Dilma faz gesto público em apoio a Negromonte, que, por sua vez, tenta garantir à presidente a união do seu partido
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Para evitar mais uma baixa na Esplanada, o Planalto pretende manter no cargo o ministro das Cidades, Mário Negromonte. Ontem, ele procurou convencer a presidente Dilma Rousseff e o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, de que o PP "está reunificado", depois das conversas que ele teve com as lideranças do partido, para explicar uma entrevista que deu ao jornal O Globo. Na conversa ele afirmou que parlamentares do partido têm "folha corrida".
Mesmo ciente do risco de novos problemas, Dilma, em gesto simbólico para transmitir prestígio, desceu com ele a rampa interna do Planalto. Era uma tentativa de encerrar a polêmica, reforçada pela afirmação, a jornalistas, de que não se faz "escala de demissões". Mas Dilma fez chegar ao PP que escolheria o sucessor de Montenegro caso a bancada o desestabilizasse.
Apesar da irritação da presidente com os ataques feitos por Negromonte, o Planalto se dispôs a aceitar a versão do ministro e considerar o episódio superado. Só que, ontem mesmo, o governo foi informado de que a entrevista do ministro foi considerada "muito ruim" por uma grande maioria do PP e que havia uma "indignação" geral. A bancada da Câmara ouviu silenciosa, em abandono programado, críticas feitas pelos partidos de oposição, em plenário. A ideia, no caso, era deixar claro que Negromonte não tinha reunificado nada. Mas os avisos também sinalizaram que, mesmo insatisfeito, o partido continuava apoiando o governo.
Incômodo. Desde cedo, assim que a entrevista foi lida no Planalto, o incômodo tomou conta das conversas. Gilberto Carvalho tentou falar com Negromonte, mas só conseguiu contato na hora do almoço. Avisou-o de que era fundamental sair a campo para garantir a unificação do PP. Pouco antes das 14h30, Negromonte foi ao Planalto sustentar, diante de Carvalho, que o partido estava reunificado. A prova disso era que já havia sido até hipotecada solidariedade ao novo líder, Agnaldo Ribeiro.
Com este quadro, apesar de ter ficado "preocupado" o governo preferiu considerar que "a vida continua" e que não deve interferir em questões internas dos partidos. Dilma, no entanto, não deixou de demonstrar insatisfação com o que ocorreu. Mas a avaliação da cúpula pepista e do Planalto é de que a presidente deve adiar qualquer mudança para não complicar a vida do governo.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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