Há algo terrivelmente familiar no rastro das chuvas que varrem o Rio de Janeiro e Minas Gerais, bem como na seca que devasta a Região Sul atualmente, sua previsibilidade.
Faz algum tempo que o Brasil enfrenta o aumento de ocorrência de desastres naturais, com um padrão de destruição e fatalidade sem precedentes.
Foi o Furacão Catarina que em 2004 deu o tom da mudança climática que estamos experimentando, quando, em Santa Catarina, destruiu 1.500 casas e fez milhares de desabrigados; em 2008, no mesmo estado, outra tempestade arrasou encostas, transbordou rios e deixou um saldo, segundo a Defesa Civil, de quase 80 mil desabrigados, uma centena de mortes, 19 desaparecimentos, e afetou a vida de 1,5 milhão de brasileiros.
Em janeiro de 2010, a mesma coisa pôde ser percebida no Rio de Janeiro, uma chuva varreu cidades inteiras em sua região serrana, como Teresópolis e Friburgo, com mais de mil mortos e desaparecidos e milhões de reais em prejuízo econômico para empresas e famílias.
A resposta do governo federal foi a omissão, pois desde o governo Lula vem anunciando planos mirabolantes para “prevenção de tragédias”, para consumo meramente propagandístico, e absolutamente nada foi feito ou teve consequências práticas.
Como denunciou o secretário demissionário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Antônio Barreto de Castro, quando admitiu que o governo federal falou mais do que fez e poderia ter evitado a tragédia de 2010.
Um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que somente 13% dos recursos gastos pelo governo federal em ações da Defesa Civil foram investidos na prevenção de desastres naturais, como deslizamentos de terra, enchentes e seca, no período de 2006 a 2011.
Quando confrontado com as necessidades reais do povo brasileiro, o governo do PT só o trata bem em sua farta propaganda.
Os pequenos “apagões” diários de energia elétrica que transtornam a vida dos cidadãos, nas mais diversas regiões do país, a total ausência de uma efetiva política de combate ao dengue, por exemplo, as questões que envolvem o risco direto de vidas preciosas, como um sistema integrado de monitoramento de catástrofes provenientes das chuvas em nossas cidades, que a cada ano, quase na mesma época, infelicitam tantas famílias, somadas a uma precária infraestrutura urbana, explicam o que assistimos nos últimos dias no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
E, mais uma vez, a velha pantomima da presidente Dilma se repete, reuniu ministros, muitos dos quais, como ela, estavam em férias, para providenciar planos que já deveriam ter sido executados.
Nos falta um governo que previna, que planeje e que respeite seu povo.
Assistimos pasmos ao resultado de quase dez anos de gestão Lulo-petista que sempre buscou se notabilizar por sua excelência, e na propaganda isso beira a perfeição, mas o que temos efetivamente é a velha cantilena das tragédias anunciadas.
Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS
FONTE: BRASIL ECONÔMICO
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