DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Mais de 40 toneladas de maconha; 212 quilos de cocaína; granadas; metralhadoras; fuzis com mira telescópica; armas automáticas; trabucos high tec com nomes estranhos; coletes de uso do Exército... Mesmo que as quantidades divulgadas não sejam confiáveis, a relação de drogas e de armamentos apreendidos no Complexo do Alemão impressiona bastante.
Não foi Papai Noel quem levou tudo isso até lá. Nem as drogas nem as armas chegaram ao morro de trenó. Foram contrabandeadas. Por trás dos pés de chinelo presos ou mocozeados na favela, existe gente mais graúda alimentando e tirando proveito dos negócios do tráfico.
Veterana nos meandros dessa cadeia, a antropóloga Alba Zaluar perguntava ontem, em artigo para "O Globo": "Quando e como vão destruir as drogas e armas apreendidas em tamanha quantidade nos últimos dias, para que não percorram o caminho inverso?".
Sua preocupação faz eco ao que diz outro antropólogo, o ex-secretário de Segurança do Rio Luiz Eduardo Soares. Em seu blog, ele escreve que "não há nenhuma modalidade importante de ação criminal do Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes". O seu texto, chamado "A crise do Rio e o pastiche midiático", vai mais longe ao afirmar que o modelo do tráfico, tal como o conhecemos, está em franco declínio e tende a se eclipsar, incapaz de competir com as milícias.
A polarização que dá a tônica do discurso oficial encampado pela mídia -entre a polícia, de um lado, e o tráfico, do outro-, esconderia, segundo o antropólogo, o principal problema hoje: "Como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, para que deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados?".
Essa outra guerra nem começou. E, sem ela, ao pó retornaremos.
SÃO PAULO - Mais de 40 toneladas de maconha; 212 quilos de cocaína; granadas; metralhadoras; fuzis com mira telescópica; armas automáticas; trabucos high tec com nomes estranhos; coletes de uso do Exército... Mesmo que as quantidades divulgadas não sejam confiáveis, a relação de drogas e de armamentos apreendidos no Complexo do Alemão impressiona bastante.
Não foi Papai Noel quem levou tudo isso até lá. Nem as drogas nem as armas chegaram ao morro de trenó. Foram contrabandeadas. Por trás dos pés de chinelo presos ou mocozeados na favela, existe gente mais graúda alimentando e tirando proveito dos negócios do tráfico.
Veterana nos meandros dessa cadeia, a antropóloga Alba Zaluar perguntava ontem, em artigo para "O Globo": "Quando e como vão destruir as drogas e armas apreendidas em tamanha quantidade nos últimos dias, para que não percorram o caminho inverso?".
Sua preocupação faz eco ao que diz outro antropólogo, o ex-secretário de Segurança do Rio Luiz Eduardo Soares. Em seu blog, ele escreve que "não há nenhuma modalidade importante de ação criminal do Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes". O seu texto, chamado "A crise do Rio e o pastiche midiático", vai mais longe ao afirmar que o modelo do tráfico, tal como o conhecemos, está em franco declínio e tende a se eclipsar, incapaz de competir com as milícias.
A polarização que dá a tônica do discurso oficial encampado pela mídia -entre a polícia, de um lado, e o tráfico, do outro-, esconderia, segundo o antropólogo, o principal problema hoje: "Como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, para que deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados?".
Essa outra guerra nem começou. E, sem ela, ao pó retornaremos.
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