“Querem estender o federalismo do Tratado de Lisboa em uma gestão intergovernamental pelo Conselho Europeu. Tal regime possibilitará transferir os imperativos dos mercados aos orçamentos nacionais sem legitimação adequada, usando ameaças e pressões para obrigar parlamentos esvaziados de poder a pôr em vigor acordos informais e sem transparência. Os chefes de governo transformarão o projeto europeu no seu oposto. A primeira democracia transnacional se tornará em um arranjo para exercer uma espécie de governo pós-democrático, particularmente eficaz por ser disfarçado.
Um pouco depois de 2008 entendi que o processo de expansão, integração e democratização não progride automaticamente por necessidade interna, é reversível. Pela primeira vez na história da União Européia, experimentamos de fato um desmantelamento da democracia. Eu não pensava que isso fosse possível. Se o projeto europeu falhar, quanto tempo levará para voltar ao status quo? Lembre-se da Revolução alemã de 1848( a Primavera dos Povos) quando fracassou, precisamos de cem anos para recuperar o mesmo grau de democracia de antes."
Jürgen Habermas, filósofo alemão. Um continente à deriva. Carta Capital, pág. 55. nº 677 de 21/12/2011.
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