O diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que resistia a sair do cargo dizendo-se injustiçado com as denúncias de corrupção, entregará hoje sua carta de demissão ao ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. O Planalto temia que Pagot saísse fazendo denúncias contra o governo, mas ele foi convencido por seu padrinho político, o senador Blairo Maggi (PR-MT), a se acalmar. "Recomendei a ele não ficar buscando mais confusão", disse Blairo. A faxina no Dnit continuará: os últimos 3 diretores ligados ao PR devem ser demitidos em agosto, assim como superintendentes
Fim de linha para Pagot
Diretor-geral do Dnit vai entregar hoje sua carta de demissão, sem atacar o governo
Gerson Camarotti
Mais de 20 dias após o início da crise que provocou a faxina no Ministério dos Transportes, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, entregará hoje sua carta de demissão ao novo ministro da pasta, Paulo Sérgio Passos. A notícia tranquilizou ontem o Palácio do Planalto, que temia que Pagot deixasse o governo atirando. Com essa demissão, o Dnit fica agora com apenas três de seus sete diretores, todos ligados ao PR. Esses três últimos devem ser substituídos em agosto.
Na sexta-feira, Pagot ainda resistia em deixar o cargo e lembrava ao Planalto sua dedicação e participação como arrecadador de campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, como revelou O GLOBO no sábado. Mas, no fim de semana, ele foi acalmado por emissários do governo e finalmente convencido pelo seu padrinho político, o senador Blairo Maggi (PR-MT), de que não tinha mais como ficar.
Ontem, após conversar com Pagot, Blairo confirmou ao GLOBO que a carta de demissão será entregue hoje. Blairo reconheceu que, independentemente da capacitação técnica, não havia mais condições políticas de Pagot continuar no cargo. E revelou que aconselhou o diretor-geral do Dnit "a não criar confusão". Setores do PR incentivavam Pagot a fazer ameaças ao governo.
- Pagot vai entregar a carta nesta segunda (hoje). Falei para ele não ficar preocupado: "Vamos tocar a vida para a frente. Política é assim mesmo. Entrega suas coisas e volta para a iniciativa privada." Fiz a recomendação para ele não ficar buscando mais confusão. Até porque confusão não leva a nada. Ele tem dois caminhos: me seguir ou seguir o partido - disse Blairo. - As condições políticas para permanecer no cargo não existem mais. Vamos deixar livre a presidente Dilma. O PR não tem que reivindicar nada.
Para evitar o seu afastamento, determinado por Dilma assim que surgiram as primeiras denúncias de corrupção no Dnit, em 2 de julho, Pagot entrou de férias, com o acerto informal de só retornar em 4 de agosto. Mas o período oficial de férias dele terminou na última sexta-feira. Para facilitar a saída de Pagot, o Planalto obteve antes o pedido de demissão do petista Hideraldo Caron da diretoria de Infraestrutura Rodoviária do Dnit.
Ontem, auxiliares de Dilma foram avisados de que Pagot vai entregar sua carta e sair de cena. A expectativa inicial era que ele deixaria o governo na última sexta-feira. Mas o Planalto ainda recebeu recados de que Pagot estava insatisfeito e que considerava sua saída injusta. O Planalto já tinha identificado que setores do PR estavam estimulando Pagot a sair do governo atirando. Ontem, líderes do partido confirmaram que Pagot estava insatisfeito com o tratamento recebido do Planalto.
- É como se Pagot tivesse virado a Geni. Ele não quer sair do governo como um leproso - disse o deputado Lincoln Portela (MG), líder do PR.
Com a saída de Pagot, Caron e José Henrique Sadok de Sá, após denúncias de irregularidades, o Planalto agora também vai tirar do Dnit mais três diretores ligados ao PR: o de Planejamento e Pesquisa, Jony Marcos Lopes; o de Infraestrutura Ferroviária, Geraldo Lourenço; e o de Infraestrutura Aquaviária, Herbert Drummond. Antes da atual onda de denúncias, o então diretor de Administração e Finanças do Dnit, Heraldo Cosentino, ligado ao PT, fora exonerado.
Além disso, Dilma vai mudar também os comandos das superintendências regionais do Dnit, como informou O GLOBO semana passada. O Planalto já identificou que todas as 23 superintendências têm afilhados políticos, 12 deles indicados do PR. As mudanças devem atingir afilhados de líderes do partido como o ex-ministro e senador Alfredo Nascimento (Amazonas) e os deputados Inocêncio Oliveira (Pernambuco), Sandro Mabel (Goiás) e Wellington Roberto (Paraíba).
Recentemente, já houve intervenção no Dnit do Ceará, que tinha influência do ex-governador Lúcio Alcântara. Mas o Planalto também fará mudanças nas superintendências do órgão em estados indicados por petistas, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Há suspeitas de desmandos também em Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Piauí e Maranhão.
FONTE: O GLOBO
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