Ministros se movem para não perder o cargo com a reforma de Dilma
Andréia Sadi, Catia Seabra
BRASÍLIA - A Esplanada dos Ministérios vive clima de apreensão no final do primeiro ano de governo com a iminência de substituições na equipe da presidente Dilma Rousseff a partir de janeiro.
Apelidada de TPM (Tensão Pré-Reforma Ministerial), a síndrome atinge pelo menos 10 dos 38 ministros, que suam para manter o status.
Segundo relatos ouvidos pela Folha, a principal fonte de insegurança está na falta de informação do Planalto sobre o futuro dos ministros.
"Não há sinal de fumaça: nem branca nem cor-de-rosa", brinca o ministro da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB). Sua pasta pode ser fundida com a do Trabalho, de Carlos Lupi (PDT).
Assessores do ministério já procuram emprego em outros gabinetes em Brasília.
O ministro Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos) decidiu ser cauteloso: desistiu do projeto de alugar um apartamento em Brasília antes da reforma. Hoje, ele mora num apart-hotel.
ESTRATÉGIAS
A ameaça de queda levou os ministros a montar estratégias de sobrevivência.
O chefe do de Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, recorreu aos governadores do PT.
Um deles perguntou objetivamente à presidente, em plena atividade pública, sobre o destino do ministro.
A também petista Luiza Bairros, da Igualdade Racial, reuniu a bancada na Câmara no começo de novembro para ressaltar a importância de preservar o ministério, que corre risco de fusão com a pasta de Direitos Humanos.
No encontro, ela atribuiu a proposta de extinção da pasta a "tendências conservadoras da sociedade".
FOGO AMIGO
Não são todos que conseguem buscar apoio nos partidos. Ana de Hollanda (Cultura) enfrenta oposição de petistas que, na terça, apresentarão uma carta com críticas a seu projeto para o Ecad, órgão que arrecada e distribui direitos autorais.
Ela foi orientada por assessores a procurar suporte na classe artística e apresentar uma agenda positiva.
No PMDB, a resistência dos correligionários se repete. Uma ala do partido na Câmara está insatisfeita com a nomeação do ministro do Turismo, Gastão Vieira.
Os congressistas afirmam que ele se comporta como um ministro que foi indicado por Dilma. Vieira reconhece o movimento no PMDB. "É chato, mas eu não me sinto ameaçado", afirma.
Alvo de acusações, Mário Negromonte (Cidades) perdeu respaldo do partido, o PP.
Enquanto ele busca uma saída honrosa, o partido já apresentou até o nome de um substituto ao Palácio do Planalto. De tão pressionado, ele chorou em público na semana passada.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário