DAMASCO. Um dia depois de ativistas denunciarem a morte de pelo menos 31 civis em confronto com as forças de segurança do presidente Bashar al-Assad, o mais alto clérigo sunita da Síria, o grande mufti Ahmad Badreddine Hassoun, ameaçou retaliar os países ocidentais com ataques de homens-bomba contra Estados Unidos e Europa caso haja uma intervenção militar contra seu país.
- Eu digo a vocês todos na Europa, eu digo à América, nós enviaremos homens-bomba que estão nos seus países, se vocês bombardearem a Síria ou o Líbano. A partir de agora, será olho por olho e dente por dente - declarou Badreddine, forte aliado da elite alauíta encabeçada por Assad.
As declarações se seguiram a outra advertência, feita pelo ministro do Exterior da Síria, Walid al-Muallem, que acenou com "medidas duras" a quem reconhecer o recém-criado Conselho Nacional Sírio - visando à deposição do governo de Damasco.
- Não estamos interessados no que buscam e vamos adotar medidas duras contra qualquer país que reconheça esse conselho ilegítimo. Será que pode haver diálogo nacional com grupos armados matando por dinheiro? Será que é reforma mesmo o que querem? - questionou al-Muallem.
O tom hostil refletiu um dia de reveses diplomáticos ao governo Assad. O Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia ousou ao reconhecer a entidade opositora síria e a fechar a embaixada síria na Líbia. Em Luxemburgo, os ministros do Exterior da União Europeia elogiaram a criação do órgão como "um passo positivo".
Em Brasília, o chanceler Antonio Patriota destacou que os países do Conselho de Segurança das Nações Unidas ainda buscam um rumo.
- A colocação e o voto na semana passada não foram uma decisão sábia porque expuseram fraturas entre os membros do conselho em um momento em que é necessário se promover a convergência - disse Patriota, justificando a abstenção do Brasil na votação tentou condenar o país como uma manobra para evitar a polarização.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, 31 pessoas morreram em confrontos no domingo. Mas, entre as vítimas, havia 14 civis e 17 membros das forças de segurança - um indicativo de que o poder da oposição pode estar aumentando.
Colaborou: Mônica Tavares, de Brasília
FONTE: O GLOBO
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