Denúncias do irmão enfraquecem líder do governo no Senado, agora cobrado por ""negociar demais"" com oposição
Eugênia Lopes
BRASÍLIA - O senador Romero Jucá (PMDB-RR) é hoje um líder à deriva. Alvo de críticas de senadores da base aliada e da oposição, o líder do governo no Senado enfrenta uma situação delicada em seu próprio partido - a ponto de alguns peemedebistas defenderem, em conversas reservadas, sua saída do cargo.
Além disso, a propalada eficiência de Jucá na liderança vem sendo questionada pelos demais aliados: muitos alegam, agora, que ele negocia em excesso com a oposição.
A avaliação é que Jucá ficou em situação constrangedora depois que seu irmão Oscar Jucá Neto afirmou existir um conluio entre o PMDB e o PTB para controlar a estrutura do Ministério da Agricultura e, a partir daí, arrecadar dinheiro e favorecer aliados. Demitido de uma diretoria da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Neto causou desconforto a Jucá ao envolver em suas denúncias o ministro Wagner Rossi. Este foi indicado para a Agricultura pelo presidente do PMDB e vice-presidente Michel Temer. Jucá pediu desculpas à presidente pelas palavras do irmão.
Aparentemente, o líder conseguiu contornar a situação e, por enquanto, não corre o risco de sair. "Ele foi bastante correto. É preciso separar ele da ação do irmão", defendeu o senador Wellington Dias (PT-PI). "O Jucá não está sob suspeita. Ele já passou por coisas piores", disse Cristovam Buarque (PDT-DF).
Sem alternativa. Dilma estaria disposta a mantê-lo, para não pôr mais lenha na fogueira das relações com PMDB. Ela abriria uma guerra com o PMDB se indicasse um petista para o cargo e no PMDB não haveria muitas opções para o lugar. O nome do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) é sempre lembrado - mas sua eventual nomeação acabaria irritando o PR e o senador Alfredo Nascimento, também amazonense. A pretexto de discutir a Lei de Informática, Braga reuniu-se anteontem longamente com a presidente da República.
Além de vários ministros, Dilma Rousseff também herdou Romero Jucá do governo Lula. Ele ocupa o posto desde junho de 2006 e sua eficiência como articulador sempre foi reconhecida. As virtudes de antes, porém, passaram a ser alvo de críticas: agora ele é censurado por "negociar demais" com a oposição.
Tal comportamento desagradou, por exemplo, à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Dias antes de assumir a Casa Civil, Gleisi negou-se a levar adiante o acordo firmado por Jucá com líderes da oposição no plenário do Senado para votação de medidas provisórias que estavam prestes a caducar.
"O problema do Jucá é que ele faz acordo com a oposição e não consulta a base", reclamou um senador governista, para o qual Jucá "parece viver do passado", quando o governo não tinha maioria no Senado e era obrigado a aceitar decisões defendidas pela oposição.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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