A progressão dos passos de Gilberto Kassab, da fase de disputa do comando DEM (tendo em vista vinculá-lo a uma nova candidatura presidencial de José Serra e, no plano estadual paulista, ao lançamento de seu nome para a eleição de governador em 2014, com apoio do PSDB serrista ou contraposto ao de uma campanha reeleitoral de Geraldo Alckmin, como terceira via entre tucanos e petistas) para os desdobramentos da busca de espaço no PMDB, tentando substituir a liderança regional independente que era exercida por Orestes Quércia, e na sequência, para a associação do projeto pessoal ao deslocamento de seu grupo em direção à base governista federal, tal progressão terminou por privá-lo do respaldo que, pela importante condição de prefeito da principal metrópole do país, ele tinha de várias lideranças demistas, nacionais, de São Paulo e de outros estados, bem como do apoio que Serra lhe dava inicialmente. O isolamento se confirmou na convenção do partido ontem em Brasília, por meio da escolha unitária dos dirigentes – do senador José Agripino, para a presidência, da presença de Jorge Bornhausen e Marco Maciel, no conselho político, da permanência na legenda do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, da senadora de Tocantins, Kátia Abreu, e da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, e com o desligamento de apenas um dos mais de dez deputados federais que Kassab esperava já decidiriam acompanhá-lo na fundação do PDB, o partido-janela ou partido-ponte para novo alinhamento político, que está construindo.
Mas o grande interesse manifestado por quadros de vários partidos pelas articulações de Kassab evidenciou, não obstante o eficiente bloqueio que elas sofreram, a fragilidade política da oposição, sobretudo do DEM, de par com as limitações, para muitos desses quadros, representadas pelo peso do condomínio PT-PMDB no plano nacional e pela polarização PSDB-PT nas eleições presidenciais e em grande número de estados. Limitações que Kassab identificou bem e propõe-se explorar, para seu projeto paulista, através de uma composição com o expressivo
PSB nordestino de Eduardo Campos. Numa perspectiva que o orienta a deslocar-se para o campo de apoio ao governo Dilma Rousseff. No qual espera poder afirmar-se como opção mais competitiva que a de um candidato petista para o enfrentamento dos tucanos. E onde, obviamente, terá de sacrificar sua relação especial com o serrismo. Perspectiva de cenário oposta a de um revigoramento da oposição – com possível fusão do DEM e do PPS ao PSDB – em torno da candidatura presidencial de Aécio Neves, articulada com a de Geraldo Alckmin para o governo paulista.
Dilma/Obama. Em vez do ideologismo, boas relações do Brasil com os EUA
A importância conferida pelo governo de Dilma Rousseff à visita do presidente Barack Obama, que chegará sábado à Brasília, deverá confirmar e ampliar a reorientação de nossa política externa – do ideologismo esquerdista (inspirado no velho anti imperialismo), predominante no segundo mandato de Lula, para uma postura realista de defesa prioritária dos interesses econômicos do país, combinada com a de resgate de posições históricas do Itamaraty de conteúdo democrático, incluídas as de respeito aos direitos humanos. Entre os vários efeitos econômicos negativos de tal ideologismo, o Brasil perdeu expressivo espaço no grande mercado consumidor norte-americano, o que se reflete agora em déficit bilionário em nossa balança comercial. E, no plano diplomático, o radicalismo terceiro-mundista em nada contribuiu para o projeto da conquista de um lugar no Conselho Permanente da ONU, trabalhado obsessivamente pelo governo anterior. Trechos da reportagem do Valor, de ontem, intitulada “Com visita de Obama, país quer se tornar ator global”: “A confirmação do Brasil como 'ator global', parceiro dos Estados Unidos e em nível de igualdade com outros países desenvolvidos, é o principal resultado esperado pelo governo brasileiro da visita de Obama. Brasil e EUA discutem ainda os quase 20 acordos e memorandos a serem assinados durante a visita...". "Energia e infraestrutura terão lugar importante no comunicado conjunto a ser divulgado pelos dois presidentes, que também dedicarão espaço generoso à defesa dos direitos humanos - tema que deve inspirar outro acordo, para troca de informações na elaboração de resoluções nessa área."
Jarbas de Holanda é jornalista
Mas o grande interesse manifestado por quadros de vários partidos pelas articulações de Kassab evidenciou, não obstante o eficiente bloqueio que elas sofreram, a fragilidade política da oposição, sobretudo do DEM, de par com as limitações, para muitos desses quadros, representadas pelo peso do condomínio PT-PMDB no plano nacional e pela polarização PSDB-PT nas eleições presidenciais e em grande número de estados. Limitações que Kassab identificou bem e propõe-se explorar, para seu projeto paulista, através de uma composição com o expressivo
PSB nordestino de Eduardo Campos. Numa perspectiva que o orienta a deslocar-se para o campo de apoio ao governo Dilma Rousseff. No qual espera poder afirmar-se como opção mais competitiva que a de um candidato petista para o enfrentamento dos tucanos. E onde, obviamente, terá de sacrificar sua relação especial com o serrismo. Perspectiva de cenário oposta a de um revigoramento da oposição – com possível fusão do DEM e do PPS ao PSDB – em torno da candidatura presidencial de Aécio Neves, articulada com a de Geraldo Alckmin para o governo paulista.
Dilma/Obama. Em vez do ideologismo, boas relações do Brasil com os EUA
A importância conferida pelo governo de Dilma Rousseff à visita do presidente Barack Obama, que chegará sábado à Brasília, deverá confirmar e ampliar a reorientação de nossa política externa – do ideologismo esquerdista (inspirado no velho anti imperialismo), predominante no segundo mandato de Lula, para uma postura realista de defesa prioritária dos interesses econômicos do país, combinada com a de resgate de posições históricas do Itamaraty de conteúdo democrático, incluídas as de respeito aos direitos humanos. Entre os vários efeitos econômicos negativos de tal ideologismo, o Brasil perdeu expressivo espaço no grande mercado consumidor norte-americano, o que se reflete agora em déficit bilionário em nossa balança comercial. E, no plano diplomático, o radicalismo terceiro-mundista em nada contribuiu para o projeto da conquista de um lugar no Conselho Permanente da ONU, trabalhado obsessivamente pelo governo anterior. Trechos da reportagem do Valor, de ontem, intitulada “Com visita de Obama, país quer se tornar ator global”: “A confirmação do Brasil como 'ator global', parceiro dos Estados Unidos e em nível de igualdade com outros países desenvolvidos, é o principal resultado esperado pelo governo brasileiro da visita de Obama. Brasil e EUA discutem ainda os quase 20 acordos e memorandos a serem assinados durante a visita...". "Energia e infraestrutura terão lugar importante no comunicado conjunto a ser divulgado pelos dois presidentes, que também dedicarão espaço generoso à defesa dos direitos humanos - tema que deve inspirar outro acordo, para troca de informações na elaboração de resoluções nessa área."
Jarbas de Holanda é jornalista
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