Antonio Gramsci, escreveu em 1929 que a crise consiste exatamente no fato de que “o velho morre e o novo não consegue nascer". Constatava também que fruto dessa indefinição ocorria a perda de referências e valores morais por grande parte da sociedade. Na sua época histórica de análise, tais observações se revelaram nas grandes guerras mundiais, no fascismo e no nazismo.
O que vem acontecendo atualmente no mundo, guardadas as devidas especificidades e proporções, se apresenta da mesma forma, com cadáveres insepultos vagando pelos quatro cantos do planeta e sem nada ainda se apresente como a novidade que poderia enterrá-los e substituí-los.
Barach Obama, nos EUA, na sua campanha alentava a mudança. “Change” era o que dizia seu slogan, mas o que se verifica hoje é mesma prisão de idéias, piorada pelo crescimento do conservadorismo rastaquera e depravado do Tea Party.
Na Europa, a angústia e o desespero da juventude e dos migrantes, desencadeiam manifestações violentas, sem bandeiras e sem mensagens, não há nem referências culturais, não há mais beijos nas barricadas, nem apelos pelo amor livre.
No Oriente Médio e no Norte da África derrubam-se regimes autoritários e nos seus lugares o máximo de avanço que se antevê são juntas militares ou governos provisórios sem unidade e com características tribais. Chegarão longe se conseguirem obter regimes democráticos comparáveis aos do final do século XIX.
A OTAN, cumprindo determinações da ONU, com altíssimos custos, avançadíssima tecnologia e muitos mísseis e bombas, consegue aplicar a exclusão do espaço aéreo na Líbia e ajuda a derrubar o ditador Khadafi. A mesma ONU porém, não consegue nem garantir a distribuição de alimentos na Somália em situação de barbárie e submetida há longa data a constante genocídio.
Situações tão deprimentes e degeneradas, e com a mesma falta de referências e valores morais, demonstrada com a absolvição pela Câmara de Deputados da deputada do Distrito Federal, flagrada recebendo dinheiro de propina.
O que dá um certo alento é pensar que nas crises há algo que quer e necessita nascer e que o velho vai perdendo as forças para inibir esse nascimento.
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo. Críticas e sugestões: urbanopatto@hotmail.com
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