DEU EM O GLOBO
Quem soube do novo escândalo na Casa Civil? (Serra, em comício no interior de Sergipe. Poucos levantaram as mãos.)
"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
-- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe,
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
-- Sei que não vou por aí.
(Tomado emprestado de José Maria dos Reis Pereira, José Régio, poeta português do início do século passado. O nome do poema é Cântico Negro. Eu o ouvi pela primeira vez declamado por Paulo Autran em 1965.)
Olha a soberba, Dilma! Isso é lá jeito de se tratar um senador? Álvaro Dias (PSDB-PR) sugeriu que o Congresso a convidasse para falar sobre malfeitos ocorridos na Casa Civil. A senhora poderia ter calado a respeito. Ou simplesmente ter dito que o convite não passava de uma jogada eleitoral do senador o que de fato é. Mas daí a afirmar que, partindo dele, a senhora não aceitaria nem convite para cafezinho? Como imagina governar sem tomar cafezinho com aliados e adversários?
Quem soube do novo escândalo na Casa Civil? (Serra, em comício no interior de Sergipe. Poucos levantaram as mãos.)
"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
-- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe,
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
-- Sei que não vou por aí.
(Tomado emprestado de José Maria dos Reis Pereira, José Régio, poeta português do início do século passado. O nome do poema é Cântico Negro. Eu o ouvi pela primeira vez declamado por Paulo Autran em 1965.)
Olha a soberba, Dilma! Isso é lá jeito de se tratar um senador? Álvaro Dias (PSDB-PR) sugeriu que o Congresso a convidasse para falar sobre malfeitos ocorridos na Casa Civil. A senhora poderia ter calado a respeito. Ou simplesmente ter dito que o convite não passava de uma jogada eleitoral do senador o que de fato é. Mas daí a afirmar que, partindo dele, a senhora não aceitaria nem convite para cafezinho? Como imagina governar sem tomar cafezinho com aliados e adversários?
Só uma vez na história de Pernambuco, um governador foi eleito sem eleger seus dois candidatos ao Senado. Aconteceu com Miguel Arraes em 1994. Armando Monteiro Filho (PDT), que fazia parte da chapa dele, foi derrotado por Carlos Wilson (PSDB). Eduardo Campos (PSB), neto de Arraes, será reeleito governador com mais de 50 pontos de vantagem sobre Jarbas Vasconcelos (PMDB). E elegerá senador Armando Monteiro Neto (PTB). Pela primeira vez, Marco Maciel (DEM) perderá uma eleição.
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