Luisa Bustamante
Depois de uma manifestação com cerca de 200 alunos, professores e funcionários das redes federais de ensino - formada pelos colégios Pedro II, Instituto Federal do Rio do Janeiro, Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal do Rio de Janeiro-, uma comissão de alunos e professores foi recebida pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Eles cobraram mais investimentos em educação, motivo desencadeador da greve que começou na rede federal de ensino do país no dia 1º de agosto.
"O ministro fez pouco caso das nossas reivindicações e nos recebeu com deboche. Ele negou que a educação na rede federal esteja sendo sucateada devido a falta de investimentos", contou a aluna Gabriela Nascimento, 18 anos, do Colégio Pedro II do Centro. "Nós que estamos todos os dias nas salas de aula sabemos que estão faltando professores e técnicos.
Confusão e violência
Antes de Haddad receber os manifestantes, no entanto, houve muito tumulto no acesso ao pavilhão 5 do Riocentro, onde acontece a 15ª edição da Bienal do Livro.
Para chamar a atenção dos que chegavam para a abertura da Bienal, o grupo de manifestantes fez um bloqueio no acesso ao pavilhão de número 5, impedindo a entrada da imprensa no perímetro onde a presidente ficaria.
Uma professora disse que foi agredida por um homem e uma mulher que seriam jornalistas. O casal não foi identificado. "Quando vi que eles estavam empurrando os alunos para furar o bloqueio, eu intervi. Uma mulher que tinha crachá de jornalista puxou o meu cabelo e eu caí no chão", relatou a mestre, sem querer se identificar.
"O nosso protesto foi pacífico. Só queremos atenção para a questão da educação. Os seguranças foram agressivos e nos empurraram desnecessariamente", contou a professora Glória de Melo Tonacio.
Greve no Pedro II: pais denunciam sucateamento e criticam governo federal
"Matricular nossos filhos neste colégio não pode virar uma doce ilusão de ter acesso ao ensino gratuito de boa qualidade", diz mãe de aluno
Pombos no refeitório, falta de professores e ausência de rampas para deficientes físicos em algumas unidades do Colégio Pedro II. Estas são algumas das queixas de pais de alunos que apoiam a greve iniciada no último dia 15, nas escolas da rede federal de ensino. Para os pais que apoiam a iniciativa de mais de 1.500 professores e servidores grevistas, há uma tentativa de resgatar o que, segundo eles, "O Pedro II foi no passado" e frear o "sucateamento imposto pelo governo federal" decorrente de sucessivos cortes. O último foi de R$ 3 bilhões na verba destinada à educação.
"O sonho de estudar numa unidade do Colégio Pedro II não pode virar uma doce ilusão. Tem faltado muitos professores e não há inspetores. Quando os alunos ficam com tempo livre porque não tem professores para todas as matérias, é comum ficarem à toa pelo pátio. Além disso, de que adianta ter laboratórios para os estudantes se não há funcionários para mantê-los funcionando?", questiona a arquivologista Luciana Zanetti, mãe de um estudante da unidade de São Cristóvão (Zona Norte). "A greve foi o último recurso que restou aos professores e demonstra que há preocupação deles pela qualidade do ensino dos nossos filhos. Ter professor nas salas é o mínimo que deve ser oferecido", cobra.
FONTE: JORNAL DO BRASIL
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