Após o mais grave enfrentamento com traficantes desde a ocupação do Morro do Alemão e da Vila Cruzeiro, em novembro, 120 policiais militares se instalaram ontem em outras duas favelas do Complexo do Alemão, no Rio. O Exército admite ter sido surpreendido pelo ataque de terça-feira e diz que o tráfico usa moradores. A população pede Unidade de Polícia Pacificadora
120 PMs ocupam dois morros do Alemão
Exército também reforça blitze após ação do tráfico; operação é por tempo indeterminado
Glauber Gonçalves
RIO - A Polícia Militar ocupou os Morros do Adeus e da Baiana com 120 homens e o Exército reforçou as revistas no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, depois do mais grave enfrentamento das forças de segurança com traficantes no complexo, na noite de terça-feira, desde a ocupação de novembro.
Além dos 1,7 mil homens que já estavam no Alemão - cem fuzileiros reforçaram a tropa na terça-feira -, o Exército deixou de prontidão mais 200 militares para reforçar a segurança na área. O Alemão é um complexo de 13 favelas, das quais a Vila Cruzeiro e o Alemão já são ocupados pelo Exército. Os Morros do Adeus e da Baiana, que não são comunidades pacificadas, ficarão sob controle da PM por tempo indeterminado.
As demais comunidades do complexo serão monitoradas pelo Exército e pela polícia. "O objetivo é vasculhar o local e procurar criminosos que estejam portando armas", disse o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte.
Ontem, o comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Junior, atribuiu o tiroteio a uma ação de traficantes de fora do conjunto de favelas para tentar retomar o território. E disse que a ação foi "orquestrada". Apesar disso, reconheceu que o Exército foi surpreendido pelos criminosos. Ele também confirmou que os militares responderam aos tiros disparados pelos traficantes, que teriam usado armamento pesado. "Foi (uma surpresa). Nossa inteligência não tinha levantado essa ação", disse.
Ontem, houve endurecimento nas ações de revista para quem entrava e saía do Alemão. Carros e motos foram parados por militares em todas as entradas do complexo. Pela manhã, cinco artefatos explosivos de fabricação caseira foram encontrados - quatro estavam detonados e teriam sido arremessados contra os militares anteontem. Não houve registro de confrontos. As revistas rígidas devem continuar nos próximos dias.
UPPs. Segundo o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, os ataques não vão alterar o cronograma das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Na terça, foram formados 500 soldados para a UPP da Mangueira.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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