em 2002, foi o candidato da continuidade quando a maré era de mudança. Agora, é o candidato de oposição quando a maré é de continuidade.
É verdade que, em 2002, o truque de ser "oposição dentro da continuidade" não colou. Mas, em 2010, o truque de ser "continuidade dentro da oposição" está colando. E muito bem. Serra virou lulista de carteirinha.
Promete mais do mesmo, só que com um figurino bem mais conservador da autoridade presidencial.
Defende a ideia de que os últimos 25 anos de redemocratização representam um contínuo e progressivo processo de aprendizagem coletiva. Dilui o que há de específico do governo Lula. Como todo mundo colaborou, o jogo político estaria zerado. E a eleição deixa de ser um plebiscito do governo.
Contra todas as expectativas, a estratégia Serra até agora tem sido bem-sucedida.
Conseguiu reduzir a eleição a uma comparação de biografias. E o problema não é só que a campanha de Dilma aceitou esse terreno de disputa limitado. É que até para isso seria preciso se descolar de Lula. Como esse descolamento não está previsto por enquanto, surgem patetadas como a comparação de Dilma com Nelson Mandela feita pelo próprio Lula.
O paradoxo maior da eleição está no apoio do presidente. Como estão as coisas hoje, a maior ameaça à candidatura de Dilma é não conseguir se distinguir o suficiente de Lula.
Porque, no fundo, o que a figura de Lula podia fazer, já fez. Colocou a sua candidata além do patamar histórico de votação do PT. Ou seja, fez dela uma candidata competitiva. Esperar que Dilma seja eleita apenas com base no apoio de Lula simplesmente não é realista.
Não bastasse isso, também no campo da articulação de alianças Serra está na frente há já algum tempo. Desde cedo, soube manejar muito melhor os arranjos estaduais. A tal ponto que até Aécio Neves parece estar reconsiderando seriamente a ideia de ser candidato a vice.
Já o apoio à candidatura Dilma está gravemente ameaçado. Nem mesmo uma aliança efetiva com o PMDB pode ser hoje dada como certa. O caso de Minas Gerais é paradigmático. O PT mineiro não quer ir para o sacrifício quando inúmeras seções estaduais do partido já resolveram ir contra a aliança nacional. E o próprio PMDB mineiro já não acredita em uma aliança para valer com o PT.
A única saída para Dilma é mostrar sua cara, é arriscar. O que talvez salve a eleição, já que, hoje, arriscar significa politizar a campanha. Ao contrário do que seria de se esperar, a inércia está do lado de Serra.
Já se disse que Serra tem muito azar como candidato à Presidência. Em 2002, foi o candidato da continuidade quando a maré era de mudança. Agora, é o candidato de oposição quando a maré é de continuidade.
É verdade que, em 2002, o truque de ser "oposição dentro da continuidade" não colou. Mas, em 2010, o truque de ser "continuidade dentro da oposição" está colando. E muito bem. Serra virou lulista de carteirinha.
Promete mais do mesmo, só que com um figurino bem mais conservador da autoridade presidencial.
Defende a ideia de que os últimos 25 anos de redemocratização representam um contínuo e progressivo processo de aprendizagem coletiva. Dilui o que há de específico do governo Lula. Como todo mundo colaborou, o jogo político estaria zerado. E a eleição deixa de ser um plebiscito do governo.
Contra todas as expectativas, a estratégia Serra até agora tem sido bem-sucedida.
Conseguiu reduzir a eleição a uma comparação de biografias. E o problema não é só que a campanha de Dilma aceitou esse terreno de disputa limitado. É que até para isso seria preciso se descolar de Lula. Como esse descolamento não está previsto por enquanto, surgem patetadas como a comparação de Dilma com Nelson Mandela feita pelo próprio Lula.
O paradoxo maior da eleição está no apoio do presidente. Como estão as coisas hoje, a maior ameaça à candidatura de Dilma é não conseguir se distinguir o suficiente de Lula.
Porque, no fundo, o que a figura de Lula podia fazer, já fez. Colocou a sua candidata além do patamar histórico de votação do PT. Ou seja, fez dela uma candidata competitiva. Esperar que Dilma seja eleita apenas com base no apoio de Lula simplesmente não é realista.
Não bastasse isso, também no campo da articulação de alianças Serra está na frente há já algum tempo. Desde cedo, soube manejar muito melhor os arranjos estaduais. A tal ponto que até Aécio Neves parece estar reconsiderando seriamente a ideia de ser candidato a vice.
Já o apoio à candidatura Dilma está gravemente ameaçado. Nem mesmo uma aliança efetiva com o PMDB pode ser hoje dada como certa. O caso de Minas Gerais é paradigmático. O PT mineiro não quer ir para o sacrifício quando inúmeras seções estaduais do partido já resolveram ir contra a aliança nacional. E o próprio PMDB mineiro já não acredita em uma aliança para valer com o PT.
A única saída para Dilma é mostrar sua cara, é arriscar. O que talvez salve a eleição, já que, hoje, arriscar significa politizar a campanha. Ao contrário do que seria de se esperar, a inércia está do lado de Serra.
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